J. Bras. Nefrol. 2004;26(3 suppl. 2):9-11.

ORAL – Glomerulopatias

Glomerulopatias

AO-019

A EXPRESSAO DE ANGIOTENSINA II (ANG II) E DO RECEPTOR AT1 (RAT1) ESTA AUMENTADA EM INTERSTICIO RENAL DE PACIENTES COM GLOMERULOPATIAS IDIOPATICAS. A EXPRESSAO DE ANGIOTENSINA II (ANG II) E DO RECEPTOR AT1 (AT1R) ESTA AUMENTADA EM INTERSTICIO RENAL DE PACIENTES COM GLOMERULOPATIAS IDIOPATICAS

BAHIENSE, M.; MATTAR, A. L.; BARROS, R. T.; ZATZ, R.; MALHEIROS, D.; WORONIK, V.

NEFROLOGIA, UNIVERSIDADE DE SAO PAULO, SAO PAULO-SP.

Objetivo: Apesar do bloqueio do sistema renina angiotensina (SRA) ser a terapêutica de escolha para nefropatias proteinúricas, poucos estudos têm se dedicado à descriçao da ativaçao local desse sistema em pacientes com glomerulopatias e sua correlaçao com proteinúria (PTU) e fibrose intersticial (FIB). Métodos:foram estudados 11 pacientes com GN Membranosa, 8 com GESF, 4 com GNMP (agrupados em GN), 7 com Lesoes Mínimas (LM) e 11 biópsias de doadores (controles). A marcaçao para ang II e AT1R foi realizada por imuno-histoquímica. A quantificaçao da ang II e AT1R foi realizada por contagem de células marcadas/área. A FIB foi estimada por área (Masson). Estatística: teste de Mann-Whitney e correlaçao de Spearman. Resultados: A média de idade dos pacientes foi 38,2±14,6 anos e dos controles 36,5±8,9 anos. Nos pacientes a PTU média foi 9,3±7,3g/dia e a creatinina média 1,4±0,5mg/dl. A expressao de ang II em GN, LM e controles foi de 142,3±14,3, 110,7± 34,5 e 64,5±12,1 céls/mm2, respectivamente (p<0,05 comparados aos controles). A expressao intersticial (INT) de ang II em GN foi maior do que nos controles (63,5±16 e 7,2±12,1 céls./mm2, p=0,006). Nao houve correlaçao entre expressao de ang II e PTU. A expressao INT do RAT1 em GN (41,5±7,6 céls/mm2) foi mais elevada do que em LM (16,0±2,9céls/mm2, p=0,007) e controles (5,0±4,3céls/mm2, p=0,0003). No grupo GN houve correlaçao positivaentre a quantificaçao de RAT1 INT e PTU (r=0,7, p=0,0021). No grupo LM houve correlaçao negativa entre RAT1 INT e PTU (r=-0,85, p=0,0238). Nao houve correlaçao entre expressao de ang II e RAT1 e quantificaçao de FIB. Conclusoes: A expressao INT de ang II e AT1R está aumentada em tecido renal de pacientes com glomerulopatias idiopáticas, sugerindo ativaçao local do SRA. A discrepância entre a correlaçao de PTU e RAT1 INT entre GN e LM pode significar fisiopatologias diferentes na ativaçao do SRA e precisa ser confirmada por outros estudos.


AO-020

EXCREÇAO URINARIA DA PROTEINA QUIMIOTATICA DE MACROFAGOS (MCP-1) EM GLOMERULOPATIAS PRIMARIAS

VIEIRA JUNIOR, J. M. ;CALLAS, S.; DOMINGUEZ, W.; BARROS, R. T.; WORONIK, V.

DISCIPLINA DE NEFROLOGIA, HOSPITAL DAS CLINICAS DA FMUSP.

Introduçao: Em glomerulopatias a proteinúria elevada e persistente parece estar relacionada com a ativaçao tubular do NF kappa-B e a produçao de quimiocinas como o MCP-1. O objetivo deste estudo foi avaliar a excreçao urinária do MCP-1, correlacionando seus níveis com os diferentes graus de proteinúria, funçao renal e fibrose intersticial em glomerulopatias primárias confirmadas por biópsia e com funçao renal preservada e estável. Métodos: Pacientes (N=28) com Creat < 3,0 mg/dl tiveram a urina da manha coletada e centrifugada para análise do MCP-1 através de ELISA (Quantikine, R&D Systems). Foram avaliados: creatinina e albumina séricas, proteinúria de 24h, colesterol, proteína C reativa (PCR) e grau de fibrose intersticial. Critérios de exclusao: uso de imunossupressores e/ou citostáticos nos 6 meses anteriores. Voluntários sadios (N=8) foram usados como controles da excreçao urinária de MCP-1. Os resultados sao expressos como média ± EP ou porcentagem. Teste Mann- Whitney e regressao linear foram utilizados para análise estatística. Resultados: A idade dos 28 pacientes foi de 40 ± 2 anos (relaçao M/F 1:2), comparada à 35 ±2 dos controles (M/F 1;3). Os diagnósticos foram: GNM (12), GESF (7), GNMP (3), IgA (3) e Lesao Mínima (2). A proteinúria dos pacientes foi 4,38 ±0,64 g/dia. A creatinina média foi 1,34 ±0,10 mg/dL. A maioria dos pacientes avaliados recebiam IECA e/ou boqueadores AT1 (25/28). Apenas 8 dos 28 pacientes recebiam estatina. O valor do MCP-1 urinário nos pacientes foi maior do que nos controles (650,8 ± 97,3 vs. 168,4 ±36,2 pg/mg Creat, P<0, 0001). Os níveis de creatinina nao se correlacionaram com a excreçao de MCP-1, mas o grau de proteinúria se correlacionou positivamente com o MCP-1 urinário (r2= 0,47 P<0,001). Nao houve correlaçao entre os valores da PCR e a excreçao de MCP-1. Conclusao: A despeito do bloqueio ambulatorial da angiotensina II, a excreçao urinária do MCP-1 está aumentada e correlaciona-se com o grau de proteinúria em glomerulopatias primárias. Isto pode explicar a correlaçao entre o grau de proteinúria residual e o prognóstico a longo prazo da funçao renal.


AO-021

TRATAMENTO DA GLOMERULOESCLEROSE SEGMENTAR E FOCAL(GESF) PRIMARIA EM PACIENTES ADULTOS RESISTENTES AO USO DE CORTICOSTEROIDES

MORALES, J. V.; BARROS, E. G.; VERONESE, F.

PROGRAMA DE POS-GRADUAÇAO EM CIENCIAS MÉDICAS – NEFROLOGIA, UFGRS. SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HCPA, PORTO ALEGRE.

Introduçao: Os pacientes adultos com GESF primária podem ter resposta em 40 a 60% dos casos após 4 a 6 meses de tratamento com corticosteróides. Nos resistentes a esse esquema a opçao terapêutica é o uso de imunossupressores. Objetivos: Avaliar a resposta ao tratamento com ciclofosfamida e ciclosporina e a sobrevida renal dos pacientes resistentes ao tratamento com corticosteróides. Métodos: No período entre 1988 e 2004 avaliamos 83 pacientes portadores de GESF primária. Desses foram excluídos 8 pacientes (3 por remissao espontânea e 5 com seguimento inferior a 12m). Nos 75 pacientes selecionados, 31 (41%) foram resistentes ao tratamento com doses adequadas de corticosteróides. Nestes utilizamos inicialmente ciclofosfamida por 4 meses e nos que nao obtiveram resposta com essa droga usamos ciclosporina por 6 meses continuando o seu uso apenas nos pacientes que obtiveram resposta nesse período. Resultados: Idade: 27 ± 12 anos; sexo masc: 15 (48%); caucasóides: 27 (87%); PA > 130/90mmHg: 12 (39%); Pr24h: (mediana: 11,2g; IIQ 6,9-15,0g); creatinina sérica: 1,7 ± 0,47mg/dl. Na microscopia ótica: 27 (87%) tinham GESF “clássica” e 4 (13%) tinham “variante celular”. No período de observaçao 19 pacientes (61,3%) atingiram os desfechos (18 hemodiálise e 1 óbito) e 12 estao em seguimento. Quatro pacientes (13%) obtiveram resposta com o uso de ciclofosfamida e nos 27 ainda resistentes utilizamos ciclosporina obtendo resposta em 6 (22%) pacientes. A sobrevida renal foi de 40 e 20% aos 5 e 10 anos. A última creatinina nos 12 pacientes em seguimento foi: Normal em 8 e > 1,2mg% em 4 pacientes. Nesses, os níveis da P24h foram: até 0,3g em 3 pacientes; 0,31g a 3,5g em 4 e > 3,5g em 5 casos. Conclusoes: Em 32% dos pacientes com GESF primária e síndrome nefrótica, resistentes a corticoterapia, obtivemos remissao parcial ou total da proteinúria com a utilizaçao de esquema imunossupressor alternativo (ciclofosfamida ou ciclosporina). A pequena sobrevida renal nao invalida a alternativa terapêutica utilizada.


AO-022

USO DA CICLOSPORINA NAS GLOMERULOPATIAS PRIMARIAS CORTICO-RESISTENTES

SILVA JUNIOR, G. B.; BARROS, F. A. S.; OLIVEIRA, C. M. C.; KUBRUSLY, M.; FERNANDES, P. F. C. B. C.

HOSPITAL UNIVERSITARIO WALTER CANTIDIO, DEPARTAMENTO DE MEDICINA CLINICA, FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA. FORTALEZA, CEARA, BRASIL.

Introduçao: O tratamento de escolha das doenças glomerulares primárias é feito com o uso de corticóides. Os estudos sobre os efeitos da Ciclosporina nos casos de glomerulopatias córtico-resistentes sao escassos. Métodos: Foram estudados 17 pacientes portadores de glomerulopatias primárias tratados com Ciclosporina (CsA), após tratamento prévio com corticóide (Prednisona) ou imunossupressor (Ciclofosfamida) sem resposta terapêutica adequada. Resposta inadequada foi considerada como persistência de proteinúria nefrótica (>3,5g/24h) e parcial como proteinúria nao-nefrótica. Resultados: A idade dos pacientes variou de 2 a 43 anos (média: 20 ± 13), sendo 56,2% do sexo masculino. O diagnóstico foi de glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) em 11 casos (64,6%), doença por lesao mínima, glomerulonefrite mesangial e glomerulonefrite membranosa em 2 casos cada (11,8%). Os exames antes do tratamento mostraram: proteinúria de 3.736 ± 2.919mg/24h, proteínas totais de 4,3 ± 1,2g/dL, albumina de 2,1 ± 1,1g/dL e creatinina de 0,8 ± 0,4mg/dL. O primeiro tratamento foi feito com Prednisona, por no mínimo 5 meses. Nenhum paciente respondeu a este tratamento. Ciclofosfamida foi instituída, em pulsoterapia, para 3 pacientes (18,7%), também sem resposta adequada. O tratamento com CsA foi utilizado, na dose de 3 a 5mg/Kg/dia, com boa resposta terapêutica em 8 casos (47%). Resposta parcial foi observada em 6 casos (35%). Três pacientes (18%) nao responderam ao tratamento com CsA. Os níveis séricos de creatinina antes e depois do tratamento com CsA foram de 1,2 ± 1,4mg/dL e 1,3 ± 0,7mg/dL, respectivamente. Os níveis médios de proteinúria antes e depois do uso de CsA foram de 3026mg/24hs e 1194mg/24hs, respectivamente. Houve diferença significativa entre estes níveis de proteinúria (p<0,001). Os três pacientes que nao responderam ao tratamento com CsA evoluíram para insuficiência renal crônica terminal. Nefrotoxicidade pela CsA foi observada em 2 casos (11%), com necessidade de suspensao da droga. Conclusao: A Ciclosporina mostrou ser uma boa opçao terapêutica para o tratamento das glomerulopatias primárias que nao respondem ao uso de corticóides. Estudos randomizados controlados sao necessários para estabelecer uma melhor evidência.


AO-023

NIVEIS DE C2 DE CICLOSPORINA-A PARA INDUÇAO DE REMISSAO E MANUTENÇAO EM SINDROME NEFROTICA ESTEROIDE DEPENDENTE

GUSTAVO FERNANDES FERREIRA, LILIAN MONTEIRO PEREIRA, DAISA S.R. DAVID, DAVID MACHADO, CHRISTIANO COCCUZA E ELIAS DAVID-NETO

SERVIÇO DE NEFROLOGIA, DIALISE E TRANSPLANTE RENAL – HOSPITAL SIRIO-LIBANES – SAO PAULO.

CsA tem sido usada para síndrome nefrótica (SN) dependente de esteróides. Pouco se sabe sobre os níveis necessários para induçao e manutençao de remissao. 17 pacientes (11H/6M) com idade de 26±16 anos receberam CsA para tratamento de Lesoes Mínimas (η=7), GESF (η=4), GN Membranosa (η=4), Outras (η=2). Inicialmente, 13 pacientes apresentaram remissao completa (prot < 300mg/dia), 3 remissao parcial (prot < 3 grs/dia) em uma mediana de 45 dias (17-112) após o início de CsA, e 1 manteve-se em SN. A dose inicial de CsA foi de 4.36±0.94 mg/k/d. O nível de C2 que induziu remissao foi de 822±375 ng/ml. Reduçoes do nível de C2 ao máximo foram tentadas com intuito de manter os pacientes na menor exposiçao possível. 12 pacientes apresentaram 16 episódios de recidiva de SN durante o período de estudo. No momento da recidiva o nível de C2 foi de 596±180 ng/ml e estatisticamente diferente do nível na remissao (p=0.058). Após uma mediana de seguimento de 36 meses (24-78), 9 pacientes permanecem em remissao completa, 5 em parcial, 1 em SN, 1 iniciou diálise e uma perda de seguimento. O nível médio de C2 foi de 663±225ng/ml. Nos pacientes com remissao completa no último seguimento o C2 nao foi diferente do daqueles com remissao parcial (618±174 vs 773 ±86 ng/ml, respectivamente. A depuraçao SCr (Cockroft- Gault) no último seguimento, embora normal (87±25ml/min), foi menor do que a do início da CsA (103±30ml/min, p=0.005) com uma mediana de queda de 14% (1-23). Este é o primeiro relato de níveis de C2 em SN da literatura. Os dados indicam que níveis médios de 822±375 ng/ml sao suficientes para induzir remissao em pacientes com SN esteróide dependente e níveis > 600 ng/ml sao provavelmente necessários para a manutençao da remissao. Nesta faixa terapêutica, CsA induz o controle de SN causando discreta nefrotoxicidade clinicamente insignificante.


AO-024

EVOLUÇAO CLINICA E LABORATORIAL DA SINDROME DE ALPORT NA INFANCIA E ADOLESCENCIA

BELANGERO, V. M. S.; RIGATTO, S. Z.; BRITTO, A. C. G.; PRATES, L. C.; ALVES, M. A. R.

FCM – UNICAMP.

Introduçao: A evoluçao da Síndrome de Alport durante a infância e adolescência é pouco relatada em nosso meio. Desta forma o objetivo deste estudo é apresentar dados clínicos e laboratoriais desta série de casos com longo tempo de acompanhamento. Material e Métodos: revisao de dados clínicos e laboratoriais dos prontuários de todos os pacientes com idade inicial de acompanhamento menor de 18 anos e com diagnóstico confirmado de S. Alport por biópsia com microscopia eletrônica. Resultados:foram acompanhados 22 pacientes com idade inicial de 7 ± 6.5 anos, com tempo médio de acompanhamento de 8 ± 8 anos. A queixa mais frequente foi de hematúria macroscópica com antecedente familiar de Insuficiência Renal Crônica (IRC), seguido da de hematúria microscópica e antecedente de familiar de hematúria. Todos os casos tiveram evoluçao pôndero-estatural dentro do canal de crescimento. Hipertensao arterial e anemia somente foram detectadas nos casos com evoluçao para IRC terminal e após a sua instalaçao. Audiometria anormal foi encontrada ao longo do tempo em 09/22 casos sendo que todos evoluiram para IRC. A idade média do aparecimento da audiometria anormal foi de 10 ± 4 anos. O tamanho renal avaliado pela ultrassonografia esteve dentro dos parâmetros da normalidade até a fase terminal da IRC. Proteinúria de nível nefrótico surgiu entre 8 e 12 anos de idade e somente nos casos com evoluçao para IRC. A média do clearance de creatinina nas faixas etárias de 4 a < 8; 8 a <12; 12 a <16 e com >= 16 anos foram respectivamente de 123.0; 107.1; 84.8 e 69.7 ml/min/1.73 m2 . A idade média de evoluçao para IRC classe IV foi de 15 ± 4 anos. Audiomentria anormal, hematúria macroscópica e aparecimento de proteinúria nefrótica foram associados a evoluçao para IRC (p=0.002). Conclusoes: Para o diagnóstico da S. Alport na infância deve-se salientar a importância dos antecedentes familiares de IRC e hematúria. Como a IRC terminal se desenvolve no final da adolescência o desenvolvimento pôndero-estatural é preservado. Hematúria macroscópica, perda auditiva do tipo neuro-sensorial e proteinúria nefrótica sao preditivos de evoluçao para IRC.


AO-025

AVALIAÇAO SERIADA DA PROTEINURIA ATRAVÉS DO INDICE PROTEINA/CREATININA(IPC) EM PACIENTES COM GLOMERULOPATIA PRIMARIA

ANTUNES, V. V. H.; BARROS, E. G.; VERONESE, F. J.; VACCARO, G.; MORALES, J. V.;

PROGRAMA DE POS-GRADUAÇAO EM CIENCIAS MÉDICAS – NEFROLOGIA, UFRGS. SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HCPA, PORTO ALEGRE.

Introduçao: O IPC tem sido utilizado como método para estimar níveis de proteinúria de 24horas. Os diversos estudos publicados desde a década de 80 avaliaram a correlaçao ou a concordância entre os dois métodos através de estudos transversais e em vários tipos de nefropatias. Objetivo: Avaliar o desempenho longitudinal do IPC em comparaçao com a proteinúria de 24 horas (P24h) em pacientes com glomerulopatia primária, observados por um período de até 12 meses.

Pacientes e Métodos: Coletamos urina para medida da P24h e do IPC a cada 30 dias e durante 6 meses em 41 pacientes adultos com as seguintes glomerulopatias: Glomeruloesclerose segmentar e focal (η=27), GN membranosa (η=8), GN IgA (η=3), GN membranoproliferativa (ηh=2), alteraçoes mínimas (η=1).A correlaçao entre os dois métodos em cada período de coleta foi avaliada pelo coeficiente de correlaçao de Pearson. Utilizamos análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas – “General Linear Model” – onde foi testado se o fator “período de mediçao” tinha influência nas médias entre as duas variáveis. Também avaliamos a concordância dos métodos pelo método de Bland e Altman. Resultados: Idade: 38 ± 17anos; sexo masculino 25 (61%); PA > 130/90 mmHg: 9 (22%); creatinina: 1,4 ± 0,7mg/dl. Observamos uma forte correlaçao positiva entre a P 24h e o IPC de 0,91, 0,90, 0,89, 0,91, 0,80, 0,94 nos 6 períodos analisados, respectivamente. As P24h e os IPC sao mostrados na tabela abaixo(média ± dp). Conclusoes: Houve uma forte correlaçao positiva ao longo dos períodos de observaçao entre a P24h e o IPC, demonstrando que o IPC é um método acurado para a monitorizaçao da evoluçao e resposta ao tratamento em pacientes com glomerulopatia primária.


AO-026

TRATAMENTO DA NEFRITE LUPICA PROLIFERATIVA: EXPERIENCIA DE 15 ANOS EM DOIS CENTROS UNIVERSITARIOS

CASTRO, W. P.; SILVEIRA, C. G.; SEELIG, D. C.; VERONESE, F. J.; GONÇALVES, L. F.; MORALES, J. V.

PROGRAMA DE POS-GRADUAÇAO EM CIENCIAS MÉDICAS – NEFROLOGIA, UFRGS. SERVIÇOS DE NEFROLOGIA DO HOSPITAL DE CLINICAS E DO COMPLEXO HOSPITALAR SANTA CASA, PORTO ALEGRE. FUNDAÇAO FACULDADE FEDERAL DE CIENCIAS MÉDICAS DE PORTO ALEGRE.

Introduçao: Os pacientes adultos com GESF primária podem ter resposta em 40 a 60% dos casos após 4 a 6 meses de tratamento com corticosteróides. Nos resistentes a esse esquema a opçao terapêutica é o uso de imunossupressores. Objetivos: Avaliar a resposta ao tratamento com ciclofosfamida e ciclosporina e a sobrevida renal dos pacientes resistentes ao tratamento com corticosteróides. Métodos: No período entre 1988 e 2004 avaliamos 83 pacientes portadores de GESF primária. Desses foram excluídos 8 pacientes (3 por remissao espontânea e 5 com seguimento inferior a 12m). Nos 75 pacientes selecionados, 31 (41%) foram resistentes ao tratamento com doses adequadas de corticosteróides. Nestes utilizamos inicialmente ciclofosfamida por 4 meses e nos que nao obtiveram resposta com essa droga usamos ciclosporina por 6 meses continuando o seu uso apenas nos pacientes que obtiveram resposta nesse período. Resultados: Idade: 27 ± 12 anos; sexo masc: 15 (48%); caucasóides: 27 (87%); PA > 130/90mmHg: 12 (39%); Pr24h: (mediana: 11,2g; IIQ 6,9-15,0g); creatinina sérica: 1,7 ± 0,47mg/dl. Na microscopia ótica: 27 (87%) tinham GESF “clássica” e 4 (13%) tinham “variante celular”. No período de observaçao 19 pacientes (61,3%) atingiram os desfechos (18 hemodiálise e 1 óbito) e 12 estao em seguimento. Quatro pacientes (13%) obtiveram resposta com o uso de ciclofosfamida e nos 27 ainda resistentes utilizamos ciclosporina obtendo resposta em 6 (22%) pacientes. A sobrevida renal foi de 40 e 20% aos 5 e 10 anos. A última creatinina nos 12 pacientes em seguimento foi: Normal em 8 e > 1,2mg% em 4 pacientes. Nesses, os níveis da P24h foram: até 0,3g em 3 pacientes; 0,31g a 3,5g em 4 e > 3,5g em 5 casos. Conclusoes: Em 32% dos pacientes com GESF primária e síndrome nefrótica, resistentes a corticoterapia, obtivemos remissao parcial ou total da proteinúria com a utilizaçao de esquema imunossupressor alternativo (ciclofosfamida ou ciclosporina). A pequena sobrevida renal nao invalida a alternativa terapêutica utilizada.


AO-027

VALOR DIAGNOSTICO DO ANTICORPO ANTI-NUCLEOSSOMA NA ATIVIDADE DO LUPUS ERITEMATOSO SISTEMICO: ESTUDO PROSPECTIVO COMPARADO COM O ANTI-DSDNA

ADRIANZÉN, O. A. G. ;KOUTOUZOV, S.; MOTA, R. M. S.; MEDEIROS, M. M. C.; BACH, J. F.; CAMPOS, H. H.

HOSPITAL UNIVERSITARIO WALTER CANTIDIO, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA. FORTALEZA, CEARA, BRASIL.

Introduçao: Estudos recentes em animais e pacientes têm demonstrado o papel central do nucleossoma como o auto-antígeno gerador do repertório de anticorpos antinucleares, trazendo à tona novos conhecimentos sobre a fisiopatogenia do Lupus Eritematoso Sistêmico (LES). A formaçao de anticorpos anti-nucleossoma específicos, precedendo o aparecimento dos anticorpos anti-dsDNA e anti-histona, demonstra que a quebra de tolerância à unidade fundamental da cromatina nuclear constitui-se no elemento-chave da resposta inicial do LES. O objetivo deste estudo foi determinar prospectivamente o valor diagnóstico do anticorpo anti-nucleossoma, comparando-o com o anti-dsDNA, na avaliaçao da atividade clínica do LES. Métodos: Foi realizado estudo prospectivo com 87 pacientes portadores de LES durante doze meses. Em cada consulta mensal, a atividade da doença foi avaliada pelos sistemas LAAC (“Lupus Activity Criteria Count”) e SLEDAI (“Systemic Lupus Erythematosus Disease Activity Index”). Simultaneamente, foram colhidas amostras de sangue para exames laboratoriais: dosagem de anticorpos antinucleossoma, anti-dsDNA, C3, C4, FAN, sumário de urina, uréia, creatinina, proteinúria de 24h, albumina sérica e hemograma completo. Resultados: Constatou-se idade média de 33,1 anos e tempo médio de doença de 60,7 meses; 96,6% dos pacientes era do sexo feminino, dos quais 34,5%, de cor branca. Aproximadamente metade dos pacientes apresentava nefrite lúpica (49,4%) e atividade lúpica (50,6%) na primeira consulta. Durante o acompanhamento clinico, a atividade da doença foi reduzida de 50,6 para 29,1%. A prevalência do anticorpo anti-nucleossoma e anti-dsDNA variou de 40 a 58,6% e 10,9 a 21,8%, respectivamente. A sensibilidade do anti-nucleossoma e do antidsDNA variou de 72,7 a 100% e de 31,4 a 54,8%, respectivamente. A especificidade do anti-nucleossoma e anti-dsDNA variou de 66,7 a 83,8% e de 88,7 a 100%, respectivamente. Conclusao: Na avaliaçao da atividade do LES, o anticorpo anti-nucleossoma apresentou sensibilidade superior quando comparado com o anti-dsDNA. Portanto, a reatividade do anticorpo anti-nucleossoma revelou-se útil marcador sorológico para o diagnóstico e avaliaçao da atividade do LES.

ORAL – Glomerulopatias

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