J. Bras. Nefrol. 2014;36(3 suppl. 1):123-58.

Temas Livres Pôsters – Nefrologia Clínica

TLP: 333

Neurotoxicidade por carambola em paciente SEM insuficiência renal crônica: relato de caso

Autor(es): Bruna Hahn Rosso; Natália mansur Pimentel Figueiredo ; Daniela Mendes Oliveira

Hospital Universitário São José

INTRODUÇÃO: a carambola, fruta popular em países tropicais, tem relação de nefrotoxicidade e neurotoxicidade bem estabelecida em pessoas com insuficiência renal crônica, porém ainda pouco referida em pessoas com função renal normal. A recente descoberta da neurotoxina Caramboxin ajudou a explicar a toxicidade neural responsável por índices de mortalidade tão altos quanto 20-40%. Pela escassez de relatos de casos essa condição potencialmente fatal pode ser facilmente despercebida. Caso clínico: paciente do sexo feminino, 87 anos, sem comorbidades. Após 18 horas de ingesta excessiva de carambolas (mais de 10 unidades), evoluiu com mal estar, soluços, náuseas, vômitos recorrentes e prostração. Exames iniciais mostraram função renal normal (creatinina 0,8 mg/dL, uréia 26 mg/dL) e leucocitose sem desvio. Progrediu após 4 dias com rebaixamento importante do nível de consciência e crises mioclônicas reentrantes com necessidade de suporte intensivo invasivo. Novo quadro laboratorial destacou piora discreta da função renal (creat 1,1 mg/dL e ur 67 mg/dL). A paciente foi hidantoinizada, permanecendo em estado comatoso não induzido. Exame neurológico clínico e imagens de tomografias seriadas sem alterações infeciosas ou vasculares. Apresentou piora progressiva da função renal (creat 3,2 mg/dL e ur 118 mg/dL) e hipercalemia (k 7,4 mg/dL) sem critérios infecciosos sistêmicos. Indicado hemodiálise após aventada possibilidade de intoxicação por carambola, porém não realizada em tempo hábil para evitar o óbito.
DISCUSSÃO: este caso ilustra a dificuldade de se identificar a intoxicação pela carambola em paciente não nefropata, a gravidade dos sintomas e as dúvidas ainda existentes com relação ao melhor tratamento. O mais importante é alertar sobre a periculosidade da ingesta da carambola mesmo nos pacientes não sabidamente nefropatas crônicos, destacando a característica das manifestações nefrotóxicas não serem tão imediatas quanto aquelas neurológicas nesses pacientes, além da possibilidade de reversão da neurotoxicidade se tratamento imediato. Enfatiza-se a necessidade de atenção aos detalhes de uma boa anamnese como possível modificador da evolução clínica de doenças ainda pouco estabelecidas e somado a isso a importância de estímulos a publicação de casos clínicos como este buscando evitar novas mortes.


TLP: 334

Acidose tubular renal distal e nefrocalcinose na síndrome de Simpson-Golabi-Behmel

Autor(es): Mônica Caroline de Nazaré Buainain Rossy; Bárbara Loures Peralva; Tamara da Silva Cunha; Juan Felipe Ocampo ; Priscilla Cardim Fernandes; Bruna Mendes de Carvalho; Carlos Perez Gomes

Hospital Universitário Clementino Fraga Filho

INTRODUÇÃO A síndrome de Simpson-Golabi-Behmel (SSGB) é uma rara alteração genética com transmissão ligada ao X, caracterizada por mutação com perda de função no gene Glypican-3 (GPC3), que atua nas vias de sinalização do crescimento celular. Essa mutação se traduz clinicamente por gigantismo pré e pós-natal, dismorfismos faciais, macroglossia, fenda palatina, doença cardíaca congênita, polidactilia e predisposição a tumores embrionários. Dentre as anomalias renais mais frequentes destacam-se nefromegalia e rins displásicos. A seguir, descrevemos um caso de SSGB associado à acidose tubular renal distal com litíase e nefrocalcinose.
DESCRIÇÃO DO CASO Paciente masculino, 27 anos, branco, portador de SSGB, encaminhado para Nefrologia para investigação de hematuria microscópica associada à litíase renal, nictúria, além de cistos renais bilaterais à tomografia computadorizada. Ecocardiograma com movimento paradoxal do septo interventricular. Função glomerular preservada (TFGe 119ml/min/m2). HCO3 sérico 27,7mEq/l. Urina EAS com densidade 1010; pH 6,0; ptn +/4+; Hb presente, hemácias não-dismórficas incontáveis. Proteinúria 260mg/24h. Citratúria 71mg/24h. Realizamos os seguintes testes funcionais tubulares: osmolalidade urinaria pós-restrição hídrica de 12h (ponto de congelamento) 476mOsm/Kg/H2O; Prova de acidificação urinaria (protocolo com furosemida e fludrocortisona) com curva horaria de pH urinário: 6,01; 5,84; 5,07; 5,40; 5,60; amônio urinário basal 4h após: 22,1-44,7_Eq/min/1,73m2; acidez titulável basal e 4h após: 18,6-23,4_Eq/min/1,73m2. FEHCO_<1%. PCO2 urinário-PCO2 sérico 22mmHg.
DISCUSSÃO Os resultados são compatíveis com acidose tubular renal distal (ATR) tipo 1 incompleta (forma secretora) associada a hipocitraturia, hipercalciuria, nefrocalcinose medular e litíase renal bilateral e diminuição da capacidade de concentração urinaria. Este é o primeiro caso descrito na literatura de ATR tipo1 como manifestação renal na SSGB.


TLP: 335

Perfil dos RNA mensageiros associados ao podócito na Nefrite Lúpica e sua correlação com a imunopatologia

Autor(es): Mariane dos Santos; Rafael Bringhenti; Patrícia Garcia Rodrigues; Jonathan Fraportti do Nascimento; Sane Viana Pereira; Odirlei André Monticielo; Andrese Aline Gasparin; Waldir Pedro de Castro; Francisco Veríssimo Veronese

Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Programa de Pós-Graduação em Medicina: Ciências Médicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brazil

INTRODUÇÃO: Na nefrite lúpica (NL), os depósitos de imuno-complexos induzem injúria podocitária, mas os mecanismos de lesão ainda não são claros. Neste estudo foi quantificada a expressão dos RNAm das proteínas associadas ao podócito em pacientes com NL ativa, em correlação com a imunopatologia.
MÉTODOS: Trinte e três pacientes com NL e 20 controles foram incluídos. Os pacientes foram agrupados pela gravidade da imunohistologia: leve (NL classes I e II) ou moderada a severa (NL classes III, IV e V). O RNAm da nefrina, podocina, podocalixina, Transient Receptor Potential Channel 6 (TRPC6), fator de crescimento derivado do endotélio (VEGF-A), fator de crescimento transformador beta (TGFß1) e de FOXP3, marcador das células T regulatórias, foram mensurados pela reação em cadeia da polimerase em tempo real no tecido renal e na urina. A expressão dos RNAm foi correlacionada com a imunopatologia, e com o fenótipo e densidade do infiltrado inflamatório intra-renal.
RESULTADOS: A expressão destes produtos subcelulares do podócito e dos fatores reguladores estava reduzida no tecido renal, e substancialmente aumentada na urina nos pacientes com NL comparado aos controles (p<0,05). No grupo classes III, IV e V, os RNAm urinários foram mais elevados em relação às classes I e II (p<0,05), mas no tecido não houve diferença entre os dois grupos. Nas formas proliferativas focal e difusa, o nível do RNAm de podocina, podocalixina e TGFß1 foi maior que nas demais classes histológicas agrupadas. Anefrina, podocina, podocalixina, TGFß1 e FOXP3 correlacionaram-se com o nível de proteinúria. As células T CD8+, células B CD20+ e macrófagos CD68+ dos compartimentos intra-glomerular e túbulo-intersticial correlacionaram-se positivamente com os RNAm urinários; no tecido houve correlação apenas das células T CD8+ com TGFß1 e FOXP3.
CONCLUSÕES: Os RNAm associados ao podócito estavam reduzidos no tecido renal, independentemente da classe histológica da NL, e aumentados na urina especificamente no grupo com lesões proliferativas e inflamatórias mais graves, indicando que a injúria podocitária induz podocitopenia intra-renal e podocitúria, respectivamente. Esses achados refletem os mecanismos imuno-mediados de injúria podocitária na NLativa.


TLP: 336

Obesidade mórbida, hiperinsulinemia e inflamação estãoassociados a injúria podocitária em indivíduos obesos

Autor(es): Francisco Veríssimo Veronese; Sane Vianna Pereira; Mariane dos Santos; Patrícia Garcia Rodrigues; Jonathan Fraportti do Nascimento; João Rodolfo Telo Timm; Rogério Friedman

Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Programa de Pós-Graduação em Medicina: Ciências Médicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil

INTRODUÇÃO: A obesidade está associada a lesão glomerular hemodinâmica e injúria podocitária. Este estudo correlacionou a expressão urinária dos RNA mensageiros (RNAm) associados ao podócito com diferentes graus de obesidade, síndrome metabólica e inflamação sistêmica.
MÉTODOS: Foram estudados 83 pacientes com obesidade ou sobrepeso sem doença renal prévia, e como controles 18 indivíduos saudáveis. A expressão do RNAm urinário da nefrina, podocina, podocalixina, alfa actinina-4, _3_1integrina, e dos fatores de crescimento derivado do endotélio (VEGF-A) e transformador beta (TGF_1) foi quantificada pela reação em cadeia da polimerase em tempo real. Os RNAm dos genes foram correlacionados com o índice de massa corporal (IMC), presença de síndrome metabólica, albuminúria e inflamação.
RESULTADOS: Os pacientes tinham sobrepeso (20,8%), obesidade grau I (11,9%), II (9,9%) ou III (39,6%). Obesos grau III tiveram maiores níveis de lipídios, glicemia, HbA1C, resistência insulínica e proteína C reativa (p<0,05), com critérios de síndrome metabólica em 70% (p=0,003 vs. demais grupos). Albuminúria acima de 30 mg/g creatinina foi observada em 14%, 8%, 10% e 23% dos pacientes com sobrepeso, obesidade grau I, II e III respectivamente (p=0,548). A expressão de todos os RNAm associados ao podócito variou com o IMC, sendo significativamente maior nos obesos grau III em relação aos controles e demais pacientes (p<0,05); pacientes com sobrepeso, obesidade grau I ou grau II, quando comparados aos controles, também tiveram maior expressão do RNAm de nefrina (p=0,021), alfa actinina-4 (p=0,014), _3_1integrina (p=0,036) e TGF_1(p=0,005). Maior grau de podocitúria também foi detectado nos pacientes hiperinsulinêmicos e naqueles com inflamação sistêmica.
CONCLUSÃO: A obesidade mórbida foi associada a maior grau de podocitúria mesmo quando a albuminúria era normal, sugerindo que a detecção dos produtos do podócito na urina pode indicar uma injúria podocitária precoce na obesidade grave. Hiperinsulinemia e inflamação sistêmica também se correlacionaram com maior grau de podocitúria.


TLP: 337

Correlação da proteinúria de 24 horas com a relaçãoproteína-creatinina em glomerulopatias. 

Autor(es): Epitácio R da Luz Neto; Simone C Lo; Alcino P Gama; Lecticia B Jorge; Luis Yu; Cristiane Bitencourt; Viktoria Woronik

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

INTRODUÇÃO: A proteinúria de 24 horas (PTU 24h) é utilizada no diagnóstico e seguimento de glomerulopatias, transplante renal, nefropatia diabética, entre outros, porém sua coleta é passível de erros durante o processo. A relação proteína-creatinina em amostra isolada de urina (P/C) é uma opção à proteinúria de 24 horas, devido à sua praticidade na coleta. Diversos trabalhos já foram publicados validando o seu uso em algumas doenças renais, porém, na nefrite lúpica e em pacientes com alteração da função renal, perde-se esta correlação. O objetivo deste trabalho é verificar se há correlação entre a proteinúria de 24h e a relação proteína-creatinina nos pacientes internados para investigação de glomerulopatia.
MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um estudo retrospectivo observacional, com 245 pacientes admitidos para investigação de glomerulopatias entre janeiro de 2012 a dezembro de 2013. Foram excluídos os que apresentavam PTU 24h menor que 1,5g e os que não tinham dados de relação proteína-creatinina do mesmo dia ou período próximo à PTU 24h, com 72 pacientes na análise final. Todos foram submetidos à biópsia renal para elucidação diagnóstica.
RESULTADOS: Dos 72 pacientes analisados, 18 tinham diagnóstico de lúpus eritematoso sistêmico e 54 de glomerulopatia não-lúpica. No grupo nefrite lúpica, a média de idade era de 32,2 +/- 11,8 anos; MDRD médio de 52,3 +/- 53,4; PTU 24h 3,68 +/- 1,92g; relação P/C média de 4,49 +/- 4,68 e albumina sérica média 2,65 +/- 0,62 mg/dl. No grupo das glomerulopatias não-lúpicas, a média de idade foi de 48,7 +/- 17,5 anos; MDRD médio de 47,5 +/- 42,8; PTU 24h 5,41 +/- 4,39 g; relação P/C média de 5,48 +/- 4,96 e albumina sérica de 2,83 +/- 0,91 mg/dl. Foi encontrada uma fraca correlação entre a PTU 24h e a P/C no grupo das glomerulopatias em geral (r 0,57 p<0,0001), da nefrite lúpica (r 0,53 p 0,02) e das glomerulopatias não-lúpicas (r 0,57 p<0,0001). Tal achado foi consistente também na análise dos subgrupos separados pela função renal.
DISCUSSÃO: Em nossa casuística, foi encontrada uma fraca correlação entre proteinúria de 24 horas e relação P/C nas glomerulopatias em geral, conforme já observado na literatura. Devido à facilidade de coleta, a relação P/C pode ser uma ferramenta útil na triagem e seguimento de pacientes com glomerulopatia primária, entretanto é preciso cautela na interpretação dos seus resultados devido a sua fraca correlação com a proteinúria de 24 horas.


TLP: 338

Glomerulonefrite associada ao C3: Uma nova perspectivapara uma antiga doença – Relato de caso e revisão daliteratura

Autor(es): João Paulo Lopes da Silva; Abrahão Salomão; Fernando Lucas Júnior; Stanley de Almeida Araújo; Kátia de Paula Farah; Eli Gesiel Rodrigues De Andrade Filho; Roberta Murta Campos; Carla Santos de Lima; Rafael Francisco Ferreira de Souza

Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais

INTRODUÇÃO: A glomerulonefrite membranoproliferativa (GNMP) até recentemente era classificada de acordo com os aspectos da microscopia de Luz (ML) e depósitos elétron-densos na microscopia eletrônica (ME) como primária tipo I, II e III ou secundária. 1,3 Os avanços no papel da via alternativa do complemento na patogênese da GNMP possibilitaram algumas descobertas na desregulação dessa via, trazendo uma nova proposta de reclassificação da doença. 3,4 Um novo subtipo, denominado glomerulonefrite associada ao C3 (GNC3), caracterizado por depósitos glomerulares de C3 na ausência de quantidades significativas de Imunoglobulina. 5,6
DESCRIÇÃO DO CASO Um jovem de 13 anos, sexo masculino, encaminhado para o ambulatório de nefrologia com proteinúria e hematúria microscópica isolados em exame para investigação de retardo de crescimento. Ao exame físico apresentava peso 32,5 Kg, estatura 136 cm, pressão arterial 100/75 mmHg, pulso 74 batimentos por minuto e afebril; Exames cardiopulmonar, abdominal, neurológico e osteoarticular sem alterações; Extremidades e eliminações fisiológicas sem anormalidades. Hemograma, eletrólitos, lipidograma e função renal normais. Urina rotina: proteínas ++/4+ e Hemoglobina +++/4+ sem outras alterações; Proteinúria de 24 horas 1,078 mg/24h; Níveis séricos de C3 no limite inferior da normalidade e C4 normais para valores de referências; Ultrassom de rins e vias urinárias sem alterações. Os achados da ML, imunofluorescência e ME foram compatíveis com Glomerulopatia Mesangioproliferativa associada ao complemento (C3 e C1q).
DISCUSSÃO: A Biopsia renal foi fundamental para a elucidação do caso. Descartadas causas secundárias de GNMP neste paciente, a GNC3 em que depósitos de C3 são encontrados na parede mesangial e capilar, podendo ser subendotelial ou subepitelial são compatíveis com os encontrados na ME. 7 O aumento da espessura da membrana basal glomerular, expansão mensagial e a ausência de depósitos na membrana basal tubular ou na cápsula de Bowman afastam a possibilidade de doença de depósito denso, o tipo II da GNMP. 6,8,9 Atualmente, nenhum fármaco específico está disponível. 9,10,11 Os dados disponíveis sobre GNC3 são muito limitados, biomarcadores e pesquisas genéticas são necessárias para delinear a fisiopatologia, o prognóstico da doença e desenvolver terapias eficazes. 8,10,11 No momento, o paciente segue em uso de Enalapril e Prednisona controlando os níveis de proteinúria e hematúria que estão diminuindo para valores normais.


TLP: 339

Amiloidose renal AL – Um relato de caso

Autor(es): Leandro Gusmão Cairo; Eduardo Gomes Mattar; Maria Luiza Custódio Soares; Bruce Henrique dos Santos; Carolina Araújo Pereira; Fernanda Silva Freire; Iane Mayrinck Magalhães Dutra; Juliete Murta Sales; Lílian Jordana de Melo; Sérgio Wyton Lima Pinto

Hospital São João de Deus – Divinópolis MG

RMM, 54 anos, masculino, natural de Passatempo-MG, trabalhador rural. Previamente hígido, iniciou quadro edematoso, perda ponderal e dores difusas pelo corpo há 5 meses. Foi internado para propedêutica e exames evidenciaram relação proteínas/creatinina: 17,48mg/g; creatinina 0,6 mg/dL e albumina 1,6 g/L. Investigação para outras glomerulopatias foi negativa. O paciente apresentava ascite volumosa e derrame pleural como consequência da síndrome nefrótica e desnutrição. Realizadas punções de alívio e os líquidos não sugeriram malignidade. Imunofixação de proteínas séricas mostrou pico monoclonal IgG kappa e lambda. Sorologias para doenças infecciosas negativas e complemento normal.
BIÓPSIA RENAL MOSTROU: Amiloidose renal com deposição glomerular e arterial (esclerose glomerular global: 4/10). Alterações degenerativas epiteliais tubulares com cilindros hialinos, focos de atrofia e fibrose intersticial discreta. Imunofluorescência consistente com amilóide AL. Paciente mantinha estabilidade hemodinâmica, dores em membros e desconforto respiratório, sendo necessário sucessivas paracenteses de alívio. Albumina chegou a 0,5 g/L, sem disfunção renal associada. Diurese reduziu-se progressivamente. Ecocardiografia evidenciou leve hiperfringência das paredes do VE, podendo este achado correlacionar-se com infiltração amilóide, com contratilidade normal. Mielograma foi normocelular com as três linhagens presentes e com maturação preservada, sem aumento do número de plasmócitos na amostra. Biópsia de medula óssea com sinais sugestivos de depósitos amilóides. Naquele momento, a proteinúria era o fator que levava a maior morbidade para o paciente. Ele encontrava-se em tratamento antiproteinúrico e sintomático. Iniciado Melfalano e Dexametasona para amiloidose primária. Evoluiu com melhora clínica e recebeu alta hospitalar, continuando o tratamento ambulatorialmente.
Após 1 mês procurou o hospital com piora do estado geral, anasarca, ascite tensa e restrição respiratória. Albumina 0,5 g/L, creatinina 1,2 mg/dL e proteinúria maciça. Após estabilização do quadro, iniciamos ciclosporina na tentativa de reduzir a proteinúria, “nefrectomia química”. Apesar das medidas, evoluiu com hipotensão e edema refratário. Após 5 dias de terapia apresentava creatinina de 2,0 mg/dL. Subitamente, desenvolveu quadro de edema pulmonar e parada cardiorrespiratória, não obtendo sucesso nas manobras de ressuscitação, evoluindo para óbito.


TLP: 340

Proteína Quimiotática de Monócitos-1 (MCP-1) urinárioassociado ao estresse oxidativo urinário, microalbuminúria e baciloscopia de pacientes com Hanseníase

Autor(es): Gdayllon Cavalcante Meneses; Geraldo Bezerra da Silva Júnior; Marcus Felipe Bezerra da Costa; Maria Araci Andrade Pontes; Alexandre Braga Libório; Elizabeth de Francesco Daher; Alice Maria Costa Martins

Universidade Federal do Ceará

INTRODUÇÃO: Lesões renais na hanseníase têm sido largamente descritas na literatura. Pacientes com hanseníase podem apresentar doença renal de etiologia glomerular (glomerulonefrites, amiloidose) ou tubulointerticial. O objetivo desse estudo foi avaliar alterações renais em pacientes com hanseníase utilizando marcadores tradicionais de função renal e a Proteína Quimiotática de Monócitos-1 (MCP-1) urinário.
MÉTODOS: Foi realizado estudo transversal e prospectivo de 44 pacientes com hanseníase em todas as formas clínicas, antes do início do tratamento, sem estado reacional e sem outras nefropatias. Os pacientes foram acompanhados em centros públicos de saúde em Fortaleza, Ceará, Brasil. Utilizou-se um grupo controle com 15 indivíduos sadios. Foi estimada a taxa de filtração glomerular (TFGe), proteinúria, microalbuminúria, fração de excreção de eletrólitos e o estresse oxidativo urinário (Malonaldeído (MDA) urinário). O MCP-1 urinário foi quantificado através de ELISA sanduíche. Todos os valores urinários foram normalizados pela creatinina urinária da mesma amostra. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará (No: 267. 426).
RESULTADOS: Não houve diferença significativa entre a idade, sexo, peso corporal e pressão arterial entre os grupos. A idade média dos pacientes foi de 36±10 anos, onde 61 % eram homens. O tempo médio de doença foi de 17 meses. Quanto à classificação: 14 pacientes (31,8%) eram do pólo tuberculóide (TT/DT), 19 (43,2%) eram dimorfos (DD) e 11 (25%) eram do pólo virchowiano (DV/VV). Nenhum paciente apresentou doença renal clínica. Contudo, em relação aos sadios os pacientes com hanseníase tiveram níveis elevados da proteinúria (97,6±69,2 vs 6,5±4,3 mg/g-Cr, p<0,001) do MDA urinário (1,77±1,31 vs 1,27±0,66 mmol/g-Cr, p=0,0372) e do MCP-1 urinário (101±79,8 vs 34,5±14,9 mg/g-Cr, p=0,006). O MCP-1 urinário esteve aumentado nos pacientes multibacilares em relação aos paucibacilares (122,1±91,9 vs 72±46,1 mg/g-Cr, p=0,023) e se correlacionou positivamente com a baciloscopia (r=0,104; p=0,035), com a albuminúria (r=0,171; p=0,006) e com o MDA urinário (r=0,205; p=0,002).
CONCLUSÕES: Em pacientes com hanseníase sem doença renal clínica, o MCP-1 urinário esteve aumentado, sobretudo no pólo virchowiano, e esteve associado com o estresse oxidativo urinário e albuminúria, sugerindo que esses pacientes podem apresentar maior fator de risco para o desenvolvimento de uma doença renal futura.


TLP: 341

Associação entre a Proteína Quimiotática de Monócitos-1 (MCP-1) urinário e microalbuminúria em pacientes comesquistossomose hepatoesplênica

Autor(es): Gdayllon Cavalcante Meneses Daniella Bezerra Duarte; Lucas Alexandre Vanderlei; Raianne Kívia de Azevêdo Bispo; Maria Eliete Pinheiro; Geraldo Bezerra da Silva Junior; Alice Maria Costa Martins; Elizabeth De Francesco Daher

Universidade Federal do Ceará, Universidade de Fortaleza, Universidade Federal de Alagoas

INTRODUÇÃO: O envolvimento renal na esquistossomose é raramente descrito, sendo caracterizado principalmente por alterações glomerulares. O objetivo deste estudo é investigar a associação entre a Proteína Quimiotática de Monócitos-1 (MCP-1) urinário e microalbuminúria em pacientes com esquistossomose.
MÉTODOS: Este é um estudo de coorte com 20 pacientes com esquistossomose hepatoesplênica (EH ) acompanhados em um centro médico de Maceió, Alagoas, Brasil. Os pacientes foram submetidos a um período de 12 horas de privação de comida e água para realização dos testes de concentração e acidificação urinária, utilizando o cloreto de cálcio ( CaCl2 ). Foi estimada a microalbuminúria e quantificado, através do ELISA, o MCP-1 urinário, bastante estudado como potencial novo biomarcador de lesão renal. O grupo EH foi comparado com um grupo de 17 voluntários saudáveis __(grupo de controle ).
RESULTADOS: A idade média e o gênero dos pacientes foram semelhantes aos do grupo controle. Houve defeitos de acidificação urinária em 9 pacientes EH (45 %). Osmolalidade urinária foi significativamente menor nos pacientes com EH ( 588 ± 112 vs 764 ± 165 mOsm / kg , p = 0,001) após a privação de água por 12h. Defeitos de concentração urinária foi encontrada em 85% dos pacientes EH . Os valores de MCP-1 foram significativamente maiores no grupo EH do que no grupo controle ( 122 ± 134 vs 40 ± 28pg/mg creatinina , p = 0,01 ) e se correlacionaram positivamente com os valores de microalbuminúria dos pacientes EH ( r = 0,86 , p < 0,001 ).
CONCLUSÕES: EH está associada com disfunção renal importante. As principais anormalidades encontradas foram disfunção dos mecanismos de concentração urinária e provável defeito de acidificação distal. MCP-1 urinário foi maior em EH e se correlacionou com a microalbuminúria, apresentando potencial utilidade como biomarcador de lesão glomerular na esquistossomose.


TLP: 342

Apresentação atípica do adenoma de paratireoide com hipercalcemia grave e fome óssea no pós-operatório: relato de caso

Autor(es): Maria Isabel Barreto de Farias Torres; Leila Guastapaglia; Luciano Silva Ramos; Bárbara Machado Magalhães; Rafaela Vale de Miranda; Ricardo Ayello Guerra

Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM)

INTRODUÇÃO Níveis de paratormônio (PTH) aumentados na vigência de hipercalcemia são fortemente sugestivos de hiperparatireoidismo primário (HPP). Adenoma de paratireoide é a causa de HPP em cerca de 80% dos casos; carcinomas são raros. Devido aos achados histológicos inespecíficos, eventualmente apenas a evolução com recidiva ou ocorrência de metástases, pode definir a malignidade. Após a paratireoidectomia, a queda abrupta dos níveis de PTH pode levar a hipocalcemia grave consequente à síndrome da fome óssea.
RELATO DE CASO Paciente de 55 anos, sexo feminino, admitida com queixa de mal estar, vômitos, confusão mental e crise convulsiva. Associado relatava nódulo cervical, dor em joelho e uso de anti-inflamatórios há um mês. Exames laboratoriais: PTH 1862pg/mL; cálcio total 16,3mg/dL; creatinina 6,3mg/dL; uréia 148mg/dL; potássio 2,7mmol/L. Ultrassonografia cervical com nódulo podendo representar adenoma ou carcinoma de paratireoide. Anatomopatológico da medula óssea com alterações nas traves ósseas podendo estar associadas a osteodistrofia renal. Realizado hidantalização, hidratação venosa, furosemida e pamidronato com necessidade de hemodiálise. Alta hospitalar com creatinina 1,4mg/dL. Reinterna 11 dias após com dor óssea e mal estar. Exames laboratoriais: cálcio 13,8mg/dL; creatinina 2mg/dL; uréia 89mg/dL. Realizado bifosfonato e paratireoidectomia. Anatomopatológico compatível com adenoma de paratireoide. Exames laboratoriais de controle: PTH<3 pg/mL;cálcio 9,4mg/dL;creatinina 1,6mg/dL. Alta hospitalar com carbonato de cálcio. Após 25 dias da alta, paciente retorna com queixa de mal estar e hipotensão sintomática. Exames laboratoriais evidenciaram hipocalcemia grave(cálcio 4,9mg/dL) e anemia(Hb 5,5g/dL). Alta hospitalar com hipocalcemia corrigida.
DISCUSSÃO O achado mais frequente na avaliação de um paciente portador de HPP é de hipercalcemia. Tumor palpável, cálcio superior a 14mg/dL, PTH superior a 500ng/L e alterações radiológicas ósseas apontam os casos suspeitos nos quais o quadro clínico é dramático em sua evolução e gravidade. A paratireoidectomia constitui o tratamento definitivo do HPP, entretanto, a queda abrupta dos níveis de PTH pode causar um desequilíbrio entre formação e reabsorção óssea podendo levar à fome óssea.
CONCLUSÃO O HPP deve ser reconhecido por se tratar de uma doença curável se diagnosticada em estádios iniciais.


TLP: 343

Avaliação tubuloglomerular em pacientes com leishmaniose visceral antes e após tratamento comantimonial pentavalente

Autor(es): Gdayllon Cavalcante Meneses; Michelle Jacintha Cavalcante Oliveira; Geraldo Bezerra da Silva Junior; Aline Sampaio; Bárbara Montenegro; Alice Maria Costa Martins; Alexandre Braga Libório; Elizabeth de Francesco Daher

Universidade Federal do Ceará, Universidade de Fortaleza, Hospital São José de Doenças Infecciosas

INTRODUÇÃO: A leishmaniose visceral (LV) é uma doença endêmica em países tropicais. A lesão renal é uma complicação importante da doença. O objetivo deste estudo é investigar anormalidades na função glomerular e tubular em pacientes com LV antes e após tratamento específico.
MÉTODOS: Este é um estudo prospectivo com 16 pacientes LV adultos antes do tratamento com antimonial pentavalente. Os teste de concentração e acidificação urinários foram realizados. Taxa de filtração glomerular estimada (TFGe), a fração de excreção de sódio (FENa), o gradiente transtubular de potássio ( TTKG ) e transporte de água livre de solutos (TcH2O) foram calculados. O MCP-1 (Proteína Quimiotática de Monócitos-1) urinário foi quantificado e os valores normalizados pelos níveis de creatinina urinária. O grupo LV pré-tratamento foi comparado com um grupo controle de 13 voluntários saudáveis __e 5 pacientes LV foram reavaliados após o tratamento. Aquaporin 2 (AQP2) também foi quantificada através do isolamento dos exossomas urinários.
RESULTADOS: defeito de concentração urinária foi encontrado em todos os pacientes LV (100 %) antes e em 4 (80%) após o tratamento. Defeito de acidificação urinária foi encontrado em 9 casos antes (56,2%) e 2 (40%) após o tratamento, considerando como disfunção pH urinário > 5,5 após administração do CaCl2. TFGe foi semelhante entre os grupos. A proteinúria foi significativamente maior nos pacientes com LV de pré-tratamento ( 250,6 ± 375,5 vs 83,7 ± 49. 2mg/24h , p = 0,022) e houve regressão importante após a reavaliação ( 268,1 ± 259,4 vs 113,3 ± 50,1 , p = 0,043). FENa foi maior no grupo LV. O TTKG e TCH2O não mostraram diferenças estatísticas significativas entre os grupos. A AQP2 também não teve diferença significativa entre os grupos (128 ± 88 VS. 100 ± 40, p = 0,41). Os níveis de MCP-1 urinários foram maiores entre os pacientes com LV do que nos controles ( 374 ± 359 vs 42 ± 29 mg / g de creatinina, p = 0,002).
CONCLUSÕES: pacientes com LV apresentaram disfunção na concentração e acidificação urinária que persistiu em alguns casos, após o tratamento específico. Eles também apresentaram proteinúria significativa, evidenciando lesão glomerular. A alta FENa sugere possível dano no túbulo proximal. O MCP-1 urinário esteve aumentado em pacientes com LV, mostrando potencial capacidade como biomarcador de disfunção renal em LV, apontando a ocorrência de inflamação renal subclínica.


TLP: 344

Insuficiência renal aguda prolongada em homem com nefrite lúpica

Autor(es): Juliana Daud; Lilian Cordeiro; Beatriz Seves de Holanda; Eduardo Jorge Duque de Sá Carneiro Filho; Priscila Melantônio; Rebeca de Araujo Rosa; Lectícia Jorge Barbosa; Denise A. C. Malheiros; Vicktoria Woronik; Rodrigo Bueno de Oliveira

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

Lúpus eritematoso (LE) é uma doença sistêmica de origem autoimune com períodos de atividade e remissão. Mulheres são mais acometidas, porém homens apresentam formas renais, cutâneas e neurológicas mais graves. Hormônios sexuais parecem ter influência determinante na fisiopatologia, explicando diferenças de incidência e curso evolutivo entre os gêneros. Apresentamos um caso de LE em homem com manifestações sistêmicas graves, incluindo insuficiência renal aguda prolongada, que apresentou resposta terapêutica surpreendente. Caso: A. O. N. , negro, 23 anos, há 30 dias da internação apresentou dor torácica inspiratória e epigastralgia, associado a lesões cutâneas em face e ombro, artralgia, edema e perda ponderal. Evoluiu com vômitos e redução da diurese. Na internação apresentava-se descorado, com lesões cutâneas sugestivas de vasculites em atividade e outras cicatriciais e áreas de alopécia. Ausculta pulmonar abolida à esquerda, com frêmito tóraco-vocal reduzido. Edema de membros inferiores 3+/4+. Exames complementares: urina tipo-I 208000 hemácias com dismorfismo,80000 leucócitos; proteinúria 6,5g/24h, albumina 1,6 g/dL; hemoglobina 11,6 g/dl; hematócrito 33,6%; creatinina 10 mg/dL; uréia 252 mg/dL; potássio 6,4 mEq/L; FAN 1:640 nuclear pontilhado grosso; FR 20,8 UI/ml; C3 67 mg/dL; C4 14,1mg/dL; AntiSM>200U/ml; Anti-DNAreagente; anti-cardiolipina IgG reagente. Iniciou imunossupressão por critério clínico e, posteriormente, biopsia renal que revelou: nefrite lúpica proliferativa difusa com predomínio de lesões ativas e globais com crescentes celulares (índice de atividade 16/cronicidade 0). Permaneceu em suporte dialítico por 10 semanas e recebeu tratamento específico para indução de remissão com altas doses de corticóide e ciclofosfamida, evoluindo com recuperação parcial da função renal.
DISCUSSÃO: Teorias que explicam pior curso evolutivo do LE em homem envolvem alterações do perfil genético, ausência do efeito protetor do estrógeno no rim (inibição do processo inflamatório, diminuição da apoptose celular) e superexpressão do Toll-like Receptor-7, aumentando a quantidade de interferon-1, principal citocina na patogênese do LE. Apesar de ao diagnóstico o paciente apresentar diversos fatores indicativos de pior prognóstico renal (homem, negro, creatinina elevada e anemia) obtivemos até o momento resposta satisfatória, evidenciando a importância de diagnóstico clínico sindrômico e conduta terapêuticas precoces, muitas vezes antes de subsídios de anatomia-patológica.


TLP: 345

Nefropatia por IgA crescêntica associada a Microangiopatia Trombótica: Relato de caso

Autor(es): Bianca Dermendjian, Eduardo Jorge Duque de Sá Carneiro Filho, Epitácio Rafael da Luz Neto, Lilian Cordeiro, Julia Carvalho Seabra, Ana Flávia Zeraick, Lectícia Jorge Barbosa, Denise A. C. Malheiros, Vicktoria Woronik, Rodrigo Bueno de Oliveira

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

INTRODUÇÃO: A Nefropatia por IgA (IgAN) é considerada uma das formas mais freqüentes de glomerulopatia primária no adulto. É definida microscopicamente através da imunofluorescência, que mostra a presença de depósitos da imunoglobulina A no mesângio glomerular. A microangiopatia trombótica (MAT) é uma desordem heterogênea caracterizada por trombos plaquetários em arteríolas, capilares e, menos frequente, em artérias. Apresentamos um caso de IgAN crescêntica associada a MAT.
RELATO: Paciente, feminino, 18 anos, previamente hígida, com mal-estar e vômitos há 10 dias. Três dias antes de procurar o serviço, houve redução de débito urinário. Na história pregressa relatou ter procurado outro serviço há 6 meses por edema de membros inferiores, com pressão arterial de 160×100 mmHg, e urina tipo-1 já apresentava proteinúria e hematúria microscópica. Na admissão, vinha hipertensa e com exames: uréia 256 mg/dL, creatinina 24,8 mg/dL, hemoglobina 8,9 g/dL, plaquetas 98 mil. Complemento e provas reumatológicas sem alterações. Urina tipo-1 com 92 mil leucócitos e 256 mil hemácias por campo. Biópsia renal demonstrou IgAN, forma crescêntica em cronificação, MAT e fibrose intersticial difusa na amostra.
DISCUSSÃO: A IgAN ocorre em 2,5 casos por ano, a cada 100 mil adultos. Na maioria das vezes o curso da doença é benigno e pode ser assintomática com resolução espontânea. Uma proporção de 20-40% dos pacientes apresenta IgAN com evolução para doença renal crônica (DRC) em 10 anos após o diagnóstico. A MAT pode ocorrer na IgAN, mas seu significado clínico não está bem esclarecido. Na maioria dos casos, a MAT está associada a estágios avançados da IgAN e se relaciona a proteinúria importante e hipertensão, ambos aumentando chance de desenvolver DRC. Em estudo publicado em 2008 com 128 pacientes com o diagnóstico de IgAN, entre 2002 e 2008, 53,1% apresentaram MAT, sem predileção por sexo ou idade, sendo 71% destes com hipertensão de difícil controle. A função renal foi preservada em 52,2% dos casos com MAT e em 93,5% dos sem MAT.
CONCLUSÃO: Apesar da tentativa de terapia com pulsos de metilprednisolona, a paciente em questão não recuperou a função renal e continua em terapia renal substitutiva por hemodiálise. O diagnóstico precoce da IgAN crescêntica talvez seja a principal forma de impedir o desenvolvimento de MAT e avanço para DRC através da instituição de terapia adequada em tempo hábil.


TLP: 346

Relato de Caso: Síndrome Hemolítico Uremica (SHUa)

Autor(es): Túlio Coelho Carvalho; Nathália Pereira Paschoalin; Raphael Pereira Paschoalin; Cassiano Augusto Braga Silva; José Andrade Moura Junior

INTRODUÇÃO: A Síndrome Hemolítico Uremica atípica (SHUa) é definida como uma Anemia hemolítica Microangiopática, lesão Renal Aguda e trombocitopenia. As ultimas pesquisas vem mostrando uma alteração da via alternativa do complemento, principalmente por mutação do fator H. Pesquisa em animais sugerem que a ativação do C5 é importante para a patogênese da SHUa, sendo que o uso do Eculizumab apresenta excelente resultado terapêutico.
CASO: Paciente EAS, 43 anos, sexo feminino, admitida no hospital subúrbio em Salvador com quadro de uremia e edema progressivo. Nega comorbidades como Hipertensão, Diabetes,internações prévias, uso de medicações, diarreia e febre. Realizado exames iniciais na qual foi identificado azotemia e optado por iniciar diálise de urgência. Durante a investigação clínica identificado proteinuria e optado por pulso terapia empírico com metilprednisolona por 3 dias, devido a impossibilidade de biopsia renal. Paciente esteve internado neste serviço por 1 mês e posteriormente encaminhado ao município de Feira de Santana para hemodiálise(HD) ambulatorial. Na admissão clinica no serviço de HD identificado persistência da proteinuria, porem com Ultrassom renal sem características de cronicidade, hemograma com anemia hemolítica com esquizócitos no sangue periférico, trombocitopenia e LDH aumentado. Devido a necessidade de elucidação diagnóstica optado por biopsia renal, na qual mostrou na microscopia de luz comum a presença de microangiopatia trombótica grave, com glomérulos sem sinais de glomerulonefrite crescêntica e Imunofluorescência sem alterações. Realizado ADAMTS 13 corroborando com o diagnóstico de SHUa. Iniciado tratamento com eculizumab e após a segundo dia de administração da medicação a paciente apresentou melhora dos níveis de função renal e retirado do programa dialítico. No momento a paciente encontra-se em manutenção com eculizumab.
CONCLUSÃO: Muitos relatos de casos sobre SHUa demonstrou que o Eculizumab é eficiente para o tratamento e principalmente para o controle de função renal. Abaixa prevalência deve-se a dificuldade ao acesso diagnóstico pela biopsia renal e exames laboratoriais, além de um grande número de diagnóstico diferencial, sendo a SHUa um diagnóstico de exclusão.


TLP: 347

Nefrite lúpica no sexo masculino: aspectos clínicos e evolução

Autor(es): Luciana Neiva Miranda; Carolina Steller Wagner; José Ferraz Souza; Andrea Olivares Magalhães; Patrícia Malafronte; Dino Martini Filho; Yvoty Alves dos Santos Sens; Luiz Antônio Miorin

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

INTRODUÇÃO: O Lúpus Eritematoso Sistêmico é uma doença autoimune crônica multissistêmica com acometimento desproporcional entre homens e mulheres, tanto na incidência quanto na severidade, devido a uma complexa interação hormonal, genética e do meio ambiente. Ataxa de prevalência é de 7-9:1 (mulheres:homens), mas os estudos indicam que o sexo masculino tem pior morbimortalidade, além de um risco 2 vezes maior de evoluir com nefrite lúpica. A classe histológica predominante na biópsia renal é a classe IV. E as alterações laboratoriais mais comuns são maior consumo de C3 e presença de Anticorpo Anti DNA positivo, além de proteinúria persistente e cilindros celulares.
OBJETIVO: Avaliar as características epidemiológicas, clínicas e a evolução dos pacientes do sexo masculino com nefrite lúpica em um único centro da cidade de São Paulo.
MÉTODO: Análise retrospectiva de prontuários de pacientes com nefrite lúpica do sexo masculino no período de 1991 a 2013.
RESULTADOS: Foram identificados 11 pacientes do sexo masculino com nefrite lúpica com idade de 32,4±14 anos com acompanhamento com médio de 64,1 meses (variou de 12 a 230 meses). Em relação à apresentação clínica, foi observado síndrome nefrótica-nefrítica (mista) em 36,4%, síndrome nefrítica em 36,4% e síndrome nefrótica em 27,2%. HAS foi verificada em 81,8%, função renal comprometida em 54,5%, consumo de C3 em 63,6% e anti DNA positivo em 90,9%. Em relação ao diagnóstico histológico, 81,8% foram nefrite lúpica classe IV com crescentes presentes em 81,8% das biópsias. Em relação à evolução, 45,4% precisaram de terapia substitutiva renal durante o tratamento e 36,3% evoluíram com doença renal crônica (DRC) estágio final.
CONCLUSÃO: Assim como na literatura, os pacientes com nefrite lúpica do sexo masculino, apresentam maior consumo de C3 e anticorpo anti DNA positivo e predomínio classificação histológica Classe IV. Além disso, mais de 1/3 dos nossos pacientes necessitaram de terapia substitutiva renal e quase 50% evoluíram com DRC estágio V, indicando maior severidade da nefrite lúpica em homens.


TLP: 348

Avaliação das biópsias renais em um hospital terciário do interior paulista no período de 2003 a 2014

Autor(es): Ana Luiza Leonardi (Leonardi; AL); Ana Flávia Dalari Zanelato (Zanelato; AFD); Gustavo Navarro Betônico (Betônico; GN); Vanessa Carolina de Barros Silva (Silva; VCB)

Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE

INTRODUÇÃO: Diversas séries de trabalhos publicados vêm descrevendo a frequência de achados histopatológicos em biópsias renais, provenientes de diferentes bancos de dados. Estes reportam não somente a doença renal, mas também suas manifestações, associações clínicas e correlações demográficas.
OBJETIVOS: Com este estudo visamos compreender a epidemiologia das principais glomerulopatias em nossa região, bem como sua distribuição etária e formas de apresentação clínica.
RESULTADOS: Foram coletados dados de 103 pacientes submetidos à biópsias renais entre Julho de 2003 e Abril de 2014. A média de idade dos pacientes foi de 35 ± 17 anos. Dentre todos os diagnósticos, as glomerulopatias primárias foram as mais frequentes (66,9%). A hipertensão arterial sistêmica estava presente em 37,8%. A apresentação clínica mais comum foi hematúria com proteinúria não nefrótica. Entre os gêneros temos 52,1% de homens com diagnóstico de glomerulopatia primária; enquanto que ao analisarmos as glomerulopatias secundárias temos uma distribuição desigual, com 75% de mulheres diagnosticadas, contra 25% de homens. Entre as glomerulopatia primárias as mais prevalentes foram: GESF (33,4%), GN membranosa (20,3%), nefropatia IgA (17,4%), GN membranoproliferativa (8,7%), GN proliferativa mesangial (7,2%), GN crescêntica (5,8%) e doença de lesão mínima (2,9%). Os diagnósticos de nefrite lúpica (85%), GNDA(10%) e vasculite (5%) foram os mais frequentes entre as glomerulopatias secundárias.
CONCLUSÃO: Ao compararmos nossos resultados com os dados do Brasil, podemos verificar que enquanto o quadro clínico no trabalho de Polito e cols. Coloca a síndrome nefrótica como a principal apresentação clínica, enquanto que a nossa estatística mostra a hematúria e proteinúria não nefrótica como a principal apresentação cínica no momento da biópsia, com resultado próximo do estudo espanhol de Rivera e cols. Mesmo com discordância na apresentação clínica, ao analisarmos o padrão histológico, dentre as glomerulopatias primárias, houve concordância entre nossos achados e a estatística brasileira, com a glomeruloesclerose segmentar focal sendo a mais frequente, assim como em outros estudos americanos. Estudos da Espanha, China, Austrália e Leste Europeu encontraram a Nefropatia da IgA como a glomerulopatia mais frequente nas biópsias, diferente dos nossos resultados onde a Nefropatia da IgAfoi a terceira mais frequente.


TLP: 349

Leishmaniose Visceral como complicação do transplante renal – Série de 6 casos em Fortaleza, Ceará, Brasil

Autor(es): Geraldo Bezerra Silva Júnior; Lorena Vasconcelos Mesquita Martiniano; Camilla Neves Jacinto; Yago Sucupira Amaral; Elizabeth De Francesco Daher; Álvaro Augusto Câmara da Silva Fernandes; Tiago Tomaz Teles Peixoto; Maria Beatriz Rabelo Maciel; João Emmanuel Alexandrino Fortaleza; Tiago Francisco dos Santos Miranda

Universidade Federal do Ceará

INTRODUÇÃO: A Leishmaniose Visceral (LV) vem aumentando de incidência em pacientes imunossuprimidos e tornou-se um desafio devido às apresentações clínicas e a complexidade. Este estudo tem objetivo de descrever a ocorrência de LV após transplante renal.
MÉTODOS: Este trabalho é uma série de 6 casos, cujos dados foram obtidos de forma retrospectiva, a partir da coleta de prontuários no período março de 1993 até setembro de 2013, em um hospital terciário da cidade de Fortaleza, Ceará, Brasil.
RESULTADOS: A media de idade dos pacientes foi de 39,2±15,2 anos, sendo 4 do sexo masculino (66,7%). Metade dos pacientes era procedente de Fortaleza. As etiologias de perda renal foram: indeterminada (50%), Rins policísticos (16,7%), Glomerulonefrite mebranoproliferativa (16,7%) e Mal de Alport (16,6%). O tempo de diálise antes do transplante foi de 41,2±33,6 meses. Profilaxia para tuberculose foi feita em 2 casos (33,3%). Rejeição foi observada em 2 casos (33,3%). As principais manifestações clínicas foram: Febre (100%), Perda de peso (66,7%), Bicitopenia (50%), Esplenomegalia (33,3%), Mialgia (16,7%). No paciente 1, houve três recidivas da doença, as duas iniciais tratadas com Ambisome e a última por Anfotericina B. A média de creatinina antes foi de 2,5±0,2 mg/dL, ao diagnóstico 3,9±0,6 mg/dL e 3 meses após o fim do tratamento 2,4±0,1 mg/dL. Teve perda do enxerto durante o tratamento da última recidiva. Paciente 2 e 6 não recidivaram e foram tratados com Ambisome. Os níveis de creatininas antes do tratamento foram de 0,8 mg/dL e 1,4 mg/dL, ao diagnóstico 0,8 mg/dL e 1,3 mg/dL e em 3 meses após tratamento 0,9 mg/dL e 1,5 mg/dL respectivamente. Paciente 3 e 4 recidivaram duas vezes, o paciente 3 foi tratado com Anfotericina B e o paciente 4 com Ambisome. Amédia de creatinina do paciente 3 antes do tratamento foi 3,6±0,6 mg/dL, ao diagnóstico 4,3±0,4 mg/dL. O paciente 4 apresentou perda do enxerto já ao diagnóstico. O Paciente 5 recidivou 11 vezes, 6 tratadas com ambisome, 3 com anfotericina B e 1 com anfotericina lipossomal. A média de creatinina antes foi de 1,7±0,2 mg/dL, ao diagnóstico 1,9±0,3 mg/dL. Nenhum paciente foi a óbito.
CONCLUSÃO: LV é uma importante infecção oportunista após transplantes renal. Nefrologistas que lidam com pacientes transplantados e vivem em áreas endêmicas devem sempre considerar LV como diagnóstico diferencial para casos de febre prolongada. Diagnóstico precoce e tratamento adequado podem diminuir a mortalidade.


TLP: 350

Diabetes insipidus central parcial e síndrome de gitelman-like em paciente com sindrome da sela túrcica vazia

Autor(es): Mônica Caroline de Nazaré Buainain Rossy; Priscilla Cardim Fernandes; Bruna Mendes de Carvalho; Bárbara Loures Peralva; Juan Felipe Ocampo; Tamara Cunha da Silva; Carlos Perez Gomes

Hospital Universitário Clementino Fraga Filho

INTRODUÇÃO. Síndrome da sela túrcica vazia (SSTV) é uma condição rara, onde a fossa pituitária encontra-se ampliada e parcialmente preenchida com liquido cefalorraquidiano devido à herniação aracnoide, com consequente compressão da glândula pituitária e disfunção da adenohipófise. Alterações da neurohipófise na SSTV são raras. Descrevemos a seguir um caso de hipernatremia grave e hipopotassemia associado a diabetes insipidus central parcial (DICp) em paciente com SSTV.
RELATO DO CASO. Paciente masculino, 24 anos, branco, com hipodipsia primaria e panhipopituitarismo por SSTV congênita, encaminhado à Nefrologia para investigação de insuficiência renal aguda pré-renal por hipernatremia grave, evoluindo com trombose venosa profunda (TVP) em membros inferiores secundaria a hiperviscosidade.
O paciente apresentava TFGe 69ml/min/m2 (CKD-EPI), alcalose metabólica (HCO3 30,6mEq/l), hipernatremia (Na 176mEq/l), hipopotassemia (K 2,7mEq/l), EAS com densidade 1. 007, ausência de hematuria, traços de proteínas. Teste de avaliação funcional tubular posterior revelou osmolalidades urinarias (pósrestrição hídrica) de 310-325-435mOsm/kgH2O com baixa resposta a DDAVP intranasal, pH urinario 7,12, bicarbonaturia 17,9mEq/l e hipocalciuria; ADH sérico 2pg/ml; atividade sérica de renina elevada; aldosterona normal.
DISCUSSÃO. Os resultados são compatíveis com DICp associado a bicarbonatúria e hipocalciuria (síndrome de Gitelman-like) em paciente com SSTV e hipodipsia primaria. Ahipernatremia aguda foi inicialmente corrigida com reversão completa da TVP, e o paciente mantido ambulatorialmente com reposição oral hídrica regular, DDAVP intranasal e reposição eletrolítica com cloreto de potássio.


TLP: 351

O papel das campanhas de prevenção de doenças renais nacomunidade: Dia Mundial do Rim 2014 – Pelotas/RS

Autor(es): Valeria Pirez Gornatti; Luciana Jorge Valle; Franklin Correa Barcellos; Maristela Böhlke

Universidade Católica de Pelotas

INTRODUÇÃO: A doença renal crônica (DRC) constitui hoje um importante problema de saúde pública. Sua incidência vem aumentando devido a maior longevidade da população e a maior prevalência de doenças como diabetes mellitus (DM). Além disso, outros fatores de risco contribuem para o aumento dos índices de DRC, tais como hipertensão arterial sistêmica (HAS), doença cardiovascular (DCV), história prévia de doença renal e história familiar de doença renal. Sendo DM e HAS as principais etiologias de doença renal terminal no mundo e no Brasil. ADRC em estágios iniciais é frequentemente assintomática, de forma que muitos pacientes deixam de se beneficiar com medidas para retardar a progressão da nefropatia devido ao diagnóstico tardio. Portanto, esforços devem ser direcionados à prevenção e ao diagnóstico precoce da DRC e ao adequado tratamento das principais causas de doença renal terminal.
METODOLOGIA: Estudo transversal com a aplicação de questionário da Sociedade Brasileira de Nefrologia e realização de Dipstick em 356 pessoas que procuraram orientações sobre a prevenção da DRC no Dia Mundial do Rim 2014 coordenado pela Liga de Nefrologia da Universidade Católica de Pelotas (LANE UCPel), com apoio da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Universidade Católica de Pelotas, Hospital Universitário São Francisco de Paula e Prefeitura de Pelotas.
RESULTADOS: Foram atendidas 356 pessoas nesta campanha de prevenção de doenças renais, sendo a maioria do sexo masculino (51,12%), da raça branca (69,16%) e com idade maior que 60 anos (44,94%). Dessas pessoas 10,11% diziam-se serem portadoras de doença renal, entretanto, dos 318 que responderam não possuírem patologias renais, aqueles com fatores de risco (64,15%) realizaram exame de urina por fita reagente, e nesses foi detectado proteinúria em 18,13%, hematúria em 11,76% e ambas as alterações em 4,41%.
CONCLUSÃO: A doença renal é uma doença silenciosa e que passa despercebida para a maioria dos indivíduos. Na nossa amostra um quarto dos pacientes sem diagnóstico prévio, mas com fatores de risco para doença renal apresentava anormalidades no exame de urina por fita reagente, o que ressalta a importância de campanhas de prevenção para realização de diagnósticos precoces e consequentemente melhorar a qualidade de vida e aumentar a sobrevida da população.


TLP: 352

Doença silenciosa: tabagistas desconhecem sua disfunçãorenal – Análise do Dia Mundial do Rim 2014

Autor(es): Valeria Pirez Gornatti; Luciana Jorge Valle; Marília Mai Cervo; Kiane Gabriela Gräeff; Aline Colleto; Nathalia do Nascimento Vontobel; Clarissa Padilha Mitri dos Santos; Dráudy Steiner Rodrigues; Franklin Correa barcellos; Maristela Böhlke

Universidade Católica de Pelotas

INTRODUÇÃO: O tabagismo é um fator de risco importante para o desenvolvimento e progressão da doença renal crônica (DRC). O fumo possui efeito vasoconstritor e tromboembólico direto no endotélio vascular, constituindo um fator de risco independente para a ocorrência de falência renal. A incidência de hipertensão arterial sistêmica (HAS) é maior entre os fumantes que consomem 15 ou mais cigarros por dia. Estudos demonstram que a cada cigarro fumado, a pressão sanguínea aumenta transitoriamente e seu efeito pressórico pode ser aferido até 30 minutos após a última baforada. Observou-se nesses estudos que fumantes normotensos, também apresentavam uma elevação média na pressão sistólica de 20 mmHg com o primeiro cigarro fumado no dia.
METODOLOGIA: Estudo transversal com a aplicação de questionário da Sociedade Brasileira de Nefrologia e realização de Dipstick em 356 pessoas que procuraram orientações sobre a prevenção da DRC no Dia Mundial do Rim 2014 coordenado pela Liga de Nefrologia da Universidade Católica de Pelotas (LANE UCPel), com apoio da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Universidade Católica de Pelotas, Hospital Universitário São Francisco de Paula e Prefeitura de Pelotas.
RESULTADOS: Foram atendidas 356 pessoas nesta campanha de prevenção de doenças renais, sendo a maioria do sexo masculino (51,12%), da raça branca (69,16%) e com idade maior que 60 anos (44,94%). Dessas pessoas 14,6% eram fumantes e desse subgrupo 50% eram hipertensos. Dos pacientes tabagistas e hipertensos que realizaram o dipstick apresentaram proteinúria em 20%, hematúria em 10% e ambas as alterações em 10% dos casos. Desses indivíduos 100% desconheciam ter qualquer alteração da função renal.
CONCLUSÃO: Apesar da ampla divulgação dos malefícios do tabagismo, principalmente em pessoas portadoras de patologias crônicas, notou-se na nossa amostra que quase um quinto fumava e dessas, metade eram hipertensas. Além da restrição dietética e atividades físicas regulares, destaca-se que é muito importante no tratamento da hipertesão a abstinência tabágica.


TLP: 353

Descontrole glicêmico: Prevalência desse fator de riscoentre os participantes do Dia Mundial do Rim 2014 emPelotas – RS

Autor(es): Valeria Pirez Gornatti; Luciana Jorge Valle; Kiane Gabriela Gräeff; Marília Mai Cervo; Franklin Correa Barcellos; Maristela Böhlke

Universidade Católica de Pelotas

INTRODUÇÃO: O diabetes mellitus (DM) é a causa mais frequente de doença renal crônica (DRC) no mundo e no Brasil é a segunda etiologia mais comum entre os pacientes em diálise. Além disso, os diabéticos apresentam risco aumentado de eventos cardiovasculares e a hiperglicemia é um fator de risco independente para nefroesclerose diabética. A fisiopatologia da doença renal diabética é complexa, abrangendo fatores hemodinâmicos, aumento da concentração plasmática dos produtos finais de glicosilação avançada e disfunção endotelial entre outros. O controle glicêmico nesses pacientes é um desafio, pois envolve mudança do estilo de vida além de tratamento adequado com hipoglicemiantes orais e/ou insulina.
METODOLOGIA: Estudo transversal com a aplicação de questionário da Sociedade Brasileira de Nefrologia e realização de Dipstick em 356 pessoas que procuraram orientações sobre a prevenção da DRC no Dia Mundial do Rim 2014 coordenado pela Liga de Nefrologia da Universidade Católica de Pelotas (LANE UCPel), com apoio da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Universidade Católica de Pelotas, Hospital Universitário São Francisco de Paula e Prefeitura de Pelotas.
RESULTADOS: Foram atendidas 356 pessoas nesta campanha de prevenção de doenças renais, sendo a maioria do sexo masculino (51,12%), da raça branca (69,16%) e com idade maior que 60 anos (44,94%). Dessas pessoas 18,82% eram diabéticos, desse subgrupo 88,05% realizaram o dipstick, apresentando nesse exame glicosúria em 30,5%, sendo que destes 88,9% faziam uso de hipoglicemiantes orais e/ou insulina de forma regular.
CONCLUSÕES: Apesar da maioria dos pacientes usarem medicamentos para tratamento da diabetes mellitus, quase um terço apresentava ao exame de urina evidências de descontrole glicêmico, o que ressalta a importância de consultas regulares e campanhas de prevenção renal para abordagem otimizada da medicação hipoglicemiante e orientação sobre os malefícios do descontrole glicêmico na função renal.


TLP: 354

Hematúria em homens: sinal de alerta para doença renal ouurológica – Analise em campanha de prevenção de doenças renais

Autor(es): Valeria Pirez Gornatti; Luciana Jorge Valle; Aline Colleto; Dráudy Steiner Rodrigues; Clarissa Padilha Mitri dos Santos; Nathalia do Nascimento Vontobel; Franklin Correa Barcellos; Maristela Böhlke

Universidade Católica de Pelotas

INTRODUÇÃO: Hematúria é definida como quantidade anormal de hemácias na urina. É um achado comum na prática clínica, seja microscópica, evidenciada no exame comum de urina, ou macroscópica, quando a alteração da coloração da urina é visível a olho nu. A hematúria pode estar relacionada com alterações urológicas ou nefrológicas. A associação da hematúria com proteínuria e ou redução da taxa de filtração glomerular sugere doença renal.
METODOLOGIA: Estudo transversal com a aplicação de questionário da Sociedade Brasileira de Nefrologia e realização de Disptick em 356 pessoas que procuraram orientações sobre a prevenção da DRC no Dia Mundial do Rim 2014 coordenado pela Liga de Nefrologia da Universidade Católica de Pelotas (LANE UCPel), com apoio da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Universidade Católica de Pelotas, Hospital Universitário São Francisco de Paula e Prefeitura de Pelotas.
RESULTADOS: Foram atendidas 356 pessoas nesta campanha de prevenção de doenças renais, sendo a maioria do sexo masculino (51,12%), da raça branca (69,16%) e com idade maior que 60 anos (44,94%). Dentre os homens 65,38% realizaram o dipstick, sendo encontrado hematúria em 13,44%. Nesse subgrupo apenas 12,5% diziam-se portadores de doença renal, entretanto, ao exame de urina 56,25% apresentavam proteinúria.
CONCLUSÕES: A hematúria pode ser a manifestação de diversas patologias, entretanto muitas vezes não recebe investigação adequada, gerando consequências importantes como lesão renal irreversível. Na nossa amostra, quase um quinto dos indivíduos do sexo masculino apresentaram suspeita de hematúria por exame de urina e mais da metade apresentavam proteinúria associada, sendo que uma minoria tinha conhecimento prévio de qualquer anormalidade renal ou urológica


TLP: 355

Avaliação do uso de IECA ou BRA em indivíduos da raça negra para tratamento de hipertensão arterial sistêmica -Dia Mundial do Rim 2014 – Pelotas/RS

Autor(es): Valeria Pirez Gornatti; Luciana Jorge Valle; Clarissa Padilha Mitri dos Santos; Aline Colleto; Nathalia do Nascimento Vontobel; Dráudy Steiner Rodrigues; Franklin Correa Barcellos; Maristela Böhlke

Universidade Católica de Pelotas

INTRODUÇÃO: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica, altamente prevalente, em torno de 35% no Brasil (IBGE 2004) e, além disso, é um importante fator de risco para diversas outras doenças, entre elas a doença renal crônica (DRC). A classe Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) ou Bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA) além de serem eficazes para tratamento da HAS são importantes no retardo da progressão da perda de função renal. No entanto, na raça negra existem controvérsias quanto ao uso dessas medicações, sendo preferíveis outras classes medicamentosas devido ao risco aumentado de AVC, angioedema, entre outros, com o uso de IECA e BRA.
METODOLOGIA: Estudo transversal com a aplicação de questionário da Sociedade Brasileira de Nefrologia e realização de Dipstick em 356 pessoas que procuraram orientações sobre a prevenção da DRC no Dia Mundial do Rim 2014 coordenado pela Liga de Nefrologia da Universidade Católica de Pelotas (LANE UCPel), com apoio da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Universidade Católica de Pelotas, Hospital Universitário São Francisco de Paula e Prefeitura de Pelotas.
RESULTADOS: Foram atendidas 356 pessoas nesta campanha de prevenção de doenças renais, sendo a maioria do sexo masculino (51,12%), da raça branca (69,16%) e com idade maior que 60 anos (44,94%). Dessas pessoas 55,33% eram portadoras de HAS, sendo 22,33% da raça negra. Desse subgrupo 72,72% eram tratados com IECA ou BRA, não havendo nenhum caso de uso associado de IECA e BRA.
CONCLUSÃO: Apesar das evidências científicas consubstanciadas nas diretrizes mais recentes indicarem o não uso de IECAou BRAcomo primeira escolha para o tratamento em hipertensos da raça negra, devido a eficácia reduzida e riscos aumentados, em nossa amostra quase 75% dos pacientes negros portadores de hipertensão eram tratados com IECAou BRA.


TLP: 356

Polifarmácia: risco na população idosa – Prevalência no DiaMundial do Rim 2014 Pelotas-RS

Autor(es): Valeria Pirez Gornatti; Luciana Jorge Valle; Dráudy Steiner Rodrigues; Nathalia do Nascimento Vontobel; Aline Colleto; Clarissa Padilha Mitri dos SantosF; Franklin Correa Barcellos; Maristela Böhlke

Universidade Católica de Pelotas

INTRODUÇÃO: As melhorias na área da saúde geraram uma redução das taxas de mortalidade nas últimas décadas, ocasionando o aumento gradativo da longevidade. Dessa forma, hoje vivemos o fenômeno de envelhecimento populacional, o que está associado a inúmeros fatores de risco e diversas patologias crônicas, tais como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, doença cardiovasculares, entre outras. Com isso, o uso de mais de uma medicação diária é crescente. Estima-se que 23% da população brasileira consumam 60% da produção nacional de medicamentos, principalmente as pessoas acima de 60 anos. Nessa população idosa e com comorbidades cabe lembrar que muitas vezes a taxa de excreção renal esta diminuída, o que pode gerar malefícios e aumento da interação medicamentosa.
METODOLOGIA: Estudo transversal com a aplicação de questionário da Sociedade Brasileira de Nefrologia e realização de Dipstick em 356 pessoas que procuraram orientações sobre a prevenção da DRC no Dia Mundial do Rim 2014 coordenado pela Liga de Nefrologia da Universidade Católica de Pelotas (LANE UCPel), com apoio da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Universidade Católica de Pelotas, Hospital Universitário São Francisco de Paula e Prefeitura de Pelotas.
RESULTADOS: Foram atendidas 356 pessoas nesta campanha de prevenção de doenças renais, sendo a maioria do sexo masculino (51,12%), da raça branca (69,16%) e com idade maior que 60 anos (44,94%). Dessas pessoas 33,70% eram idosas (maior que 65 anos), 55,83% das quais recebiam mais de duas medicações diariamente e 7,5% eram incapazes de nomear as medicações prescritas. Dentre as medicações mais prescritas estão os diuréticos (34,16%), inibidores da enzima conversora de angiotensina (20,83%), hipoglicemiantes orais (19,16%), antagonistas dos receptores da angiotensina II (18,33%) e hipolipemiantes (13,33%).
CONCLUSÃO: Com o aumento da sobrevida, a maior parte da exposição a múltiplos medicamentos na população idosa esta vinculada a tratamentos de longo prazo para doenças crônicas. Na nossa amostra a maioria dos idosos usava mais de duas medicações diariamente. Dessa forma, é importante conhecer a realidade da população idosa do nosso país, observando as dificuldades e as necessidades dessa população em relação a sua saúde, avaliando o risco e o beneficio da polifarmácia, objetivando o uso racional dos medicamentos.


TLP: 357

Obesidade: condição prevalente e com diversasconsequências maléficas – Análise em campanha de prevenção renal

Autor(es): Valeria Pirez Gornatti; Luciana Jorge Valle; Nathalia do Nascimento Vontobel; Clarissa Padilha Mitri dos Santos; Dráudy Steiner Rodrigues; Aline Colleto; Franklin Correa Barcellos; Maristela Böhlke

Universidade Católica de Pelotas

INTRODUÇÃO: A obesidade é a causa mais comum de hipertensão arterial reversível e o aumento de pressão arterial se correlaciona com o aumento do peso. Além disso, o ganho de peso progressivo está associado à resistência ao tratamento com anti-hipertensivos. Ademais a obesidade é complicada pela resistência à insulina e pela dislipidemia. Classificam-se os indivíduos com índice de massa corporal (IMC) entre 25 – 29,9 kg/m2 como portadores de sobrepeso e os com IMC maior que 30, são considerados obesos, ambos devem ser orientados a realizar mudanças no estilo de vida para adequado controle pressórico.
METODOLOGIA: Estudo transversal com a aplicação de questionário da Sociedade Brasileira de Nefrologia e realização de Dipstick em 356 pessoas que procuraram orientações sobre a prevenção da DRC no Dia Mundial do Rim 2014 coordenado pela Liga de Nefrologia da Universidade Católica de Pelotas (LANE UCPel), com apoio da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Universidade Católica de Pelotas, Hospital Universitário São Francisco de Paula e Prefeitura de Pelotas.
RESULTADOS: Foram atendidas 356 pessoas nesta campanha de prevenção de doenças renais, sendo a maioria do sexo masculino (51,12%), da raça branca (69,16%) e com idade maior que 60 anos (44,94%). Dessa população 40,73% apresentavam sobrepeso e 38,46%, obesidade. Entre aqueles com sobrepeso e obesidade 51,72% e 69,34%, respectivamente, eram portadores de hipertensão arterial sistêmica (HAS). Nesse subgrupo 84,70% realizaram dipstick, apresentando proteinúria em 18,75% dos casos, dos quais 81,48% desconheciam qualquer alteração renal.
CONCLUSÕES: A maioria da amostra apresentava sobrepeso ou obesidade, sendo que grande parte era portadora de HAS, e alguns casos apresentavam proteinúria ao exame de urina por fita reagente, o que na maioria dos casos era desconhecido pelo indivíduo. Com isso, ressalta-se a importância da prevenção e manejo rigoroso do sobrepeso e obesidade devido a sua associação com diversas comorbidades que interferem na qualidade de vida e sobrevida dos indivíduos.


TLP: 358

Relação da obesidade, diabetes e proteinúria com osubdiagnóstico de doenças renais

Autor(es): Valeria Pirez Gornatti; Marília Mai Cervo; Kiane Gabriela Gräeff; Luciana Jorge Valle; Maristela Böhlke; Franklin Correa Barcellos

Universidade Católica de Pelotas

INTRODUÇÃO: Atualmente, o diabetes mellitus (DM) é uma das principais causas de doença renal crônica (DRC), sendo que a DM apresenta íntima relação com a obesidade. Esta última também está relacionada com hipertensão arterial sistêmica, que também é um das principais causas de DRC. Os principais desfechos encontrados em pacientes com doenças renais, que incluem desde anemia até óbito, poderiam ser prevenidos ou retardados não fosse o subdiagnóstico dessas patologias, causado pela precariedade de sintomas clínicos precoces. Ressalta-se, portanto, a necessidade do uso de métodos de rastreio para pacientes com risco elevado de doença renal crônica.
MÉTODOS: Estudo transversal realizado no centro da cidade de Pelotas no dia 15. 03. 14 com realização de questionário padronizado e realização de exame de urina com fita reagente nos indivíduos que apresentassem um ou mais fatores de risco para doenças renais (FRR), tais como: idade superior a 60 anos, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, história pessoal e/ou familiar de doença renal. Dentre os parâmetros avaliados no dipstick obtemos os valores de proteinúria.
RESULTADOS: Dos 365 entrevistados 38,5% eram obesos, 18,8% eram diabéticos e 76,40% tinham FRR, sendo que desses últimos 76,83% realizaram o teste com o dipstick. Entre aqueles com FRR que fizeram o teste de urina, 15,44% tinham proteinúria. Dos obesos 23,35% tinham diabetes e dos obesos com FRR 14,78% tinham proteinúria, ao passo que 27,11% dos diabéticos apresentavam proteinúria. A associação entre obesidade, diabetes e proteinúria foi de 22,22%.
CONCLUSÃO: Foi detectada, por exame de fita reagente, elevada prevalência de proteínuria entre pacientes diabéticos rastreados em campanha pública para detecção precoce de doença renal.


TLP: 359

Vasculite de sistema nervoso central manifesta durante tratamento de nefrite lúpica

Autor(es): Nábilla N. F. Souza; Anna P. B. Pereira; Nicole G. C. Rocha; Natalia C. V. Melo

UNEFRO-Hospital Regional de Taguatingua, SES- DF

INTRODUÇÃO: O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune que pode acometer diversos órgãos. O tratamento consiste em imunossupressão de intensidade variável, de acordo com as manifestações clínicas da doença. Em casos raros, o LES pode se manifestar de forma grave em um novo órgão, durante o tratamento imunossupressor. Descreveremos um caso de surgimento de vasculite de sistema nervoso central (SNC) durante o tratamento imunossupressor de nefrite lúpica.
DESCRIÇÃO DO CASO K. S. R, 42 anos, feminina, portadora de nefrite lúpica classe IV/V há 2 anos, procurou atendimento médico em abril/2014 referindo, há 1 mês, cefaléia frontal, pulsátil, lancinante, sem melhora com analgésico, associada à fraqueza nos MMII. Havia feito uso de 6 pulsos mensais de 1g de ciclofosfamida (último: fev/2013), seguido de azatioprina 150mg/dia, com remissão parcial da nefrite lúpica. Porém, em setembro/2013, apresentou recidiva com necessidade de maior dose prednisona e troca da azatioprina por micofenolato mofetil (MMF) 2g/dia. Na admissão hospitalar, estava em uso de prednisona 40mg/dia e MMF 2g/dia. Ao exame, apresentava redução de força de MMII, sem outras alterações. Exames laboratoriais: C3=57mg/dL; C4= 29,2mg/dL; Cr=0,7mg/dL; Ur=23mg/dL; hb=12,0g/dL; urina I=proteína++/hb++/8 leucocitos/6 hemácias; proteinúria/24h=3,2g. Tomografia de crânio: áreas hipoatenuantes córtico-subcorticais bilaterais, sugestivas de lesões isquêmicas subagudas. Diante da suspeita clínica e radiológica de vasculite lúpica foi realizado pulsoterapia com 1g de metilprednisolona por 3 dias, seguida de 1g ciclofosfamida, com discreta melhora inicial. No entanto, após 15 dias de internação, evoluiu com picos hipertensivos, cefaléia, rebaixamento do nível de consciência e redução adicional da força em MMII e MSD. Realizou tomografia de crânio que mostrou novas áreas de isquemia em cerebelo, lobos occipitais e parieto-frontal direito. Neste momento, foi optado por iniciar imunoglobulina humana intravenosa na dose de 400mg/kg/dia por 05 dias. A paciente evoluiu com remissão da cefaléia e melhora do quadro neurológico, com recuperação total da força em MSD e MIE e força grau II em MID.
CONCLUSÃO: A importância deste caso clínico é enfatizar que o LES pode se apresentar de forma grave, com atividade em SNC durante terapia imunossupressora e novo surto mesmo após instituição de imunossupressão adicional agressiva com pulso endovenoso de metilprednisolona e ciclofosfamida.


TLP: 360

Desenvolvimento de competências para o uso do Ultrassom”Point of Care” em Nefrologia

Autor(es): Aida Aguilar Nunes; Jose Muniz Pazeli Jr. ; João E. Schelb; Oscarina da Silva Ezequiel; Marcelo Maroco Cruzeiro; Fernado A. B. Colugnati; Marcus Gomes Bastos

Núcleo Interdisciplinar de Estudos, Pesquisas e Tratamento em Nefrologia (NIEPEN)

INTRODUÇÃO: O Ultrassom “Point of Care” (UPC) está se estabelecendo como complementação do exame físico, e também tem sido utilizado para guiar procedimentos. Entre os nefrologistas, o uso do ultrassom (US) tem-se restringido a guiar procedimentos e para avaliação renal. Contudo, o UPC apresenta potencialidade que transcende a barreira do trato urinário.
OBJETIVO: Descrever um currículo estruturado de UPC, para médicos residentes, que abrange procedimentos, diagnóstico de patologias do trato urinário, avaliações do estado volêmico, funções sistólica e diastólica cardíacas.
MÉTODOS: O curso de UPC em nefrologia foi desenvolvido em dois períodos de oito horas, em dois dias consecutivos, combinando atividades teóricas, de simulação utilizando o software SONOSIM® e “hands-on” em Phantoms® e em voluntários. Foram abordados temas relativos a patologias do trato urinário superior e inferior, avaliação do diâmetro da veia cava inferior, congestão pulmonar, função cardíaca e os procedimentos nefrológicos: biópsia renal e acesso venoso central guiados por US. As imagens foram geradas em US GE LOGIQe, munidos de sondas convexa, linear e setorial. A verificação de conhecimentos foi realizada com testes cognitivos aplicados antes e após o curso e com o Exame Estruturado de Habilidades Clínicas (OSCE) instituído após o treinamento.
RESULTADOS: Nove residentes, cinco de clínica médica e quatro de nefrologia participaram do treinamento de UPC em nefrologia. Sete residentes tinham menos de 48 meses de formado e quatro haviam tido oportunidade de utilizar o US previamente, mas sem nenhum treinamento estruturado. As medianas do teste cognitivo com perguntas de múltipla-escolha (pré-teste= 11 e pós-teste= 15; p<0,004) e de associação de imagens (pré-teste= 6 e pós-teste= 9; p<0,02) e o desempenho médio no OSCE (%) (pulmão= 52,5; ecografia cardíaca= 91,6; acesso venoso central= 80; US dos rins= 87,5 e biópsia renal= 81,6) revelam que os residentes melhoraram os conhecimentos sobre o conteúdo do curso e demostraram desempenho adequado na confecção e interpretação de imagens, e procedimentos relacionados à nefrologia.
CONCLUSÃO: A realização deste tipo de curso deve ser pensada, pois podemos observar o potencial de um curso estruturado, de curta duração, para o ensino da UPC em nefrologia pela aquisição de conhecimentos específicos, interpretação de imagens e realização de procedimentos, favorecendo a integração e aplicação do conhecimento adquirido na prática nefrológica.


TLP: 361

Relação entre obesidade e glicosúria em diabéticos queparticiparam do Dia Mundial do Rim em Pelotas 2014

Autor(es): Nathalia do Nascimento Vontobel; Clarissa Padilha Mitri dos Santos; Dráudy Steiner Rodrigues; Aline Coletto; Luciana Jorge Valle; Valeria Pirez Gornatti; Franklin Barcellos; Maristela Böhlke

Universidade Católica de Pelotas

INTRODUÇÃO: A síndrome diabética é atualmente uma importante causa de morbimortalidade em diferentes grupos etários da nossa população. A relação entre obesidade e diabetes mellitus (DM) tipo II é bem estabelecida. Indivíduos com sobrepeso ou obesidade têm um aumento significativo do risco de desenvolverem diabetes. A presença de glicosúria geralmente é indicativa de glicemias acima da taxa máxima de reabsorção de glicose pelos túbulos renais, o que está relacionado ao não controle glicêmico. Pacientes diabéticos com glicosúria, ou seja, maior risco de dano renal pode estar relacionado a massa corporal destes indivíduos.
METODOLOGIA: Estudo transversal com a aplicação de questionário da Sociedade Brasileira de Nefrologia e realização de Dipstick em 356 pessoas que procuraram orientações sobre a prevenção da DRC no Dia Mundial do Rim 2014 coordenado pela Liga de Nefrologia da Universidade Católica de Pelotas (LANE UCPel). Consideramos peso adequado índice de massa corporal (IMC)= 18 – 24,9, sobrepeso IMC= 25 -29,9 e obesidade IMC> 30.
RESULTADOS: Das 356 pessoas que responderam ao questionário, a maioria era do sexo masculino (51,12%), raça branca (67,41%), com idade entre 50 e 70 anos (53,65%). Entre os pacientes avaliados, 18,82% eram diabéticos, desses 47,76% eram obesos e desses 25% apresentavam glicosúria. Desses pacientes diabéticos 38,8% apresentavam sobrepeso e desses 30,76% tinham glicosúria. O restante dos diabéticos, 13,43%, apresentava peso normal e desses 22,22% tinha glicosúria.
CONCLUSÃO: A prevalência de DM nos pacientes que participaram do estudo é maior do que a média nacional. Isso pode ter ocorrido devido ao viés de interesse por parte das pessoas que procuraram atendimento no Dia Mundial do Rim. Conforme o estudo, a obesidade em diabéticos não está correlacionada a um maior achado de glicosúria, visto que a prevalência foi maior no grupo com sobrepeso e a prevalência encontrada no grupo com peso adequado foi semelhante à encontrada no dos obesos. Entretanto, isso pode ser um viés de que os indivíduos com maior risco, obesos, podem estar em tratamento mais rigoroso e por isso apresentam menores taxas de glicosúria. Portanto, independente do IMC do indivíduo, é importante a avaliação da glicosúria para que possamos reduzir os índices de diabéticos com DRC.


TLP: 362

Taxa de hipertensos com história familiar de doença renal – análise do Dia Mundial do Rim 2014 – Pelotas-RS

Autor(es): Nathalia do Nascimento Vontobel; Dráudy Steiner Rodrigues; Aline Coletto; Clarissa Padilha Mitri dos Santos; Luciana Jorge Valle; Valeria Pirez Gornatti; Franklin Barcellos; Maristela Böhlke

Universidade Católica de Pelotas

INTRODUÇÃO: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica, de alta prevalência na população adulta. Pode causar várias lesões ao organismo, dentre essas o rim é um dos principais orgãos acometidos. No mundo, a HAS é a segunda causa de doença renal crônica (DRC) e no Brasil é a principal causa dessa patologia. A história familiar de DRC é um fator de risco para indivíduos hipertensos desenvolverem nefropatia crônica. A identificação precoce de indivíduos hipertensos com historia de DRC na família pode contribuir para o adequado tratamento desta principal causa de doença renal terminal em nosso país. O objetivo do trabalho foi identificar a taxa de indivíduos hipertensos com historia familiar de doença renal crônica.
METODOLOGIA: Foram entrevistados indivíduos no centro de Pelotas-RS no Dia Mundial do Rim no ano de 2014. Estes responderam a um questionário sobre sexo, raça, idade, comorbidades como HAS, diabetes mellitus e insuficiência renal, história na família dessas doenças, uso de medicações, além disso, foi realizado o teste de dipstick, sendo encaminhados para o ambulatório de nefrologia os indivíduos que apresentaram alteração nesse exame.
RESULTADOS: A amostra de 356 pessoas mostrou que 55,33% eram hipertensos e apenas 6,09% tinham HAS acompanhada de história na família de doença renal e de proteinúria no teste de dipstick. Desse subgrupo a prevalência maior em mulheres (75%) e em maiores de 60 anos (41,66%). Nestes a proteinúria manteve-se a média de uma cruz.
CONCLUSÃO: Na amostra estudada notou-se que mais da metade dos indivíduos eram hipertensos, desses menos de 10% tinham história familiar para doença renal. Quando presente a história familiar às mulheres foram as que mais apresentaram alteração no exame da fita reagente. Conclui-se que apesar da presença ou não de história familiar de doença renal mostra-se necessário campanhas de prevenção da função renal para avaliação da população hipertensa devido as possíveis consequências dessa patologia no rim, dessa forma, o diagnóstico precoce poderá ser realizado, otimizando o prognóstico renal.


TLP: 363

Prevalência de proteinúria em idosos sem antecedentes esem história familiar de doença renal em uma amostra populacional

Autor(es): Nathalia do Nascimento Vontobel; Clarissa Padilha Mitri dos Santos; Dráudy Steiner Rodrigues; Aline Coletto; Valeria Pirez Gornatti; Luciana Jorge Valle; Franklin Barcellos; Maristela Böhlke

Universidade Católica de Pelotas

INTRODUÇÃO: A determinação da excreção urinária de proteínas consiste em um exame sensível e de fácil aplicação para detectar precocemente a doença renal crônica (DRC). Essa doença, cuja prevalência vem aumentando devido ao envelhecimento da população e às altas taxas de comorbidades que secundariamente lesam os rins, instala-se silenciosamente e apresenta amplas repercussões na morbimortalidade. Embora nem sempre possa ser evitada, as medidas de diagnóstico precoce permitem a redução de danos e de progressão para terapia substitutiva renal. Diante do impacto desta abordagem para detecção da DRC em estágios iniciais, objetivamos estimar a prevalência de proteinúria em indivíduos com mais de 60 anos, que desconhecem ser portadores ou não apresentam história familiar para doença renal.
METODOLOGIA: Foram aplicados, durante a ação do Dia Mundial do Rim em Pelotas-RS, questionários aos participantes e, após isso, realizados testes de urina pelo métodos de fita reagente. Foram selecionados para o exame os indivíduos maiores de 65 anos, hipertensos, diabéticos, portadores ou com história familiar de doenças renais. Todos recebiam informações sobre prevenção da DRC e, aqueles que apresentavam alterações urinárias, eram encaminhados ao ambulatório de nefrologia da Universidade Católica de Pelotas.
RESULTADOS: Participaram da campanha, 356 indivíduos, sendo que 172 destes tinham 60 anos ou mais. Excluiu-se da análise 36 participantes que já haviam sido diagnosticados com doença renal ou possuíam história familiar positiva. A prevalência de proteinúria encontrada nesta população foi de 12,5% (17 casos).
CONCLUSÃO: Os resultados encontrados, ainda que em um amostra populacional pequena e auto referida, mostraram-se semelhantes a outros estudos maiores realizados em países com transição epidemiológica similar ao nosso. A importância de conhecer esses dados consiste em uma maneira simples de triar a doença renal em estágio inicial. Mesmo com a necessidade de excluir falsos-positivos, a presença de proteinúria não deve ser mesnosprezada.


TLP: 364

Síndrome pulmão-rim e TVP: curiosa associação

Autor(es): Maíza Miranda Parreiras; Gustavo Henrique Moreira Gomes; Eduardo Gomes Mattar; Yoshimi José Avila Watanabe; Fabiano Fernandes Silva; Patrícia Drumond Cordeiro

Hospital São João de Deus – Divinópolis – MG

Dentre as causas de glomerulonefrite rapidamente progressiva (GNRP), podemos destacar as vasculites associadas ao ANCA, como a poliangiite microscópica. Apresentamos o caso de T. R. R. R. , sexo feminino, 22 anos, solteira, técnica de enfermagem, previamente hígida. Admitida no hospital para investigação de quadro de trombose venosa profunda (TVP) e elevação dos níveis séricos de creatinina (Cr: 3,2 mg/dL). Na avaliação nefrológica, a paciente fazia uso de anticoagulante injetável e havia relato de uso recente de AINE para dor em membro inferior esquerdo (MIE). Restrita ao leito, prostrada, hipocorada, MIE doloroso e empastado. PA normal sem hipotensores. Realizado hemotransfusão diante de anemia sintomática e suspensa anticoagulação após surgimento de hemoptise, metrorragia e epistaxe. RX de tórax com opacidade em bases, mais em hemitórax esquerdo, sugestivos de hemorragia alveolar. Não havia plaquetopenia e leucograma normal. Ao EAS constatado Hb +++, Pt +, presença de acantócitos e codócitos. Relação Proteína/Cr urinária: 1,58. US de rins sem alterações. TC de tórax com imagem em vidro fosco, predominantemente à direita, confluente com vasos e compatível com sangramento; sem nódulos ou cavitações. FAN: Negativo, C3 e C4 normais. ANCA C: negativo; ANCA P: 1/160. Anticorpo Anti-GBM: negativo. Biópsia renal: 20 glomérulos, 10 deles globalmente esclerosados; 4 com esclerose segmentar e focos de necrose fibrinóide e aderências capsulares; 4 glomérulos com crescentes fibrosos. Interstício com fibrose em 30% da amostra. Artérias mostram fibrose intimal e arteríolas preservadas. IF: Depósitos fluorescentes glomerulares discretos de IgM. Padrão de glomerulopatia não imune/pauci-imune.
CONCLUSÃO: GN necrosante segmentar com crescentes fibrosas. Sinais esclero-atróficos tubulo-intersticiais moderados de cronicidade. Diagnósticos sindrômicos: GNRP, síndrome pulmão-rim. Conduta: pulsoterapia com metilprednisolona por 5 dias, seguido de PRED associado a CYC oral 2mg/kg/dia. Evolução: observou-se o pico da Cr: 4,8 mg/dL no 3° dia de tratamento, sendo constatado declínio progressivo, chegando a 1,9 mg/dL na alta hospitalar, com bom estado geral. Melhora completa do padrão radiológico pulmonar, resolução da dispnéia e da hemoptise, mesmo com anticoagulação. Considerações: paciente com GNRP, síndrome pulmão-rim, ANCA P positivo, FAN negativo, complemento normal, sem sinusopatia. Diagnóstico: Poliangiíte microscópica apresentando-se juntamente com TVP.


TLP: 365

Implementação do serviço de nefrologia no Hospital deCancer de Barretos e comparação entre os escores AKIN x RIFLE como indicadores prognósticos em pacientesoncológicos

Autor(es): Rodrigo Enokibara Beltrame; Marcos Rodrigues Alves; Lia Conrado; Leandro Junior Lucca

IBENE Instituto Bebedouro de Nefrologia / Serviço de Nefrologia do Hospital de Cancer de Barretos

A alta complexidade envolvendo os pacientes oncológicos, tanto pelo arsenal medicamentoso quanto pela história natural desta patologia, exige cada vez mais o seguimento em conjunto do nefrologista.
OBJETIVOS: Este estudo tem como objetivo a descrição da implementação do serviço de nefrologia no Hospital de Cancer de Barretos e comparar os escores RIFLE e AKIN, em paciente com diagnóstico de IRA, como indicadores prognósticos de mortalidade atendidos neste hospital no período de 2011 a 2014.
MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo prospectivo observacional, tipo Coorte, cujos critérios de inclusão são pacientes atendidos e diagnosticados com alterações de função renal e ou metabólicas que necessitem do seguimento da equipe de nefrologia no Hospital do Cancer de Barretos. Tendo como desfecho final mortalidade ou recuperação da função renal. Critérios de Exclusão – pacientes que não possuiam alteração metabólica e/ou de função renal.
RESULTADOS: Foram avaliados um total de 1. 654 pacientes, sendo excluídos 217 pacientes (1. 437 paciente inclusos). Encontrados 62,14% do sexo masculino, a idade média de 58,97 anos. Os pacientes foram atendidos na Unidade de terapia Intensiva, enfermaria e pronto socorro (52,96%, 31,87% e 12,67% respectivamente), sendo 29,58% destes pacientes submetidos a Terapia Renal Substitutiva (TRS). Cerca de 1145 pacientes tinham diagnóstico de IRA, sendo classificados em RIFLE-R (RR), RIFLE-I (RI) e RIFLE-F (RF) (12,75%, 25,32% e 44,19% respectivamente); em AKIN-1 (A1), AKIN-2 (A2) e AKIN-3 (A3) (18,1%; 32,73% e 49,20%, respectivamente). A mortalidade geral foi de 22,2% x 46,59% dos paciente submetidos à TRS. A mortalidade foi de 20,55% RR x 19,78% A1 (p>0,05); 24,5% R2 x 25,45% A2 (p>0,05) e 35,77% R3 x 34,68% A3(p>0,05). Quando comparados R1 x R2 x R3 e A1 x A2 x A3 houve diferenças significativas na mortalidade dos diferentes estadiamentos (p<0,01).
CONCLUSÃO: Quando comparados em termos de severidade e mortalidade hospitalar da IRA, não houve diferença significativa entre os dois escores, porém, ambos se mostraram como indicadores de mau prognóstico.


TLP: 366

Um caso raro de Linfoma Renal Bilateral

Autor(es): Suellen C. Klein; Maria Clara T. Piraciaba; Carlos A. T. Sampaio; Simone C. Lo; Roberto Zatz; Lectícia Jorge; Cristiane

B. Dias, Leonardo A. Testagrossa.

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – HCFMUSP

INTRODUÇÃO: Linfoma renal primário é uma patologia rara, representada, especialmente pelos Linfomas Não Hodgkin, cuja prevalência atinge 0,5 – 0,7%. Relatamos um caso de síndrome consumptiva em um homem com diagnóstico de Linfoma Difuso de Grandes Células B primário de rim.
DESCRIÇÃO DO CASO: Homem de 49 anos, branco, foi hospitalizado com 6 meses de evolução de astenia, anorexia, náuseas, vômitos, perda ponderal e anemia. Negava comorbidades e admissões hospitalares prévias. Avaliação laboratorial revelou: ureia 450 mg/dl, creatinina 11 mg/dl, K+ 7. 0 mmol/L, acidose metabólica (PH:7. 2, HCO3 15 mmol/L), ácido úrico 11. 9 mg/dl e normocalcemia. Hemoglobina e ferro séricos eram, respectivamente, 7. 5 g/dL e 23 µg/dl, leucócitos 6700/mm3, plaquetas 360 000, pesquisa imunológica negativa e mielograma sem anormalidades. A Urina 1 demonstrava proteina >1g/L, 15 leucócitos por campo de grande aumento e >100 hemácias por campo de grande aumento. Ultrassonografia de aparelho urinário detectou aumento significativo do tamanho dos rins (19. 8 cm e 17. 3 cm), sem hidronefrose. Indicado biópsia renal para elucidação diagnóstica. O estudo histológico identificou infiltração difusa por células neoplásicas epitelióides, immunofluorescência positiva para depósito granular de C3 (+1/3) em mesângio e immunohistoquímica positiva para CD 20, CD 68, Ki-67 e BCL-6, confirmando o diagnóstico de Linfoma Não Hodgkin Difuso de Grandes Células B.
DISCUSSÃO: Aproximadamente 30 a 50% dos pacientes que falecem de linfoma Não Hodgkin possuem acometimento renal, mas em apenas 1% deles houve suspeição clínica pré-morte devido às manifestações inespecíficas da doença. Acomete predominantemente homens com média de idade de 48 anos. O envolvimento bilateral é responsável por alta taxa de mortalidade (75% no primeiro ano). Os mecanismos patogênicos incluem recrutamento de células linfóides no parênquima renal através de reação inflamatória pré-existente, e migração dessas células pelos vasos linfáticos da cápsula renal. Lesão renal aguda é achado frequente ao diagnóstico e dados clínico-radiológicos mimetizam carcinoma renal. O diagnóstico confirmatório requer exame histopatológico. O tratamento consiste em quimioterapia com ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e prednisolona, com resultados ainda insatisfatórios. No entanto, a introdução recente do rituximab ao esquema terapêutico pode impactar positivamente na sobrevida dos pacientes, mas carece de estudos multicêntricos.


TLP: 367

Avaliação dos índices plaquetários em gestantes normais, com síndrome de pré-eclâmpsia e outros distúrbios hipertensivos da gestação

Autor(es): Daniela Moraes; Terezinha Paz Munhoz; Bartira Ercília Pinheiro da Costa; Fernando Sontag; Luiza Lucas; Carlos Eduardo Poli-de-Figueiredo

Programa de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde (Nefrologia), FAMED, FFARM e Hospital São Lucas. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS.

INTRODUÇÃO: Os distúrbios hipertensivos são uma das complicações mais frequentes da gestação, sendo responsáveis por um alto índice de morte materno-fetal. A síndrome de pré-eclâmpsia (SPE) atinge de 4 a 8% das gestantes, caracteriza-se por elevação dos níveis pressóricos e proteinúria após a 20ª semana de gestação, podendo apresentar também desfechos como síndrome HELLP, eclâmpsia, gestação pré-termo e crescimento intrauterino restrito. Desequilíbrio nos mecanismos hemostáticos pode ocorrer durante a gestação com tendência à hipercoagulabilidade e aumento do risco de trombose. Nas gestantes com distúrbio hipertensivo, principalmente nas pré-eclâmpticas, pode haver alteração no número total de plaquetas e nos índices plaquetários, volume plaquetário médio (VPM) e fração de plaquetas imaturas (IPF). A IPF tem sido sugerida como um índice sensível para monitorar mudanças na produção e destruição plaquetária.
OBJETIVO: Avaliar os índices plaquetários nas pacientes gestantes: com SPE, controle (GC) e com hipertensão gestacional sem proteinúria (HGsP).
MATERIAL E MÉTODO: Estudo transversal controlado. A amostra se constitui de pacientes GC, com SPE e com HGsP que receberam assistência em Hospital Universitário. A seleção foi aleatória, de acordo com a chegada ao ambulatório, centro obstétrico ou alojamento conjunto. Foram realizadas as contagens de plaquetas e obtidos os índices plaquetários de todas as pacientes, utilizando o contador automatizado XE-5000 (Sysmex Corporation, Roche, Kobe, Japan) do Laboratório de Patologia Clínica -Hematologia .
RESULTADOS: Participaram 99 pacientes, distribuídas em três grupos: SPE: n=34; idade=27,5±7,7anos; idade gestacional (IG)=35,8±3,6 semanas; VPM=12,1±1,0 fL e IPF=8,6 % (5,83-10,60); HGsP: n=32; idade=27,8±7,3 anos; IG=36,4±3,4 semanas; VPM=11,6±1,0 fL e IPF=7,3% (4,2-10,18); GC= n=33; idade=24,7±6,6 anos; IG=36,3±3,1 semanas; VPM=10,6±0,9 fL e IPF=3,8 (2,4-5,1). O VPM e a IPF foram significativamente aumentados nas pacientes com SPE e HGsP em relação as controles (p<0,001).
CONCLUSÕES: Os índices plaquetários estão alterados nos distúrbios hipertensivos da gestação, com aumento do VPM, e especialmente da IPF. São parâmetros de rápida obtenção, baixo custo e de fácil acesso em hospitais que utilizam tecnologia avançada para hemograma. Pelo exposto, podem ser facilmente introduzidos na assistência clínica de gestantes, sendo útil, na triagem para o diagnóstico precoce de SPE.


TLP: 368

Registros de biópsias renais da Clinica Senhor do Bonfimde Feira de Santana-Ba

Autor(es): Cassiano Augusto Braga Silva; Túlio Coelho Carvalho; Nathalia Pereira Paschoalin; Alessandro Alves Queiroz; Raphael Pereira Paschoalin; José Andrade Moura Júnior; Marlene Antônia dos Reis

Clinica Senhor do Bonfim

INTRODUÇÃO E JUSTIfiCATIVA: A biopsia renal constitui o padrão ouro para o diagnóstico das glomerulopatias, sendo atualmente considerado um procedimento de baixo risco e grande valia para a prática nefrologica. O objetivo deste estudo foi revisar e instituir um registro das biópsias renais percutâneas de rins nativos realizadas em um serviço de Nefrologia no interior do estado da Bahia.
MÉTODOS: Análise retrospectiva de todas as biópsias renais realizadas no serviço de Nefrologia da Clinica Senhor do Bonfim da cidade de Feira de Santana-Ba, no período agosto de 2009 a maio de 2014, totalizando 57 meses.
RESULTADOS: Foram realizados 76 biópsias neste período. A idade média dos pacientes foram 32 mais ou menos 15,1 anos, sendo 52,6% pertencentes ao sexo masculino. A taxa de sucesso foi 96%, sendo necessário nova coleta em apenas 3 pacientes. O diagnóstico mais frequente foi Glomeruloesclerose segmentar e focal(GESF) (34,2%), seguidos por nefropatia por IgA(23,7%), doenças por lesões mínimas (7,9%) e nefrite lupica (6,6%). Com menor prevalência encontramos a glomerulopatia membranosa (5,3%), nefropatia diabética (3,9%), glomerulonefrite difusa aguda (2,6%) e Glomerulonefrite membrano proliferativa tipo I (2,6%). Outros diagnósticos tais como nefropatia por c1q, nefropatia por IgM, Sindrome de Alport, microangiopatia trombotica, púrpura de Henoch Shonlein e amiloidose AL foram encontradas uma única vez. Em relação aos motivos da biopsia a principal indicação foi síndrome Nefrotica em 40,8% dos casos, seguidas de síndrome nefritico Nefrotica em 10,5%, proteinuria não Nefrotica isolada (9,2%), proteinuria associada a disfunção renal (11,8%), proteinuria associada a hematúria (5,3%), síndrome Nefritica (6,6%), além de outras apresentações clínicas menos comuns. Se levarmos em conta apenas os pacientes com síndrome Nefrotica, o diagnóstico mais encontrado foi GESF, representando 51,6% dos casos.
CONCLUSÃO: Nesta casuística o diagnóstico histológico mais frequente dentre todas as biópsias foi o de GESF, sobretudo naqueles pacientes com síndrome Nefrotica, achado que é compatível com a literatura brasileira vigente. Atentamos ao fato importante de se criar novos registros de glomerulopatias a fim de difundirmos a prática da biopsia renal entre os nefrologistas, e também para conhecermos nossa realidade, tanto regional como nacionalmente.


TLP: 369

Pesquisa de podocitúria como marcador de nefrite lúpica

Autor(es): Juliana Busato Mansur; Amélia Rodrigues Pereira Sabino; Silvia Regina Moreira; Gianna Mastroianni Kirsztajn

INTRODUÇÃO: O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença auto-imune que leva ao comprometimento renal em 20 a 50% dos casos, e tem seu curso caracterizado por episódios de reativação. Face à dificuldade de prever, assim como de definir a ocorrência e o grau de atividade da doença, mantém-se a busca por novos marcadores. Um recurso laboratorial de surgimento recente é a pesquisa de podocitúria, para a qual ainda não esta clara qual a melhor metodologia.
OBJETIVOS: Verificar a presença de podocitúria em pacientes com nefrite lúpica (NL), correlacionando esse achado com a ocorrência e níveis de proteinúria, assim como com o grau de atividade da doença determinado por indicadores laboratoriais e clínicos.
METODOLOGIA: Procedeu-se à coleta de amostras de urina, assim como de dados clínicos e laboratoriais de pacientes com NL. Utilizou-se a técnica de imunofluorescência (IF) com anti-podocina como anticorpo primário. Os pacientes foram classificados segundo os critérios de atividade do sistema BILAG e impressão clínica do observador.
RESULTADOS : A amostra foi composta por 52 indivíduos com LES e NL, sendo 45 (86,5%) do gênero feminino; 10 (19,2%) foram identificados pelo BILAG como inativos (D), 10 (19,2%) como pouco ativos (C), 5 (9,6%) como moderadamente ativos (B) e 27 (51,9%) como ativos (A). Três (5,8%) indivíduos NL classe III, 34 (65,4%) IV e 15 (28,8%) V; 15 (28,8%) tinham TFG reduzida (menor ou igual a 60 mL/min). Os níveis mais elevados de podocitúria tenderam a relacionar-se com a classe histológica IV (p=0,058), observando-se que indivíduos da classe III apresentaram menor nível de podocitúria quando comparados aos classe IV e V. Houve correlação estatística entre a hipocomplementemia e a podocitúria, bem como tendência de menor podocitúria quando eram utilizadas menores doses de corticóide. Apodocitúria média dos pacientes com NLfoi 16,26 (0,0 a 817,34) e dos controles foi de 3,78 (0,0 a 103,22).
CONCLUSÃO: A pesquisa de podocitúria por IF apresenta níveis superiores em pacientes com NL quando comparado aos controles e pode ser utilizada como indicador de atividade da doença.


TLP: 370

Relato de Caso: Leucoencefalopatia Posterior Reversívelem Paciente com Lúpus Eritematoso Sistêmico

Autor(es): Dal Molin, C. Z; Riella, M. C. ; Silva, M. M. ; Nascimento, M. M. ; Romani, R. F. ; Alcântara, M. T. ; Chula, D. C. ; Martins, L. F. N. P. ; Lourenço, J. V. ; Zahdi, J. O. R.

Hospital Universitário Evangélico de Curitiba / Fundação Pró Renal de Curitiba

INTRODUÇÃO: A expressão encefalopatia posterior reversível (PRES) foi proposta por Casey et al, em 2000, para descrever uma síndrome caracterizada por cefaléia, alteração mental, convulsões e déficit visual, associados a achados de imagem que traduzem edema cortical e subcortical de distribuição predominantemente posterior. Apresentamos um caso de PRES em paciente com lúpus eritematoso sistêmico (LES), estudada com Ressonância Magnética (RM), enfatizando a importância do diagnóstico precoce e seus achados de imagem.
DESCRIÇÃO DO CASO Paciente feminina, 15 anos, quadro de cefaléia há 1 dia, associada a 3 episódios de crise convulsiva tônico-clônica generalizada, de difícil controle, amaurose bilateral e pico hipertensivo. Histórico de Púrpura de Henoch-Scholein (artralgias, artrite, petéquias em mãos e púrpura de MMII) há 4 anos; e há 2 anos quadro de síndrome nefrótica, associada a artrite de mãos, fotossensibilidade, FAN reagente (1:640 nuclear pontilhado fino denso), diagnóstico de LES. Uso de micofenolato de mofetila (MMF), prednisona, furosemida, hidroxicloroquina AAS e sinvastatina. Exame físico sem peculiaridades, apenas edema de membros inferiores. Exames laboratoriais: Hb 7,2 g%, leucócitos 12. 300/mm3, plaquetas 201. 000/mm3, VHS 71 mm, PCR 39,3 mg/L, Cr 3 mg/dL, Ur 89 mg/dL, Na 135 mEq/L, K 4,4 mEq/L, albumina 2,7 g/l. A conduta inicial diante do quadro foi realizar pulsoterapia com corticóide (metilprednisolona 1g por 3 dias); fenitoína e transfusão de 1 concentrado de hemácias. Avaliada pela oftalmologia, devido à queixa de amaurose, sem anormalidades ao exame. Realizou RM de Crânio evidenciando área hiperintensa corticossubcortical, na região parieto-occipital bilateralmente. Diante do quadro, foi reduzida dose de imunossupressor, mantido controle pressórico e profilaxia de novas crises. Houve recuperação da amaurose em 3 dias e a paciente não apresentou novos episódios de convulsão. Realizada RM de crânio de controle, com ausência de lesões.
DISCUSSÃO: PRES é uma síndrome cuja patogênese é incerta, relacionada a auto regulação cerebral e disfunção endotelial. O caso em questão discute uma clássica manifestação da síndrome e suas características clínicas e radiológicas revelam um padrão típico, assemelhando-se a outros casos descritos. Diante do exposto, concluimos que pacientes lúpicas com cefaléia, convulsão e alteração da acuidade visual devem ser investigadas para PRES, para um reconhecimento adequado desta síndrome e tratamento.


TLP: 371

Análise do padrão histopatológico de biópsias renais do estado de Minas Gerais

Autor(es): Silvana Maria Carvalho Miranda, Patrícia da Cruz Queiroz

Santa Casa de Belo Horizonte

INTRODUÇÃO De acordo com dados publicados de biópsia renal, a distribuição do espectro de lesão varia entre os continentes. No Brasil, a Glomeruloesclerose Segmentar e Focal(GESF) é a Glomerulopatia 1ª mais encontrada nos dados de alguns Serviços no estado de SP, MG, AM, RS, SC, CE. e a nefrite lúpica a causa mais frequente entre as glomerulopatias 2ª.
Este estudo descreve os achados histopatológicos encontrados no banco de dados de biópsias de rim nativo, do Serviço de Nefrologia da Santa Casa de Belo Horizonte, entre o período de janeiro 2011 à abril 2014.
METODOLOGIA Foram analisados, retrospectivamente, 539 laudos de biópsia. Destas, 30 foram amostras não representativas, sendo excluídas.
RESULTADO Os diagnósticos histológicos encontrados foram: Glomerulonefrite proliferativa difusa(GPD) (17,29%), Glomerulonefrite Membranosa(GM) (15,32%), GESF (14,54%), Glomeruloesclerose difusa (6,68%), Nefrite túbulo intersticial (6,29%), Glomeruloesclerose intercapilar nodular e difusa (4,91%), Glomerulonefrite proliferativa focal (4,72%), Glomerulonefrite crescêntica (3,14%), Glomerulonefrite membranoproliferativa ( 2,95%), outros (4,92%). Dentre os achados morfológicos a GPD foi a mais prevalente, sendo que 28,41% eram 2ª a Lupus Eritematoso Sistêmico(LES), 26,14% Glomerulonefrite difusa aguda pós infecciosa(GNDA), 9,09% Nefropatia IgA. Nas demais 32,95% não foi possível estabelecer diagnóstico etiológico.
Das 78 biópsias com GM, 43,59% tinham como etiologia LES. Das 74 biópsias com GESF, 22,97% foram do tipo Colapsante e das com diagnóstico etiológico encontrado, 8,1% foram Nefropatia IgA e 1,35% LES.
Em relação as Glomerulopatias 2ª diagnosticadas pela biópsia, LES foi a mais frequente correspondendo a 49,31% dos casos, sendo Classe V presente em 47,22%. A Nefropatia diabética ocupou a 2ª posição correspondendo a 20,54% dos casos, seguida de GNDA17,12%.
CONCLUSÃO Os achados mais prevalentes foram: Biópsia normal (19,25%), GPD (17,29%), GM (15,32%) e GESF (14,54%). A GPD se mostrou, na maioria dos casos, uma Glomerulopatia 2ª com causa etiológica definida pela biópsia em 56,82% dos casos. Na GM, o diagnostico etiológico definido na biópsia ocorreu em 43,59%. Já na GESF, causas 2ª foram detectadas em apenas 12,16 %, o que vai de encontro com publicações brasileiras que colocam a GESF como a principal lesão glomerular 1ª encontrada no País. Da mesma forma, este estudo também reafirma a nefrite lúpica como a mais frequente causa dentre as Glomerulonefrites 2ª.


TLP: 372

Coexistência de Artrite Reumatóide e Lúpus Eritematoso Sistêmico: Relato de Caso

Autor(es): Dal Molin, C. Z. ; Riella, M. C. ; Silva, M. M. ; Nascimento, M. M; Romani, R. F. ; Alcântara, M. T. Chula, D. C. ; Chula, D. C. ; Martins, L. F. N. P. ; Lourenço, J. V. ; Soares, M. F.

Hospital Universitário Evangélico de Curitiba; Fundação Pró-Renal de Curitiba

INTRODUÇÃO: A coexistência clínica de AR e LES foi primeiramente relatada por Toone em 1960, e, em 1971, o termo “rhupus” foi criado por Schur. É um fenômeno raro, especialmente entre artrite reumatóide (AR) e lúpus eritematoso sistêmico (LES), com incidência estimada entre 0,01% e 2%. Relatamos um caso de paciente com diagnóstico de AR precedendo o aparecimento de LES e confirmado por biópsia renal.
DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente feminina, 58 anos, quadro de 10 dias de evolução de tosse seca, associada a dispnéia aos moderados esforços e edema de membros inferiores. Antecedentes pessoais de Artrite Reumatóide com diagnóstico há 3 anos e meio (artralgia, artrite simétrica de metacarpofalangeanas, interfalangeanas proximais, joelhos e pés, e rigidez matinal), com acompanhamento e tratamento adequados por 1 ano e perda de seguimento há 2 anos. Hipertensa sem tratamento. Exame físico: corada, PA 160×110, ausculta pulmonar com murmúrios diminuídos em bases bilateral, ausculta cardíaca normal, exame abdominal normal, membros inferiores com edema +/4+ bilateral. Exames laboratoriais: Hb 9,9 g%, leucócitos 7. 450/mm3, plaquetas 275. 000/mm3, Cr 5,3 mg/dL, Ur 146 mg/dL, Na 137 mEq/L, K 4,7 mEq/L, albumina 2,9 g/l. RX de tórax: obliteração do seio costofrênico direito. Ultra-som com rins de tamanho no limite inferior da normalidade. Sorologias para HIV, HBV, HCV negativas, VDRL negativo, FAN + (1:640 – nuclear pontilhado fino denso), FR +, complemento consumido, anticorpo anti-coagulante lúpico não reagente (NR), anti-DNA NR, anti-cardiolipina IgG/IgM NR, Anti-LA NR, Anti-RO NR, anti-RNP NR. Paciente realizou corticoterapia em pulso por 3 dias e foi submetida a biópsia renal, sugerindo padrão de glomerulonefrite lúpica classe IV, alto índice de cronicidade; porém admitida em fase avaçada de nefropatia crônica, sendo necessário iniciar hemodiálise.
DISCUSSÃO: O diagnóstico de AR procede as manifestações de LES em média de 7,7 anos e as características de AR dominam o quadro clínico. Anormalidades na rotina urinária marcam o aparecimento de LES. Em 2001, Simon et al estudaram 1500 pacientes com LES e 2000 com AR, 116 tinham os dois diagnósticos, e somente 22 diagnóstico de rhupus, caracterizados por poliartrite simétrica e erosiva, associada a sinais e sintomas de LES, e presença de anti-DNAou anti-SM. Deve-se suspeitar desta associação em pacientes com AR e alteração em exame de urina ou função renal, sendo necessário confirmar o diagnóstico com biópsia renal.


TLP: 373

Causa incomum de hematúria em paciente portadora deLúpus: relato de caso

Autor(es): Jônatas Gonzaga Dantas; Alcino Pires Gama; Cristiane B. Dias; Luis Yu; Lectícia Jorge; Viktoria Woronik

Faculdade de Medicina da Universidade de São Pauloe

INTRODUÇÃO: Nefrite lúpica é a principal causa de injúria renal em portadores de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), o que exige sua identificação e devido tratamento. Entretanto, é necessário atentar para outras causas de acometimento renal, evitando imunossupressão (IS) desnecessária.
DESCRIÇÃO DO CASO: Mulher de 43 anos foi encaminhada para avaliação de nefrologista devido à “hematúra refratária”. A paciente foi diagnosticada com LES e síndrome do anticorpo antifosfolípide (com múltiplos episódios de trombose venosa profunda) havia seis anos, sendo iniciados IS e anticoagulação. Após dois anos em seguimento, o reumatologista diagnosticou nefrite lúpica proliferativa (baseado em aumento da creatinina sérica, hematúria e hipocomplementemia), ocasião em que prescreveu prednisona mais micofenolato mofetil. Devido à anticoagulação em curso, não foi realizada biópsia renal. Passados seis meses, a creatinina sérica e os níveis de complemento normalizaram, apesar da persistência de hematúria (com os valores de RNI – razão normalizada internacional – dentro dos limites terapêuticos), de forma que se manteve a IS. Em investigação urológica prévia, foram realizadas ultrassonografia do aparelho urinário e cistoscopia (ambas sem esclarecimento da causa de hematúria).
Exceto pela hematúria, não se identificou nenhuma evidência de atividade lúpica à apresentação, estando a RNI abaixo do valor terapêutico. Uma vez que a hematúria isolada não foi justificada por causas glomerulares ou urológicas, indicamos realizar uma Angiotomografia Computadorizada, considerando o diagnóstico diferencial da síndrome de nutcracker, porém identificamos outra causa para a hematúria. A paciente apresentava o rim direito atrófico (provavelmente secundário a trombose de artéria renal) e um rim esquerdo vicariante submetido a um regime de hipertensão venosa (na vigência de trombose venosa crônica). A veia gonadal esquerda se mostrava dilatada, associada a demais veias varicosas, e em contato íntimo com o sistema coletor. Concluímos, neste caso, que a hematúria não representou um sinal de atividade da doença e outras manifestações tem de ser considerados para definir o uso de IS.
DISCUSSÃO: No tratamento de LES, os médicos devem estar prontos a reconhecer outras causas de hematúria e evitar IS desnecessária. Alterações vasculares devem sempre ser consideradas como possível causa de hematúria isolada.


TLP: 374

Mais raro que o ouro puro de Ofir

Autor(es): Antonio Carlos Laender Moreira; Tania Andrade Paulo; Rodrigo de Oliveira Lima; Jenaine Oliveira; Flávia Vigil; Renata Peluso Soares

Instituto de Terapia Renal da AEBMG

Dado a raridade de determinadas doenças, cujas manifestações muitas vezes são inespecíficas, seu diagnóstico frequentemente não é considerado. Diagnóstico errôneo ou tardio implica em pior qualidade de vida, falência orgânica e morte precoce. Tome como exemplo a doença de Fabry, doença rara cujo atraso médio para o diagnóstico foi estimado em 15 anos. G. G. B, 39, procedente de Ipatinga/MG, infância marcada por internações por infecções respiratórias. Escolar amerelo e dos olhos acinzentados. Após maioridade mudou-se para os EUA onde trabalhou como cozinheiro. Desconhecia comorbidades e não fazia uso de medicamentos. Sem cirurgias prévias. Sem queixas urinárias. Sem alergias. Sem história familiar de nefropatias. Pais são primos de primeiro grau. Negou vícios. Em 2005 procurou atendimento médico a fim de ganhar peso. Ao exame apresentava-se com palidez cutânea e opacidade corneana. Exames: Hb 7,9 (normo/normo), Cr 1,8, albumina 1,3, AST 33, ALT 26, proteinúria 20 g, FAN negativo, C3 e C4 normais, crioglobulina e ANCAnegativos, sorologias (HBV, HCV, HIV) negativas. À microscopia de luz, total de 07 glomérulos sendo 02 escleróticos, sem lesões segmentares e crescentes. Alças capilares comprimidas, mesângio expandido, parede capilar espessada, todos por material eosinofílico. Vermelho do Congo negativo. Túbulos com atrofia focal. Interstício com fibrose mínima e infiltrado com poucos linfócitos. Vasos normais. À imunofluorescência, sem evidência de deposição de imunocomplexos. À microscopia eletrônica, presença de depósito de material granular e fibrilar subepitelial e endotelial. Diagnóstico de glomeruloesclerose global focal com estruturas osmiofílicas e filamentosas serpiginosas com pálidas estrias cruzadas mesangiais e subepiteliais. Em 2010 iniciou hemodiálise. Retorna ao Brasil em 2013, em hemodiálise no ITR. Possui 03 irmãs com opacidade corneana. Seu perfil lipídico atual: TGL 156, colesterol 92, LDL 56, HDL 05. Tríade de anemia, opacidade corneana e disfunção renal levaram ao diagnóstico de deficiência da enzima lecitina-colesterol aciltransferase (LCAT) familiar, herança autossômica recessiva. LCAT cataliza a esterificação do colesterol em HDL circulante. Colesterol não esterificado se deposita em eritrócito, córnea, glomérulo e outros órgãos. Doença originalmente descrita na Noruega e somente 125 casos relatados em todo o mundo. Detecção depende de alto índice de suspeição. Apesar do HDL baixo, aterosclerose prematura não é vista.


TLP: 375

Avaliação de lesões vasculares renais e desfechos clínicos em nefrite lúpica proliferativa

Autor(es): Mariana Pin de Andrade; Beatriz Seves Holanda; Jonatas Dantas; Cristiane B. Dias; Lectícia Jorge; Luis Yu; Viktoria Woronik

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo

INTRODUÇÃO: Poucos estudos analisaram o impacto de lesões vasculares renais (LVRs) no desfecho em nefrite lúpica proliferativa. O objetivo do estudo foi avaliar a influência das LVRs no prognóstico renal em nefrite lúpica proliferativa.
MÉTODOS: Foi realizada uma análise retrospectiva de 196 pacientes portadores de lúpus eritematoso sistêmico submetidos a biópsia renal entre 2000-2013. Dados clínicos e laboratoriais foram coletados no início e ao final do seguimento dos pacientes. O tratamento realizado foi decidido pela equipe clínica baseado nos protocolos relatados na literatura. As LVRs eram definidas por microangiopatia trombótica (MAT) ou arterioesclerose (AE).
RESULTADOS: Atabela 1 mostra as características de cada grupo.

MAT (n=9) AE (n=80) Sem LVRs (n=106)
Idade(a) 27±6 33±12* 29±10
Proteinúria(g/dia) 3±3,48 4,2±3,5 4,8±5*
Anti-cardiolipina + 3(38%) 21(34%) 27(29%)
TFGe inicial(ml/min) 20,5±12* 44±28 48±33
Seguimento(a) 3,5±3,7 4,6±3,7 7,2±9,9*
TFGe final(ml/min) 41,2±40,3 60,5±40,4 63,8±42
DREF 3(38%) 16(20%) 22(21%)
TFGe <30ml/min 5(56%) 25(31%) 29(27,4%)
TFGe <60ml/min 6(66,7%) 40(50%) 43(41%)

Resultados são demonstrados como mediana ± DP ou n(%). *p<0,05
TFG = Taxa de filtração glomerular; DREF = Doença renal em estágio final
Os grupos com MAT, AE ou sem LVRs foram semelhantes em relação aos níveis de complemento, FAN, anticorpo anti-DNA e níveis de hemoglobina. MAT foi significamente associada a um índice de atividade histológica maior (MAT 7,1±4,2 vs AE+Sem LVRs 5,4±2,4;p<0,05). O índice de cronicidade foi maior em todos os subgrupos de LVRs em relação ao grupo controle (MAT+AE 3,8±2,3 vs Sem LVRs 3±2,2; p<0,05). Finalmente, análise de regressão logística múltipla mostrou que MAT ou AE não foram significativamente associados a um pior desfecho renal. Índice de cronicidade e TFGe ao início do seguimento foram os únicos preditores de desfecho.
CONCLUSÃO: LVRs são comuns em pacientes com nefrite lúpica. As LVRs estão associadas a maior índice de cronicidade e pior função renal de base. Essas duas variáveis foram fatores independentes para uma função renal ruim à regressão logística multivariada. A associação entre LVRs e desfecho renal não foi significativa, provavelmente pelo poder estatístico insuficiente.


TLP: 376

Associação entre nível socioeconômico e etnia com hipertensão arterial sistêmica – análise do Dia Mundial doRim 2014

Autor(es): Nathalia do Nascimento Vontobel; Aline Coletto; Clarissa Padilha Mitri dos Santos; Draudy Steiner Rodrigues; Valeria Pirez Gornatti; Luciana Jorge Valle; Franklin Correa Barcellos; Maristela Böhlke

Universidade Católica de Pelotas

INTRODUÇÃO: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é definida como pressão arterial sistólica (PAS) > 140 mmHg e a pressão arterial diastólica (PAD) > 90 mmHg, a HAS é considerada uma doença crônica, a qual é fator de risco para doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica e doença vascular periférica. Por isso, é fundamental conhecermos os fatores de risco para HAS, estão entre eles: idade, etnia, excesso do consumo de sódio, de álcool, sedentarismo e menor nível socioeconômico. Devido a isso realizamos este estudo para comparar a prevalência de HAS em pacientes de diferentes raças e níveis socioeconômicos.
MÉTODOS: Estudo realizado em Pelotas-RS, durante o Dia Mundial do Rim 2014, aonde os participantes respondiam a questionários padronizados onde constava diagnóstico prévio de HAS, ganho econômico mensal, o qual era classificado em 1 salário mínimo, de 2 à 5 salários mínimo ou mais que 5 salários mínimo e cor da pele (branca, preta, parda, amarela ou outra).
RESULTADOS : A amostra foi constituída por 356 indivíduos, desses 35,9% recebiam 1 salário mínimo/mensal, 57,6% recebiam de 2-5 salários mínimo/mensal e 7,6% recebiam mais de 5 salários mínimo/mensal. Entre aqueles que recebiam 1 salário mínimo, 60,1% apresentavam diagnóstico prévio de HAS, entre 25 salários mínimos, 54,6% apresentavam HAS e dos que recebiam > 5 salários mínimo 40,7% sabiam ser hipertensos. Dos 67,4% que consideravam a cor da pele branca, 55,8% eram portadores de HAS, dos 21,06% que eram de cor preta, 60% eram portadores de HAS, dos 12,35% que eram de cor parda 58,6% eram portadores de HAS. Os entrevistados que responderam cor amarela ou outra cor não apresentavam diagnostico prévio de HAS.
CONCLUSÃO: Neste estudo pode-se evidenciar que os pacientes de cor preta possuíam maior prevalência de HAS do que os pacientes de cor parda e branca. Houve também associação significativa entre menor nível econômico, quando avaliado por salário mensal, e diagnóstico prévio de HAS. Portanto, estratégias de prevenção e detecção precoce de HAS devem ser maximizadas para indivíduos negros e com menor nível econômico.


TLP: 377

Variabilidade dos Marcadores Funcional e de Lesão do Parênquima Renal na Estimativa da Prevalência da DoençaRenal Crônica Pré-dialítica

Autor(es): Marcus G Bastos; Luiz Carlos F. Andrade; Natalia M. S. Fernandes; Tássia J. F. Costa; Elaine A. Paula; Shirlei S. Araújo; Márcio A. Pinto

Núcleo interdisciplinar de estudos, pesquisas e tratamento em nevrologia (NIEPEN da UFJF e Fundação IMEPEN

INTRODUÇÃO: Estudos de prevalência da doença renal crônica (DRC) frequentemente baseiam-se na taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) e lesão do parênquima renal (albuminúria ou Alb e hematúria ou Ht) em somente um momento, desconsiderando o critério de cronicidade das alterações encontradas.
OBJETIVO: Avaliar a variabilidade da TFGe e da Alb e Ht em dois momentos, com o intervalo mínimo de três meses, na determinação da prevalência da DRC pré-dialítica.
MÉTODOS: Estudo transversal em 600 indivíduos voluntários. Foram obtidos dados sociais e demográficos, história patológica pregressa e familiar, dados antropométricos e clínicos. Exames laboratoriais de sangue foram colhidos após jejum de 12 horas. AAlb foi determinada com fita de imersão N-Multistix® e pela relação albumina/creatinina (RAC) na primeira amostra de urina do dia e valores acima de 17mg/g nos homens e 25mg/g nas mulheres foram considerados anormais. A Ht glomerular (HtG) foi pesquisada com fita de imersão N-Multistix®, quantificada e caracterizada em microscópio de contraste de fase. O diagnóstico da DRC seguiu os critérios propostos pelo KDIGO 2012, com todos os participantes repetindo os exames laboratoriais após três meses da avaliação inicial.
RESULTADOS: Na amostra, 360 (60%) eram do gênero masculino, 395 (65,8%) da raça branca e 549 (91,5%) com menos de 65 anos. Em 195 (32,5%) voluntários observou-se hipertensão arterial e as histórias familiares de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus foram identificadas em 422 (70,3%) e 310 (51,7%), respectivamente. A DRC foi diagnosticada em 83 (15,3%) participantes. O diagnóstico da doença foi estabelecido pela HtG em 52 (62,7%) participantes, na TFG em 13 (15,7%), na RAC em 13 (15,6%) e RAC e HtG em 5 (6,0%).
CONCLUSÃO: Na amostra estudada, a prevalência da DRC foi semelhante a relatada na literatura. A variabilidade observada das alterações funcional e estrutural utilizadas na definição da DRC apontam para a importância do diagnóstico da doença ser estabelecido em pelo menos duas avaliações num intervalo mínimo de 90 dias e identifica a hematúria glomerular como importante marcador da doença.


TLP: 378

A diversidade de efeito do polimorfismo da apolipoproteína E sobre o risco cardiovascular é determinado pela presençade síndrome metabólica em hipertensos

Autor(es): Andrei Alkmim Teixeira; Mauro Sergio Martins Marrocos; Beata Marie Redublo Quinto; Cassio Jose de Oliveira Rodrigues; Maria Aparecida Dalboni; Marcelo Costa Batista

Disciplina de Nefrologia – Universidade Federal de São Paulo, Nephrology Division – New England Medical Center – Tufts University, Instituto de Educação e Pesquisa – Hospital Israelita Albert Einstein, Universidade Uninove

INTRODUÇÃO: A hipertensão arterial tem um significado relevante como fator de risco cardiovascular (CV). O consistente aumento da incidência de Síndrome Metabólica (SM) em todo o mundo está associado a um risco CV epidêmico em diferentes populações. A dislipidemia exerce papel importante na determinação do maior risco associado à SM. A apoliproteína E (apo E) está envolvida na regulação do metabolismo do colesterol e triglicérides. Uma vez que o polimorfismo da apo E pode influenciar o metabolismo lipídico, é possível que determine maior susceptibilidade individual para o desenvolvimento de SM e doença CV (DCV).
OBJETIVO: Avaliar o poder discriminatório do polimorfismo da apoE em influenciar o risco CV baseado na presença de SM em uma coorte de pacientes hipertensos.
PACIENTES E MÉTODOS: Foram incluídos 401 pacientes, divididos em dois grupos, classificados pela presença de SM (critério do IDF): grupo 1: 275 pacientes com SM (SM+) e grupo 2: 126 pacientes sem SM (SM-). Os dados foram coletados através da avaliação clínica, revisão de prontuários e exames laboratoriais. O polimorfismo da apoE foi determinado através de amplificação por PCR. Os grupos forma comparados em relação a características clínicas e laboratoriais e quanto à distribuição de alelos e genótipos relacionados ao polimorfismo da apoE. Foi avaliada a prevalência de DCV em relação aos diferentes alelos nos diferentes grupos e na população total.
RESULTADOS A população consistiu de 186 homens (47,4%), 62,1% brancos, 44,1% diabéticos e 11,5% tabagistas. A idade média foi de 64,0±12,0 anos. O genótipo E3/3 e o alelo E3 foram mais frequentes. Entre os pacientes com SM, observamos uma associação independente entre a prevalência de DCV e a ocorrência do alelo E4 (OR 2,42 (1,17-1,5, p<0,05)). De forma contrária, nos indivíduos sem SM, carreadores do alelo E4 apresentaram menor prevalência de DCV (OR 0,14(0,02-0,75)). Estas associações se mantiveram mesmo após a correção para diversas variáveis potencialmente confundidoras.
CONCLUSÃO: Os resultados mostram que a associação entre o gene da apoE e a DCV pode ser modulada pela presença da SM, com maior risco CV observado em carreadores do alelo E4 na vigência de SM. Em oposição, carreadores do alelo E4 sem obesidade visceral apresentam menor prevalência de DCV.


TLP: 379

Análise da utilização de rituximab em diversas glomerulopatias

Autor(es): Juliana Busato Mansur; Amélia Rodrigues Pereira Sabino; Gustavo Ferreira da Mata; Sonia K Nishida; Gianna Mastroianni Kirsztajn

Unifesp

INTRODUÇÃO: Anticorpos monoclonais vêm sendo utilizados para o tratamento de doenças glomerulares. O Rituximab (RTX), um anticorpo monoclonal anti CD20, tem sido indicado nos casos de glomerulonefrites refratárias. Seu mecanismo de ação envolve a interação com o antígeno CD20, presente nos linfócitos B, interrompendo a ativação da cascata do complemento, o reconhecimento por macrófagos e a interação com células natural killers.
OBJETIVO: Avaliar a resposta a RTX em diferentes glomerulopatias resistentes a outros imunossupressores(IMS).
CASUÍSTICA E MÉTODOS: Análise retrospectiva de pacientes com glomerulopatias tratados com RTX.
RESULTADOS: Foram avaliados 9 indivíduos, 7 do gênero masculino, com idade média de 44 anos e diagnósticos de glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF, 5); glomerulopatia membranosa (GNM, 3) e nefrite lúpica (NL) classe IV +V (1). O tempo de diagnóstico até a aplicação da primeira dose de RTX variou de 18 a 216 meses (média 96 meses). Cerca de 6 meses após a aplicação, os valores de creatinina sérica foram semelhantes aos valores anteriores à aplicação em 5 casos, porém em 3 elevaram-se. Os valores mínimos, máximos e a mediana da creatinina sérica 2 meses antes e 6 meses após a aplicação foram respectivamente: 0,80-2,50; 1,77 mg/dL e 1,01-3,21; 1,95 mg/dL. Após a aplicação, houve diminuição da proteinúria em 8 casos; entretanto, destes, em 6 a proteinúria permaneceu nefrótica. Em todos os casos, a diminuição mais importante da proteinúria foi observada 6 meses após a aplicação. Os valores mínimos, máximos e a mediana de proteinúria foram: 2 meses antes da aplicação 3,41-17,14; 8,38 g/24h; 2 meses após a aplicação 0,11-14,00; 7,90 g/24h; e 6 meses após 0,76-9,98; 6,28 g/24h, respectivamente. Dos pacientes analisados, 100% foram tratados com ciclosporina e corticoterapia em algum momento, além de micofenolato sódico (66%),ciclofosfamida (44,4%) e azatioprina (33,3%). Todos os pacientes utilizaram 3 ou mais drogas IMS antes do RTX. O principal efeito colateral foi anemia em 44,4% dos pacientes e só um fazia uso concomitante de outro IMS(micofenolato). Não houve relato de leucopenia, dor torácica ou plaquetopenia; 11,1% apresentaram dispnéia, palpitações, prurido ou tremores. Os efeitos colaterais não foram relacionados ao número de doses. Apenas a ocorrência de angioedema determinou a descontinuação da medicação. .
CONCLUSÕES: RTX determinou remissão parcial em apenas 22% dos casos e em geral não se associou a efeitos adversos relevantes.


TLP: 380

Acompanhamento longitudinal de uma coorte de pacienteshipertensos: aumento do risco cardiovascular independe docontrole pressórico

Autor(es): Saurus Mayer Coutinho; Mauro Sergio Martins Marrocos; Cristina Bergman Triches; Beata Marie Redublo Quinto; Cassio Jose de Oliveira Rodrigues; Marcelo Costa Batista

Disciplina de Nefrologia – Universidade Federal de São Paulo, Nephrology Division – New England Medical Center – Tufts University,Instituto de Educação e Pesquisa – Hospital Israelita Albert Einstein

INTRODUÇÃO: Pacientes hipertensos apresentam alto risco cardiovascular, que tende a ser potencializado com o passar do tempo, uma vez que há tendência a surgimento e piora de outros fatores de risco concomitantes.
MÉTODOS: Foram estudados 208 pacientes hipertensos, antes e após um acompanhamento ambulatorial regular de seis anos. Todos os pacientes foram submetidos a avaliação clínicolaboratorial ao início e fim do acompanhamento, visando traçar o perfil da população em ambas as fases do estudo e determinar as modificações ocorridas.
RESULTADOS: Dos 208 pacientes (71,2% mulheres, idade inicial 59,7±9,3 anos, 57,2% brancos) incluídos no programa de acompanhamento, 201 concluíram o estudo, sendo incluídos na análise (ocorreram 7 óbitos). Apesar de não ter havido piora do controle pressórico, inclusive havendo menores níveis de PA diastólica ao final do estudo (84,6±10,7mmHg para 82,0±10,2mmHg; p<0,05), houve piora de diversos parâmetros metabólicos: aumento da prevalência de diabetes (37% para 52%), síndrome metabólica (59,1% para 78,1%), obesidade (43,3% para 46,3%), de pacientes com micro ou macroalbuminúria (10,6% para 28,4%) e de pacientes com ritmo de filtração glomerular (RFG)<60mL/min, estimada pelo CKD-EPI (14,6% para 17,4%). Houve aumentos significativos dos níveis de glicose, cintura e do Escore de Framingham (7,9±7% para 11,3±8,8%; p<0,05).
CONCLUSÃO: Pacientes hipertensos tendem a demonstrar maior risco cardiovascular a longo prazo, de maneira independente do controle pressórico. A intensificação das medidas terapêuticas visando minimizar efeitos de outros fatores de risco é essencial.


TLP: 381

Hiponatremia grave por insuficiência adrenal primária

autor(es): Ana Maria Emrich; Mariana Espiga Maioli; Karina Litchteneker; Amanda Carolina Damasceno Zanuto; Abel Esteves Soares; Anuar Michel Matni; Vinicius Daher Alvares Delfino; Luiz Fernando Kunii

Instituto do Rim de Londrina

INTRODUÇÃO: A hiponatremia é o distúrbio hidroeletrolítico mais comum em pacientes acometidos por insuficiência adrenal primária, ou Doença de Addison.
RELATO DE CASO: Homem de 50 anos, branco, foi atendido em unidade de emergência por episódios de síncope e confusão mental há três dias. História de fraqueza, náuseas, anorexia, letargia e emagrecimento de 9 kg nos últimos três meses. Ex-tabagista, carga tabágica de 25 anos/maços. Etilista há 20 anos. Apresentava-se descorado, depletado, desorientado e hipotenso. Manchas hipercrômicas em língua e mucosa oral, bem como hiperpigmentação das unhas dos pés. Exames laboratoriais revelaram sódio de 110 mEq/L, potássio de 5,2 mEq/L, glicemia sérica de 77 mg/dL e creatinina sérica de 1,1 mg/L. Não apresentou melhora com expansão volêmica apenas, mas regressão total de toda sintomatologia e correção dos eletrólitos após uso de mineralocorticoide (fludrocortisona). Dosagem sérica de cortisol basal (2,1 mcg/dL) confirmou a hipótese de Insuficiência adrenal. Investigação excluiu causa infecciosa, consideramos, portanto o diagnóstico de adrenalite autoimune. As sorologias para infecções por Hepatite B e C e HIV foram negativas. Após três meses de alta hospitalar, o paciente suspendeu a medicação por conta própria por 10 dias e foi readmitido com hipotensão, letargia e rebaixamento do nível de consciência. Neste momento, sódio sérico de 97 mEq/L, cloro 6,1 mEq/L e potássio 6,2 mEq/L. Após reintrodução de corticoterapia houve regressão completa dos sintomas. Durante a reavaliação, observou-se que após três meses de tratamento, as lesões hipercrômicas haviam regredido significativamente.
DISCUSSÃO: O caso descrito relata um quadro de crise adrenal com hiponatremia grave causada pela deficiência hormonal. Os sinais e sintomas clássicos e a baixa dosagem de cortisol sérico deixaram a hipótese diagnóstica clara. Não foi possível dosagem de ACTH e anticorpo anti-adrenal, mas a evolução do paciente, a dosagem de TSH normal, imagem por ressonância magnética de adrenal e hipófise sustentaram o diagnóstico. O rastreio para infecção por paracoccidioidomicose e tuberculose foi negativo, excluindo estas infecções como causa secundária. A regressão das lesões de pele é evidência clínica incontestável de resposta ao tratamento. A doença de Addison está associada à deficiência de glico e mineralocorticoide, produzidos pelo córtex da glândula adrenal, com consequente hiponatremia, por natriurese e elevação de ADH.


TLP: 382

Forma Grave da Síndrome da Hiperestimulação Ovariana

Autor(es): Mariana Espiga Maioli; Flavio Henrique Martins de Oliveira Souza; Taysa Antonia Felix da Silva; Ana Maria Emrich; Karina Litchteneker; Amanda Carolina Damasceno Zanuto; Abel Esteves Soares; Anuar Michel Matni; Vinicius Daher Alvares Delfino; Luiz Fernando Kunii

Instituto do Rim de Londrina

A Síndrome da hiperestimulação ovariana (SHEO) pode ser definida como uma complicação iatrogênica decorrente de um ciclo hormonal induzido. Ocorre em aproximadamente 0,5 a 2% das mulheres que realizaram tratamento com gonadotrofinas exógenas. A patogênese da SHEO está ligada à ação de substâncias vasoativas que são secretadas sob estímulo gonadotrófico e que geram aumento da permeabilidade vascular, com depleção do volume intravascular e extravasamento maciço de fluido rico em proteína para dentro do espaço peritoneal, pleural e, mais raramente, do espaço pericárdico. Geralmente é autolimitada e apresenta sintomas leves. Porém, 0,1 a 2% de todos os casos evoluem para a forma grave.
DESCRIÇÃO DO CASO: E. S. K. , 38 anos, sexo feminino, em tratamento de infertilidade, realizou implante de embriões e fez uso de gonadotrofinas exógenas. Evoluiu com aumento progressivo do volume abdominal, náuseas e vômitos. À admissão relatava dor em transição esôfago-gástrica e em região epigástrica, e, apresentava-se prostrada, depletada, com abdome distendido e Beta HCG positivo. Evoluiu com dispneia, diminuição do murmúrio vesicular nos campos pulmonares e insuficiência renal aguda não oligúrica. USG evidenciou ascite volumosa. Realizou paracentese e diagnóstico de peritonite. Sendo iniciado tratamento antibiótico. Evoluiu com síndrome do desconforto respiratório aguda (SARA) e necessidade de intubação orotraqueal. Iniciou-se agentes vasopressores e foram instauradas medidas para hipertensão intracraniana (HIC). Fez uso de albumina e furosemida para manejo da permeabilidade vascular e manutenção da volemia.
Após instaladas as medidas terapêuticas evoluiu satisfatoriamente
DISCUSSÃO: A SHEO em sua forma grave ou severa ocorre em aproximadamente 2% dos casos e manifesta-se com ascite, derrames pleural e pericárdico, oligúria/anúria, hemoconcentração, hipoproteinemia, aumento do volume ovariano, tromboembolia e SARA. De acordo com dados da literatura a SHEO pode ser classificada como de início precoce ou tardio, decorrente da produção endógena de gonadotrofinas. As gonadotrofinas são capazes de promover o aumento da permeabilidade vascular resultando nas manifestações clínicas supracitadas e apresentadas pela paciente. Exames de imagem tais como a radiografia de tórax e a ultrassonografia são de grande valia ao demonstrar as efusões pleurais, ascite e aumento do volume ovariano. O manejo da síndrome consiste na ressuscitação volêmica, correção dos distúrbios hidroeletrolíticos.


TLP: 383

Hiponatremia causada por inibidor de bomba de protons

autor(es): Jamile da Costa Riechi; Mariana Espiga Maioli; Karina Litchteneker; Ana Maria Emrich; Amanda Carolina Damasceno Zanuto; Abel Esteves Soares; Anuar Michel Matni; Vinicius Daher Alvares Delfino; Luiz Fernando Kunii

Instituto do Rim de Londrina

A hiponatremia é um distúrbio hidro-eletrolítico comum na prática médica, por definição o sódio sérico deve ser menor que 136 mmol/L, sendo frequentemente diagnosticado no ambiente hospitalar com uma incidência de 17% em algumas series. Uso de medicamentos é uma causa frequente desse distúrbio, no entanto a hiponatremia é raramente associada ao uso de inibidores de bomba de prótons (IBP).
OBJETIVO: relato de caso de hiponatremia por IBP, a fim de lembrar do diagnóstico diferencial em hiponatremia.
MÉTODOS: Relato de caso baseado em revisão de prontuário ambulatorial e hospitalar.
RELATO DO CASO: Mulher, branca, 85 anos, diagnósticos de hipertensão arterial, diabetes mellitus e depressão em tratamento, chegou ao pronto socorro em Março/2013 com queixas de mal estar geral, confusão mental, sonolência excessiva. Ao exame físico: euvolêmica, confusa (GCS 14), sem outras alterações ao exame físico. Em avaliação laboratorial inicial, sódio sérico 128 mmol/L, sem outras alterações. Internada para manejo e investigação. Fazia uso de Escitalopran, suspenso no início da internação, sinvastatina, pantoprazol, valsartana, anlodipina e metformina. Exames complementares: eletrólitos urinários normais, marcadores tumorais negativos, LH, FSH, TSH normais, ultrassonografia rins e vias urinárias e tomografia abdominal normais. Sódio sérico variando de 126-133 mmol/l na internação Apos suspensão do pantoprazol, houve normalização do sódio sérico, ficando estável entre 136-138mml/l.
CONCLUSÃO: Apesar de incomum, a hiponatremia pode ocorrer no uso crônico dos IBP. Sendo essa classe de drogas de uso comum e bastante difundido pelos seus efeitos terapêuticos já bem estabelecidos, deve-se lembrar desse efeito colateral no diagnostico diferencial do distúrbio eletrolítico do sódio.


TLP: 384

Impacto da lipocalin-type prostaglandin D-Synthase como preditora de lesão renal em diabéticos Tipo 2

Autor(es): Marina Romera Cavalari, Marcelo Rodrigues Bacci, Fernando Luiz Affonso Fonseca, Mariana Jancis Rigolo, Livia Yadoya Vasconcelos, Jessica Hiuna Luppi Betio

Faculdade de Medicina do ABC

INTRODUÇÃO: De acordo com os critérios adotados pela Associação Americana de Diabetes define-se como anormais glicemia superiore a 126mg/dl e para hemoglobina glicada superiore a 6,5%. As alterações histopatológicas atribuídas ao diabetes no rim são o espessamento da membrana basal glomerular,expansão da matriz mesangial e hialinólise arteriolar. A presença da albuminúria sinaliza o que se chama de doença renal do diabetes incipiente,onde existe perda proteica porém sem repercussão ainda na taxa de filtração glomerular. Embora a creatinina tenha importância na avaliação da taxa de filtração glomerular e, portanto, de lesão glomerular e defina-se como nefropatia diabética apenas na existência das alterações previamente mencionadas no rim, novos marcadores têm sido testados com o objetivo de detectar a lesão renal do diabetes antes de seu acometimento glomerular e dentre eles a lipocalin-type prostaglandinD synthase(PGDS) ou proteína beta traço urinária(PBT).
OBJETIVO: Avaliar a evidência na literatura da PBT como marcador precoce de lesão tubular em pacientes com diabetes tipo 2.
MÉTODO: Uma pesquisa em abrangeu as bases de dados PUBMED e LILACS utilizando-se os descritores beta-trace protein and diabetes e lipocalin-type prostaglandinD synthase and diabetes. Estudos relacionados a animais e retrospectivos não foram considerados. Artigos em língua inglesa e espanhol publicados nos últimos 10 anos foram incluídos. Artigos que não continham o resumo foram excluídos.
RESULTADOS: Um total de 19 artigos foram selecionados dos quais apenas 5 relacionavam a PGDS ou PBT com o diabetes.
DISCUSSÃO: A PBT é uma glicoproteína da família das lipocalinas,cujo precursor prostanóide também origina as prostaglandinas. Possui baixo peso molecular e alguns autores a defendem como melhor marcador para lesão renal do que a cistatinaC por sofrer menor influência extra-renal. Tem sido extensamente pesquisada como marcador de maior acurácia que a creatinina como preditor da taxa de filtração glomerular. Uehara et al em 2009 e Yoshikawa em 2007 fizeram os primeiros relatos transversais relacionando os estágios de alteração da taxa de filtração glomerular em diabéticos e os valores da PGDS.
CONCLUSÃO: Estudos prospectivos devem responder o real impacto no longo termo da PGDS como marcador de pior evolução em pacientes com diabetes. Esta revisão demonstrou que trata-se de marcador promissor porém a literatura ainda é escassa.


TLP: 385

Síndrome Hemolítico-Urêmica: importante diagnósticodiferencial das Microangiopatias trombóticas

Autor(es): Osvaldo Theodoro da Paz; João Chang; Maria Helena Vaisbich; Cesar Augusto Madid Truyts

Hospital São Francisco de Assis

Síndrome Hemolítico-Urêmica: importante diagnóstico diferencial das Microangiopatias trombóticas
As microangiopatias trombóticas (MAT) caracterizadas por anemia hemolítica não imune, plaquetopenia e lesão de órgão-alvo, podem acometer qualquer órgão, sendo o rim frequentemente comprometido, mas também o trato gastrintestinal (TGI). Entre as causas de MAT primária destaca-se a SHU típica (geralmente causada pela Escherichia coli produtora de Shiga toxina 2- STEC-SHU), SHU atípica (alterações nos genes que codificam as proteínas reguladoras da via alternativa do complemento) e a Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT) (deficiência na atividade da ADAMTS13, que cliva o fator de vonWillebrand), doenças graves com fisiopatologias diferentes e, portanto, com tratamentos e prognóstico diferentes. Caso: Lactente masculino, 13 meses de idade apresentou diarreia líquida mucosanguinolenta e febre; após 3 dias evoluiu com redução da diurese até anúria, anasarca, anemia e plaquetopenia, e recebeu transfusão de hemácias e plasma, sendo iniciada diálise peritoneal. Após 11 dias permanecia com sinais de hemólise e recebeu plasma novamente por 3 dias. A partir deste momento (14odia) teve melhora do quadro, inclusive com recuperação da diurese e teve alta no 25ºdia para seguimento ambulatorial. Exames no 3º dia mostravam hemoglobina (Hb)= 9,9 g/dl com esquizócitos, Coombs direto negativo, e plaquetas de 84. 000/mm3, creatinina sérica=4 mg/dl e uréia sérica= 85 mg/dl. No 4º dia Fração C3 do complemento= 81mg/dl e C4= 16 mg/dl; No 9º dia reticulócitos= 9,8%. Coprocultura com Serratia plymuthicas e ADAMTS 13 70%. Alta com Hb 13,5 Plaquetas 528. 000 e creatinina sérica= 0,75.
DISCUSSÃO: Seria a Serratia plymuthicas uma bactéria capaz de causar SHU, já que foi identificada na coprocultura? Para afastar STEC-SHU melhor seria PCR para Shiga toxina nas fezes. PTT pode ser afastada? – o ADAMTS13 foi acima de 5% (70%), porém exame coletado após receber plasma!
CONCLUSÃO: O paciente deve manter seguimento, pois pode apresentar novo evento de MAT. Apesar ter sido diagnosticado como SHU típica, não foi completamente afastada a possibilidade de SHU atípica, a qual é uma doença genética grave, crônica e imprevisível que causa MAT em qualquer órgão, inclusive no TGI, tornando imperativa a realização do diagnóstico diferencial para prognóstico do paciente. Este caso alerta para a importância da realização de todos os exames para o diagnóstico diferencial das MAT.


TLP: 386

Síndrome de Bartter – 3 Relatos de caso e Revisão da literatura

Autor(es): Luciana Mello Erthal; Tayná Gontijo de Carvalho; Aline Falci Loures; Emanuelle Schueler Tostes; Mariana Fontes Turano; José Carlos Carraro Eduardo

Universidade Federal Fluminense

INTRODUÇÃO A Síndrome de Bartter é uma doença de etiologia desconhecida, caracterizada por alterações eletrolíticas e metabólicas significativas, destacando-se a hipocalemia e a alcalose metabólica. Geralmente é diagnosticada na infância ou adolescência, ocasionalmente como uma desordem autossômica recessiva familiar. Relatamos aqui a ocorrência de 3 casos de mulheres adultas com o diagnóstico de Síndrome de Bartter acompanhadas no Serviço de Nefrologia.
OBJETIVO Apresentar 3 casos de Síndrome de Bartter em mulheres adultas e discuti-los no contexto da literatura pertinente.
MÉTODO Realizou-se revisão de artigos publicados entre 2008 e 2014 nas bases Scielo, Periódicos CAPES e PubMed. Palavras-chave utilizadas: “Bartter syndrome”, “salt losing tubulopathies”, ” case report syndrome the Bartter”, “hypokalemia”.
RESULTADO As pacientes apresentavam quadro clínico de hipocalemia, poliúria, náuseas e pressão arterial baixa. Além disso, em uma das pacientes foi identificado hipertrofia do aparelho justaglomerular após biópsia renal, fato que corrobora o diagnóstico de Síndrome de Bartter. Foram excluídas outras condições clínicas ou medicamentosas que pudessem ter esta apresentação.
CONCLUSÃO A Síndrome de Bartter, embora rara e mais comumente diagnosticada na infância ou adolescência, deve ser suspeitada em adultos com hipocalemia e alcalose metabólica na ausência de causas óbvias para estas alterações, especialmente na presença de hiperaldosteronismo hiperreninêmico com pressão arterial normal ou baixa.


TLP: 387

Como os pacientes podem nos ensinar a melhorar ocontrole pressórico? Análise do comportamento de desviantes positivos entre portadores de hipertensãoarterial (HA) acompanhados em Unidade de Saúde daFamília (USF)

Autor(es): Ricardo França; Raoni de Andrade Miaja Gomes; Fernando Antonio de Almeida

Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC/SP, campus Sorocaba-SP

INTRODUÇÃO: A ampla rede de atenção primária do SUS não garante à maioria dos portadores de HA acompanhados nestes centros o controle pressórico adequado. Necessitamos novas estratégias para alcançar o adequado controle pressórico reduzindo as complicações da doença.
OBJETIVOs: Identificar entre os portadores de HA acompanhados em uma USF aqueles que continuamente obtêm sucesso no controle da pressão arterial (PA). A partir deles, utilizando a abordagem dos desviantes positivos, identificar os possíveis fatores e comportamentos que contribuem para o sucesso no tratamento. Tais benefícios devem ser estendidos a toda a comunidade.
CASUÍSTICA E MÉTODOS: Avaliamos 26 indivíduos com HA em tratamento há mais de 1 ano na USF. Após a consulta médica regular, tendo assinado o TCLE, responderam a um questionário, verificamos a PA de acordo com as DBH VI. Entre eles identificamos 8 indivíduos com a PA controlada (média de 3 determinações com aparelho automático validado), que nos registros dos prontuários e na opinião do médico assistente também tinham PA controlada nas 6 últimas consultas. Realizamos visitas domiciliares observacionais e entrevistas abertas a 6 destes pacientes onde detalhamos o dia-a-dia identificando fatores e comportamentos que pudessem determinar o sucesso no controle da PA. Às entrevistas foi aplicada a análise de conteúdo de Bardin.
RESULTADOS: As entrevistas revelaram aspectos interessantes que determinam o comportamento destas pessoas e contribuem para o bom controle da PA, entre eles: todos sabem que a HAtem sérias consequências; 4/6 tiveram familiares próximos com morte (infarto ou AVC) provocada pela HAmal cuidada; são acompanhados há 3 anos ou mais por um único médico com características humanas e profissionais exemplares, existindo ótima relação médico paciente; são comprometidos com a alimentação saudável e a quantidade de sal ingerida; são muito comprometidos com o uso regular da medicação, usam associações sinérgicas em duas doses por dia e, ao terem efeitos adversos, os medicamentos foram substituídos com êxito; os medicamentos são fornecidos regularmente na USF ou na Farmácia Popular.
CONCLUSÕES: O estudo ressalta a importância do comprometimento do médico e do paciente com o tratamento. Segundo o conceito de comportamento operante de Skinner, tal comportamento do paciente é determinado por estímulo-respostareforço positivo (bom relacionamento médico-paciente) ou experiência punitiva (morte familiar relacionada à doença)


TLP: 388

Impacto da intervenção nutricional no perfil metabolicourinário de pacientes portadores de cálculos renais

Autor(es): Nagila Damsceno; Eevelyn Aguchiku; Gelba Pinto; Lucy Hirata; Juliana Machado; Marilice Friedrich; Oscar Fujita

Hospital Universitario da USP

Impacto da intervenção nutricional no perfil metabolico urinário de pacientes portadores de cálculos renais.
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS: A litiase renal é uma patologia complexa. Fatores genéticos e metabólicos podem contribuir para o desenvolvimento de cálculos e medidas dieteticas são frequentemente recomendadas para prevenção e tratamento da litíase. O objetivo desse estudo foi avaliar o impacto da intervenção nutricional nos pacientes portadores de cálculo.
MÉTODOS: Cento e vinte pacientes portadores de cálculos foram incluidos. Todos receberam orientações dietéticas que incluiam aumento da ingesta de água, aumento do consumo de fibras e frutas ricas em citrato e diminuição da ingesta de proteina e sal. Foram realizadas coletas de urina de 24hs no início do tratamento e com 3 e 6 meses para medida de volume urinário, ácido úrico, cálcio, potássio, sódio e citrato. Pacientes que não tinham pelo menos 2 amostras no periodo foram excluidos do protocolo.
RESULTADOS: A média de idade dos pacientes era de 43 anos, sendo 55% homens, e o IMC de 27,2 +- 5,5kg/m2. O volume urinário no tempo inicial era de 2,1 +- 0,6 litros, ácido úrico era 648 +- 231mg/24hs, cálcio 228,9+mg/24hsl, sódio 206+- 90 mEq/l, potássio 54 +- 19 mEq/l e citrato 517+-238mg/24hs. As amostras coletadas nos tempos 3 e ou 6 meses não apresentaram diferença significativa em relação à inicial.
CONCLUSÃO: A intervenção nutricional, da maneira como realizada, não gerou impacto nos parâmetros urinários destes pacientes


TLP: 389

Escore de cálcio em pacientes portadores de Cálculo Renal

Autor(es): Gelba Pinto; Juliana Machado; Marilice Friedrich; Nagila Damasceno; Lucy Hirata; Oscar Fujita; Evelyn Aguchiku

A Nefrolitíase é uma patologia cuja prevalência vem aumentando no mundo ocidental. Dados epidemiológicos mostram uma associação entre litiase renal e Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial, Obesidade e Síndrome Metabólica, o que leva a supor que o mesmo processo metabólico esteja envolvido em todas estas patologias
Existem evidências de que os pacientes portadores de cálculos renais têm uma maior prevalência de doença coronariana, infarto agudo do miocárdio e acidente cerebrovascular agudo. Essa maior prevalencia decorreria de comorbidades associadas ou estaria relacionada a mecanismos envolvendo defeitos no metabolismo de cálcio, presentes na genese da litíase renal,assim como na ateroesclerose,
O objetivo desse estudo é avaliar o escore de cálcio, indicador de ateroesclerose subclinica (calcificação coronariana) em pacientes portadores de cálculo renal.
MÉTODOS: Foram selecionados 10 pacientes portadores de cálculo renal que foram submetidos a Angiotomografia Coronaria com medida de escore de cálcio, Pacientes portadores de Hipertensão Arterial, Diabetes Melitus e ou Sindrome Metabolica foram excluidos do estudo.
RESULTADOS: Os pacientes apresentaram idade de 43 +- 6 anos, IMC 28,5+- 5 kg/m2
Exames laboratoriais: LDL Colesterol 117+- 23mg/dl, Triglicerides 203+-63mg/dl.
3 pacientes apresentavam Hipocitratúria, 1 Hiperparatireoidismo Primario, 4 com perfil metabólico urinario sem alterações, 1 Hiperuricosúria, 1 Hipercalciúria. O escore de cálcio de todos os pacientes foi inferior a 100 (média de 10 +-21)
CONCLUSÃO: O escore de cálcio destes pacientes foi baixo, indicando um baixo nivel de calcificação e, consequentemente, baixo risco cardiovascular, reforçando a hipotese de que o maior risco esteja relacionado a eventuais comorbidades coexistentes à litíase renal


TLP: 390

Nefrite “lúpus-like”: relato de 2 casos e revisão da literatura

Autor(es): Kamilla Linhares Silva; Vilmar de Paiva Marques; Marlene Antônia dos Reis

Universidade Federal do Triângulo Mineiro

INTRODUÇÃO: Lúpus eritematoso sistêmico (LES) é doença autoimune diagnosticada por critérios previamente estabelecidos, sendo 1 deles a nefrite lúpica (NL), caracterizada por glomerulonefrite (GN) mediada por imunocomplexos à imunofluorescência (IF). Porém, há pacientes que apresentam padrão típico de NL à biópsia renal, sem sinais clínicos ou sorológicos de LES, recebendo a denominação de nefrite “lúpus-like”. Neste trabalho, relatamos 2 casos em nosso serviço de nefrite “lúpus-like” e uma revisão de literatura sobre o tema.
RELATO DE CASOS: Caso 1 – Mulher, 13 anos, com edema de membros inferiores e cefaleia há 2 meses. Creatinina sérica 0. 65mg/dL, proteinúria de 24h 3. 2g, dosagem de C3 e C4 normal, ausência de sinais e sintomas de LES. FAN e anticorpo anti-DNA negativos. Biopsia renal revelou depósitos de imunocomplexos por IgA, IgG, IgM, kappa, lambda, C3 e C1q (“full house”), correspondente a NL Classe IV G A. Foi tratada com prednisona 20mg/dia e micofenolato mofetil 1440mg/dia. Após 6 meses, apresentou melhora parcial da função renal, sem sinais clínicos ou sorológicos de LES. Caso 2 – Homem, 31 anos, com edema de membros inferiores e dispneia há 3 meses. Creatinina sérica 1. 33, proteinúria de 24 horas 4. 3g, FAN negativo, dosagem de C3 e C4 normal e ausência de sinais e sintomas de LES. Biopsia renal revelou depósitos de IgG e C1q, depósito imune em parede vascular, correspondente a NL Classe IV S A/C. Foi tratado com metilprednisolona 1g por 3 dias e prednisona 60mg/dia. Após 6 meses, apresentou piora clínica e renal, sendo introduzida ciclofosfamida 100mg/dia, mas sem sinais clínicos ou sorológicos de LES.
DISCUSSÃO: Há padrões histopatológicos muito sugestivos de NL, como a GN proliferativa difusa com depósitos imunes à IF de IgG, encontrada em ambos os casos relatados, bem como depósitos glomerulares de IgG com co-depósitos de IgA, IgM, C3 e C1q (padrão “full house”), como no caso 1, e depósitos imunes extraglomerulares na membrana tubular basal, interstício e vasos sanguíneos, como no caso 2. Revisão da literatura mostra casos de nefrite “lúpus-like” que, após um período de tempo variável, desenvolveram sinais clínicos ou sorológicos de LES. Dessa forma, nos nossos 2 casos relatados optou-se pelo tratamento imunossupressor e acompanhamento ambulatorial. O tratamento e o prognóstico da nefrite “lúpus-like” ainda são incertos, embora dados sugiram pior prognóstico, quando comparados aos pacientes com NLque preencham os critérios para LES.


TLP: 391

Relato de caso: tetraparesia e incontinência urinária em paciente com hipocalemia severa

Autor(es): Thiago Lacerda Ataides; Marilia Rodovalho Guimaraes; Talita Clementino Moraes e Cunha; Jordana Eduardo Rezende; Mariana Pigozzi Veloso; Mauri Felix de Souza; Fabrício Alves Araújo; Valeria Soares Pigozzi Veloso; Edna Regina Silva Pereira

HC/UFG

INTRODUÇÃO: A síndrome de Gitelman (SG) é caracterizada por alcalose metabólica hipocalêmica com hipomagnesemia e baixa excreção urinária de cálcio, sendo conhecida como hipocalemiahipomagnesemia familiar. Apresenta padrão de transmissão autossômico recessivo, com prevalência estimada de 1:40. 000. A doença provoca alteração no funcionamento do cotransportador de NaCl sensível a tiazídicos por meio de diversas mutações já descritas na literatura médica. Costuma se manifestar na adolescência ou no início da idade adulta, com fraqueza muscular, tetania, parestesias faciais e condrocalcinoses.
DESCRIÇÃO: Paciente A. V. S. , 49 anos, sexo masculino, admitido em pronto-socorro com quadro de tetraparesia simétrica ascendente de início recente associada à incontinência urinária e sem alteração dos reflexos ou da sensibilidade. Foi submetido à avaliação da neurocirurgia e da neurologia e foram colhidos exames laboratoriais gerais. Constatada hipocalemia severa (K 1,6), refratária ao esquema de reposição endovenoso inicial. Não apresentava hipertensão arterial. Exames de imagem (tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas de crânio e coluna vertebral) sem alterações significativas e análise do líquor normal. Solicitada avaliação da nefrologia, que sugeriu a hipótese de síndrome de Gitelman. Colhidos novos exames laboratoriais que demonstraram alteração de função renal (creatinina sérica 2,0), urina I com leucocitúria e hematúria discretas, proteinúria de 24h não-nefrótica (1,24g) e hipocalciúria (56mg em 24h). Otimizada a reposição de potássio e iniciado o uso de diuréticos poupadores de potássio em altas doses. Paciente evoluiu com melhora completa do quadro neurológico inicial e segue em acompanhamento ambulatorial periódico em uso de espironolactona e reposição oral de potássio e mantendo tratamento conservador da doença renal crônica.
DISCUSSÃO: Por se tratar de uma doença rara, a SG dificilmente é considerada como possibilidade diagnóstica inicial em quadros neurológicos tão expressivos. Além disso, o diagnóstico da doença costuma ser feito em idades mais precoces, considerando que o paciente em questão não havia apresentado manifestações relevantes até o final da quinta década de vida. O presente caso pretende atentar para a importância de considerar as tubulopatias renais na vigência de distúrbios hidroeletrolíticos mais severos ou de difícil manejo clínico.


TLP: 392

Avaliação dos níveis pressóricos e glicêmicos de afro-descendentes residentes em comunidades remanescentes de quilombo no norte do Maranhão

Autor(es): Dyego José de Araújo Brito; Vinícius Giuliano Gonçalves Mendes; Giselle Andrade dos Santos Silva; João Victor Ribeiro; Karlla Sebasthyanna Miranda Martins; Felipe Brayon de Paiva Ericeira; Maria do Socorro Brasil Silva; Gilberto Castelo Branco Souza; Joyce Santos Lages; Natalino Salgado Filho

Universidade Federal do Maranhão

INTRODUÇÃO: Nos últimos anos, a Doença Renal Crônica (DRC) vem se apresentando como um sério problema de saúde pública, sendo considerada uma “epidemia” de crescimento alarmante. No Brasil, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e o diabetes mellitus (DM) são as principais causas da doença, correspondendo por mais de 60% dos casos. Em grupos étnicos minoritários, HAS e DM tendem a ser frequentemente subdiagnosticadas em virtude do baixo acesso aos serviços de saúde.
MÉTODOS: Estudo descritivo, transversal, com o objetivo de diagnosticar níveis pressóricos e glicêmicos alterados em população afro-descendente submetida a rastreio de DRC, sem diagnóstico prévio de HAS e DM. Para cada indivíduo que participou do estudo foi aplicado um questionário, no qual foi interrogado o diagnóstico prévio de HAS e DM. Além disso, foram realizadas três aferições da pressão arterial com o aparelho Omron 705-IT e dosada a glicemia no soro após jejum de 12h. Todos os pacientes assinaram o TCLE. Os dados foram analisados através do programa Stata 12. 0.
RESULTADOS : Foram avaliados 1448 indivíduos, em 32 comunidades remanescentes de quilombo no norte do Maranhão. A média de idade do grupo foi de 44,3 (±17,6) anos, sendo 791 (54,6%) pessoas do sexo feminino. Foram identificados 301 (20,8%) indivíduos com diagnóstico prévio de HAS e 69 (4,8%) com DM. Dentre os pacientes sem diagnóstico prévio de HAS (1147 pessoas), 316 (27,6%) apresentaram pelo menos 1 medida de PAS>140mmHg e 159 (13,9%) pelo menos 1 medida de PAD>90mmHg. Foi identificada medidas elevadas de PAS e PAD nas três aferições em 125 (12,6%) e 142 (13,0%) pessoas, respectivamente. Em relação aos níveis glicêmicos dos pacientes sem diagnóstico prévio de HAS, observou-se que em 380 (33,1%) casos a glicemia de jejum estava entre 100-126mg/dL e em 40 (3,5%) casos a glicemia foi superior a 126mg/dL.
CONCLUSÃO: O estudo identificou significativa ocorrência de níveis pressóricos e glicêmicos elevados na amostra avaliada. O diagnóstico da HAS e DM nas populações é importante para o início precoce do tratamento e prevenção das complicações crônicas relacionadas a estas duas patologias, em especial a DRC.


TLP: 393

Avaliação da taxa de filtração glomerular em portadores de hipertensão arterial sistêmica acompanhados em unidades básicas de saúde no município de São Luís (MA)

Autor(es): Marília Fábia Bentivi Andrade; Dyego José de Araújo Brito; Elton Jonh Freitas Santos; João Victor Leal Salgado; Francisco das Chagas Monteiro Junior; Alcione Miranda dos Santos; Natalino Salgado Filho

Universidade Federal do Maranhão

INTRODUÇÃO: Hipertensão arterial sistêmica é a principal causa de doença renal crônica (DRC) no Brasil. Monitorar a taxa filtração glomerular (TFG) de hipertensos permite adotar medidas para diminuir a ocorrência ou flagrar a DRC em estágios iniciais.
MÉTODOS: Com o objetivo de avaliar a TFG de hipertensos e relacionar os resultados com as características clinico-laboratoriais e sócio-demográficas, foi realizado um estudo transversal no período de agosto de 2010 a janeiro de 2011, incluindo 273 hipertensos cadastrados no Programa HiperDia, sendo acompanhados em duas Unidades Básicas de Saúde de São Luís (MA). Foram avaliados dados sócio-demográficos e clínico-laboratoriais dos pacientes. A TFG foi estimada pelas fórmulas do MDRD e CKD-EPI. Foram incluídos pacientes _20 anos de ambos os sexos.
RESULTADOS: A média de idade foi de 61,8 ± 12,3 anos com predomínio do sexo feminino (75,5%), sobrepeso (41,9%) e cor parda (63,24%). 29,5% eram diabéticos. A prevalência de TFGe<60ml/min foi de 13,19% pelo estudo MDRD e 15,38% pelo CKD-EPI. Houve forte correlação entre as fórmulas dos 2 estudos. Observou-se associação estatisticamente significante entre idade _60 anos e LDL-colesterol alterado com redução da TFGe.
CONCLUSÕES: A elevada prevalência de TFGe reduzida reforça a necessidade de avaliação periódica da TFG em hipertensos, objetivando prevenção primária e secundária da DRC. Hipertensos idosos e com outras comorbidades merecem atenção especial. As fórmulas de MDRD e CKD-EPI são igualmente eficazes para estimar a TFG.


TLP: 394

O papel da microscopia eletrônica no diagnósticodiferencial das glomerulopatias: relato de caso

Autor(es): Guilherme de Resende Raposo; Alysson Coimbra de Souza Carvalho; Frederico Macedo da Rocha; Stanley de Almeida Araújo

Hospital SOCOR

O presente relato de caso tem como objetivo demonstrar a importância da microscopia eletrônica(ME) no diagnóstico diferencial das glomerulopatias e como suporte para definição de terapêutica.
Feminino, 52 anos, natural e proveniente de Belo Horizonte, encaminhada para nefrologista devido a disfunção renal. Relatava três surtos de edema generalizado e elevação de níveis pressóricos nos últimos dois anos. História pregressa de hipotireoidismo e hipertensão arterial. Propedêutica inicial evidenciou proteinúria nefrótica, disfunção renal com ritmo de filtração glomerular em torno de 35 ml/min e rins de tamanho normal com discreto aumento de ecogenicidade. Demais exames normais, incluindo sorologias para hepatites B e C, HIV, complementos, ANCA C e P, pesquisa de crioglobulinas, imunofixação de proteínas séricas e urinárias, glicohemoglobina. Submetida a biópsia renal e realizados microscopia óptica(MO) e imunofluorescência(IMF) e reservado fragmento para ME. Os resultados iniciais levantaram possibilidade de glomerulopatia mesangioproliferativa idiopática, glomerulopatia fibrilar, por fibronectina, membranoproliferativa, imunotactóide, amiloidose e nefropatia diabética classe IIB.
Diante da indefinição diagnóstica, optado por realizar ME que evidenciou um glomérulo com borramento dos pedicelos e fusão de muitos deles; frequentes depósitos estruturados (fibrilas) dispostos difusamente, principalmente no mesângio, variando entre 25 e 29 nm, podendo corresponder principalmente a chamada Glomerulopatia Fibrilar.
Somente com a realização da ME foi possível confirmar o diagnóstico e assim, definir o melhor tratamento. Foram instituídas medidas de nefroproteção e antiproteinúricas uma vez que a maioria dos casos de Glomerulopatia Fibrilar não apresenta boa resposta ao tratamento imunossupressor e os pacientes acabam evoluindo para doença renal crônica terminal independentemente do tratamento instituído.


TLP: 395

Criptococose disseminada em paciente com Nefrite Lúpica – Relato de Caso

Autor(es): Rafael de Almeida; Ellen Simionato Valente; Bruno Lopes Koech; Mauricio da Costa Lazzarin; Alexander Gonçalves Sacco; Umberto Lopes de Oliveira Filho; Hiram Laranjeira de Almeida Jr; Maria Gertrudes Fernandes Pereira Neugebauer

Universidade Federal de Pelotas

INTRODUÇÃO Cryptococcus neoformans é um importante patógeno oportunista que causa infecção fúngica grave, mais freqüente em pacientes imunossuprimidos, como doentes infectados pelo vírus HIV, uso crônico de corticosteróides, drogas imunossupressivas, Lupus Eritematoso Sistêmico (LES), doenças malignas e após transplante de órgão. Embora a infecção criptocócica geralmente se apresente como meningite, o envolvimento da pele está presente em aproximadamente 10 a 20 % dos casos. E, quando disseminada apresenta um desfecho ruim se não reconhecida e tratada precocemente.
DESCRIÇÃO DO CASO Paciente do sexo feminino, 17 anos, branca, hipertensa, LES há 2 anos em uso de medicações imunossupressoras, Nefrite Lúpica classe 4 com diagnóstico há 3 meses, com início simultâneo de Hemodiálise por cateter duplo lúmen. Queixa de nódulos cutâneos eritematosos em membros superiores e inferiores, associado a febre, cefaléia e confusão mental. Ao exame físico apresentava edema de membros inferiores, nódulos fibroelásticos e dolorosos à palpação, e febre. Exames laboratoriais sem alterações significativas. Iniciado Gentamicina e Cefepime no quarto dia de internação. Como a paciente manteve picos febris e apresentou piora da lesão e do edema de membro inferior direito, com sinais flogísticos, optou-se por associar Vancomicina. Hemocultura inconclusiva e a princípio com Candida sp. Iniciado Fluconazol a fim de tratar a candidemia. Realizada biópsia da lesão nodular, que na cultura e exame anatomopatológico evidenciou Cryptococcus Neoformans. Hemocultura revisada por equipe do Laboratório que concluiu tratar-se do mesmo microorganismo da cultura de tecido cutâneo. Suspenso Fluconazol e iniciado terapia única com Anfotericina B no décimo segundo dia de internação. Paciente ainda em tratamento e investigação para neurocriptococose.
DISCUSSÃO Doença criptocócica cutânea geralmente representa a disseminação hematogênica da criptococose, como demonstrado pela hemocultura e biópsia de pele, ambas positivas, apresentadas pela paciente. O envolvimento do Sistema Nervoso Central é a manifestação mais comum da doença disseminada, e a investigação através de exames de imagem e líquor estão em andamento no caso em questão. Apesar disso, de acordo com estudos, a evolução não difere significativamente entre pacientes com doença disseminada ou neurocriptococose. O tratamento com Anfotericina B é longo e de manutenção, seguido pelo uso profilático de Fluconazol.


TLP: 396

Um Projeto de Educação em Saúde para Alunos do Ensino Médio Visando a Prevenção Primária da Hipertensão Arterial e a Promoção da Saúde

Autor(es): Luciana Canabarro; Raquel Aparecida de Oliveira; Fernando Antonio de Almeida

Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC/SP, campus Sorocaba-SP

INTRODUÇÃO: A hipertensão arterial (HA) é uma doença muito prevalente, com graves consequências pessoais, sociais e para o sistema de saúde. Os fatores predisponentes para a doença já estão presentes na adolescência e, nesta idade, os mais frequentes são os antecedentes familiares e o excesso de peso. Em estudos anteriores mostramos que aproximadamente 15% dos jovens já apresentam valores elevados da pressão arterial (PA) e os valores pressóricos estão associados ao índice de massa corporal.
Os objetivos deste estudo foram identificar o conhecimento que os jovens têm sobre a HA e que estratégias propõem para motivar seus pares a terem atitudes saudáveis reduzindo o risco de desenvolver a doença no futuro e, desta forma, utilizando a linguagem dos jovens, fazer a prevenção primária da doença e a promoção da saúde.
MÉTODOS: Realizamos duas sessões de grupos focais com alunos do segundo ano do ensino médio em três escolas de uma cidade de grande porte (600. 00 habitantes). Uma escola estadual na periferia, uma estadual técnica no centro e uma particular localizada em área nobre da cidade, cujos indicadores sociais foram crescentes, nesta ordem. Os depoimentos e discussões foram gravadas, transcritas e submetidas à análise temática pelo método de Minayo.
RESULTADOS: Nas três escolas observamos que os alunos têm conhecimento razoável da doença, dos seus fatores de risco e consequências a longo prazo. Muitos têm familiares com HA. As sugestões para motivar o comportamento saudável e prevenir a doença variou de acordo com o nível social dos alunos, porém, todas apontaram para estratégias criativas e participativas. Na escola da periferia foram sugeridos jogos motivadores para serem utilizados nas salas de aula e concurso de rap tendo educação a prevenção da HA como tema central. Na escola técnica predominaram as sugestões desenvolvidas nas redes sociais via internet, interatividade, reflexão sobre o tema e a participação ativa da escola e instituições governamentais e não governamentais. Na escola particular, os alunos sugerem utilizar os meios eletrônicos com jogos e desafios que tenham como tema a HAe os cuidados que envolvem a doença.
CONCLUSÕES: Os alunos do ensino médio compõem um rico território para se trabalhar a promoção de saúde e a prevenção primária de doenças prevalentes. Os estudantes estão muito motivados a participar deste processo educativo.


TLP: 397

Doença de whipple e envolvimento renal – um diagnóstico dificil

Autor(es): Claudia Maria Costa de Oliveira; Larissa Costa de O. Santos; Roberto Melo; Marco Aurelio Ferreira da Costa; Luiz A. Moura; Marcos Kubrusly

Faculdade de Medicina UniChristus

INTRODUÇÃO: A doença de Whipple (DW) é uma doença multissistêmica rara, causada pelo bacilo Tropheryma whipplei, com quadro clínico variável, o que dificulta seu diagnóstico. Envolvimento renal tem sido raramente descrito.
DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente masculino, 75 anos, procurou assistência médica há 3 anos com quadro de insuficiência renal aguda não oligúrica: aumento de creatinina de 1,2 para 6,6 mg/dl; sumário de urina com proteinúria, hematúria e leucocitúria; PTN de 1,5 g/24 hs; ultrassom com rins de tamanho normal e aumento da proteína C reativa (PCR). Investigação para doenças glomerulares, vasculites, sarcoidose, gamopatias e neoplasias foi negativa. Sem história de exposição a drogas ou toxinas. Biópsia renal revelou nefrite túbulo-intersticial crônica com padrão granulomatoso incompleto, sendo tratado com corticoterapia. Evoluiu com recuperação da função renal (creatinina 1,4-1,5 mg/dl), PTN entre 370-670 mg/24 hs, hematúria/leucocitúria ao sumário de urina, além de PCR sempre elevada. Nos dois anos seguintes, apresentou 2 episódios de trombose venosa profunda e 1 de embolia pulmonar, ficando em uso de anticoagulante oral. Evoluiu ainda com tonturas, síncope ao caminhar, poliartralgias, disfonia, tremores em membros superiores e dificuldade na marcha, sem conclusão diagnóstica. Posteriormente apresentou quadro de anorexia, perda de peso e rash cutâneo em tronco e membros. Uma biópsia de pele foi compatível com DW, o que foi confirmado em biópsia de duodeno, sendo tratado com ceftriaxona EV 15 dias, seguido de Bactrim oral 15 meses. Houve ganho de peso, resolução das tonturas, síncopes e artralgias, além de normalização do sumário de urina, da PTN 24 horas e da PCR.
DISCUSSÃO: O diagnóstico de DW é muitas vezes difícil, devido evolução crônica e persistente, com manifestações clínicas variadas. No presente caso, o paciente apresentou evolução de 3 anos, com quadro de nefrite, poliartralgias, envolvimento neurológico e cutâneo, provas inflamatórias alteradas e tendência trombótica (relacionada com aumento da atividade prócoagulante dos monócitos). O envolvimento renal é infrequente na DW, tendo sido descrito amiloidose renal e glomerulonefrite embólica secundária à endocardite vegetante, mas nefrite intersticial granulomatosa não tem sido relatada. Houve resolução completa das alterações urinárias e da PTN de 24 hs com a antibioticoterapia, levando a crer que as alterações histológicas renais representavam envolvimento renal da doença.


TLP: 398

Hipertensão arterial e comorbidades associadas emindivíduos encaminhados ao Centro HIPERDIA de Juiz de Fora/Minas Gerais

Autor(es): Chislene Pereira Vanelli; Elaine Amaral de Paula; Christiane Chaves Augusto Leite Simão; Mayra Zanon Casagrande; Katiana Vinha de Sousa; Darcília Maria Nagen da Costa; Marcus Gomes Bastos; Fernando Antônio Basile Colugnati; Mônica Barros Costa; Rogério Baumgratz de Paula

Universidade Federal de Juiz de Fora

INTRODUÇÃO: As doenças crônicas não transmissíveis estão associadas com elevada morbimortalidade e altos custos financeiros ao sistema público de saúde. Dentre estas, destaca-se a hipertensão arterial sistêmica (HAS), doença de elevada prevalência e associada a complicações metabólicas, renais e, sobretudo, cardiovasculares. A prevenção e o controle da HAS e seus fatores de risco são essenciais e representam um desafio à Saúde Pública. Diante dessa realidade, foi implantado o programa HIPERDIA Minas no estado de Minas Gerais, Brasil, visando garantir assistência especializada à, entre outros, indivíduos com HAS grave.
OBJETIVO: Descrever o perfil sociodemográfico e clínico de hipertensos, cadastrados e atendidos para o controle da HAS no programa HIPERDIA Minas, em Juiz de Fora/MG.
CASUÍSTICA E MÉTODOS: Estudo descritivo, no qual foram analisados 943 prontuários de usuários hipertensos graves cadastrados no programa HIPERDIAMinas de Juiz de Fora entre setembro/2010 a agosto/2012.
RESULTADOS: A média de idade foi de 59±13,1 anos, sendo 61% do sexo feminino, 84% da raça não branca, 59% casados e 38% com renda de até três salários mínimos. A maioria dos indivíduos (78%) relatou ter até 8 anos de escolaridade. Sedentarismo, tabagismo e etilismo estiveram presentes em 69, 13 e 18% dos indivíduos, respectivamente. Níveis pressóricos acima de 140X90mmHg foram observados em 73% da amostra, sendo a média da pressão arterial sistólica 151±28,3mmHg e da pressão arterial diastólica 91±15,9mmHg. A média do índice de massa corporal foi de 31±6,9kg/m2, e da circunferência da cintura de 103±4,1cm, sendo ambas mais elevadas no sexo feminino. Hipertrigliceridemia foi detectada em 45% dos indivíduos e 67% apresentavam elevação dos níveis de colesterol LDL. Baseado no escore de Framingham modificado, 35% dos indivíduos avaliados possuíam alto risco de apresentar eventos cardiovasculares nos próximos 10 anos. Disfunção diastólica foi observada em 76% da amostra e hipertrofia ventricular esquerda (HVE) em 46%. Aproximadamente 42% dos usuários apresentavam índice tornozelo braço alterado e 50% tinham taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) <60 mL/min.
CONCLUSÕES: Hipertensos graves encaminhados ao centro de atenção secundária a saúde apresentam controle inadequado da pressão arterial, sendo frequente a associação com a obesidade, sobretudo do tipo abdominal. Essa população apresenta elevada frequência de disfunção diastólica, redução da TFGe e elevado risco cardiovascular.


TLP: 399

Relato de caso de Nefropatia por IgA em portador de Retocolite Ulcerativa

Autor(es): Eduardo Jorge Duque de Sá Carneiro Filho; Beatriz Seves de Holanda; Lilian Cordeiro; Gilsemar E. C. Boavida; Simone Chinwa Lo; Denise M. A. C. Malheiros; Luis Yu; Lectícia Barbosa Jorge; Cristiane Bitencourt Dias; Viktoria Woronik

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

INTRODUÇÃO: A nefropatia por IgA (IgAN) ocorre frequentemente em associação a outras patologias, como doenças inflamatórias intestinais. Apresentamos um caso de IgAN em portador de retocolite ulcerativa.
RELATO: Homem, 62 anos, portador de retocolite ulcerativa com diagnóstico endoscópico há 8 anos, em uso de sulfassalazina, sem episódios de atividade há 2 anos. Hipertenso há 13 anos e portador de doença arterial coronariana. Há 1 ano com edema de membros inferiores de caráter intermitente. Seis meses antes da internação houve piora importante do sintoma com surgimento de urina espumosa. Negava sintomas prostáticos. Na admissão, tinha PA de 160/90 mmHg e edema de membros inferiores. Aos exames laboratoriais, hemoglobina 12g/dL, urina tipo-1 com proteinúria superior a 1 g/L, 3 leucócitos e mais de 100 eritrócitos por campo. Proteinúria de 24 horas era de 4,35 g, C3 123 mg/dL, C4 27 mg/dL, albumina 3,3 g/dL, colesterol total 223 mg/dL, IgA sérica 584,2 mg/dL (normal até 382), provas reumatológicas sem alterações. Biópsia renal: Nefropatia por IgA, forma esclerosante segmentar e focal e proliferativa mesangial com achados sugestivos de microangiopatia prévia de provável etiologia hipertensiva.
DISCUSSÃO: Estudos sugerem que a patogênese da IgAN envolve a galactosilação anormal da molécula de IgA na região de dobradiça, permitindo ligação anômala dos complexos às células mesangiais glomerulares. O diagnóstico é estabelecido pela imunofluorescência com achado de depósitos glomerulares de IgA. Ambruzs et al. (2013) descreveram a IgAN como o tipo de glomerulopatia mais frequentemente encontrado em casos de doença de crohn ou retocolite ulcerativa, respondendo por 24% dos pacientes que apresentaram alteração da função renal ou proteinúria nefrótica associada a doença inflamatória intestinal.
CONCLUSÃO: Apesar de encontrar-se em remissão de doença inflamatória intestinal, o paciente referido desenvolveu alteração de função renal, proteinúria nefrótica e hematúria atribuídas a hipertensão de longa data e IgAN. De acordo com estudos recentes, tanto a IgAN, quanto o desenvolvimento de doença inflamatória intestinal estão relacionados a suscetibilidade genética gerada pelo HLA-DR1, o que justificaria a ocorrência de ambas as patologias no mesmo paciente.


TLP: 399

Biopsia renal percutânea realizada por residentes em centroacadêmico: alta eficiência e baixas taxas de complicações

Autor(es): Alcino P Gama; Elerson Costalonga; Lilian Carmo; Renato A Caires; Janaina A M Ramalho; Vivian L Onusic; Cristiane B Dias; Luis Yu; Lecticia B Jorge; Viktoria Woronik

Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

INTRODUÇÃO: Estima-se que cerca de 15% das biopsias renais percutâneas cursem com algum grau de complicação hemorrágica. Avaliamos a incidência de complicações associadas a este procedimento em um hospital terciário cujas biópsias são realizadas por residentes em nefrologia sob supervisão.
MÉTODOS: Biopsias renais realizadas entre 2009 e 2013 foram analisadas retrospectivamente. Todos os procedimentos foram realizados em doentes internados e guiado por ultrassonografia. Todos os doentes deveriam ter PA <140/90mmHg, Hb>10g/dl, plaquetas >100. 000, ureia<140mg/dl e RNI>1. 2. Após o procedimento, os mesmos foram observados por 24h.
RESULTADOS: Dos 668 procedimentos realizados, 94% das amostras foram satisfatórias. A principal indicação clínica foi síndrome nefrótica (38%), seguido por síndrome nefrítica (19%) e nefrite lúpica (12%). 69 sujeitos (10%) evoluíram com um delta-Hb_1. 5g/dL e este grupo apresentava maior creatinina sérica (sCr) no baseline. Três sujeitos (0,45%) foram submetidos a arteriografia e não houve óbitos relacionados ao procedimento. Baseado na curva ROC (AUC 0. 81, C I 0. 78-0. 84), o melhor cutoff para sCr para identificar pacientes com risco aumentado de complicações hemorrágicas foi 1,5mg/dl.
CONCLUSÃO: Biopsia renal percutânea pode ser realizada com segurança por médicos residentes, com baixos índices de complicações hemorrágicas.


TLP: 401

Avaliação da Função Renal de Pacientes em Tratamento de Leishmaniose Tegumentar

Autor(es): Daniela Valentini Fernandes; André Brunheroto; Fátima Maria de Oliveira Rabay; Gilson Fernandes Ruivo

Universidade de Taubaté – UNITAU

INTRODUÇÃO: As leishmanioses constituem importante problema de saúde pública mundial. No tratamento da Leishmaniose Tegumentar (LT) o fármaco mais utilizado é a N-metil-glucamina, devido sua maior atividade e menor toxicidade. Entretanto, demonstrou-se nefrotoxicidade com o seu uso, com risco para lesão renal aguda (LRA). O objetivo do estudo foi verificar se há alteração da função renal, durante o tratamento da LT.
MÉTODOS: Estudo transversal, com uso de um formulário para coleta de dados de prontuários médicos e de fichas de notificação compulsória de 31 pacientes internados para tratamento de LT. Coletou-se dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais da LT. A lesão renal aguda foi estratificada através da Acute Kidney Injury Network (AKIN). O tratamento foi realizado com Glucantime® em dose preconizada. Considerou-se significativo p<0,05.
RESULTADOS: Amostra (n=31) com média etária de 49 anos, com predomínio de homens (n=18, 58,1%), raça branca (n=18, 58,1%), e residentes em área urbana (n=22), com ensino fundamental completo (n=15). Um paciente apresentou co-infecção com o HIV. Entre os dados clínicos, 29,4% (n=8) dos casos são de LT cutânea, 12,9% (n=4) são LT mucosa e 61,3% (n=19) LT cutânea e mucosa. Cinco pacientes apresentavam cicatriz cutânea de lesão anterior. Todos os casos tiveram confirmação laboratorial, sendo o método mais empregado a histopatologia. O tempo médio de tratamento foi de 30 dias, com recidiva da lesão em apenas um caso. Houve cura da LT na maioria dos pacientes (96,8%). Observou-se alteração da função renal em 64,5% (n= 20) dos pacientes de acordo com a escala de AKIN, sendo: 12 pacientes no estágio 1 (60,0%), 7 no estágio 2 (35,0%) e um caso no estágio três (5,0%). Quatro pacientes já apresentavam alteração da função renal prévia, agravando-se com o tratamento medicamentoso específico para LT. Foi necessária a interrupção temporária da medicação devido à nefrite intersticial aguda em um paciente, mas com recuperação da função renal. Um paciente necessitou de diálise e todos mostraram recuperação da função renal após o término do tratamento. Não observou-se outras complicações clínicas durante o tratamento para LT que pudesse interferir na função renal de forma evolutiva.
CONCLUSÃO: Pacientes tratados para LT apresentaram alteração da função renal por provável nefrotoxicidade, sendo necessário o controle laboratorial da função renal durante sua realização, com o intuito de diagnosticar e tratar a lesão renal.


TLP: 402

Fístula arteriovenosa associada a aneurisma da veia de drenagem: complicação tardia de biópsia renal e correçãoendovascular

Autor(es): A. Santos; C. Abath; V. Pinheiro; M. Henriques

Uninefron – Unidade Nefrológica

INTRODUÇÃO: Existem tres tipos de fístula arteriovenosa renais (FAVR): as congênitas, idiopáticas e adquiridas . Essas últimas são as mais frequentes, representando cerca de 75% de todas as FAV renais. Dentro destas as mais comuns são as associadas à biópsia renal percutânea guiada por ultrassonografia (Bx), lesões por traumatismo e cirurgias renais percutâneas.
MATERIAIS E MÉTODOS: Relatamos o caso da paciente M. V. C. M. , 44 anos, submetida à Bx, em 2007, para investigação de hematúria com diagnóstico de glomerulopatia por IgM. Evoluíra assintomática e boa resposta ao tratamento nefrológico, até 2012, quando apresentou quadro de pielonefrite aguda tratada com quinolona, mantendo dor lombar E desde então. Posteriormente evoluíra com hipertensão arterial sistêmica. Realizamos investigação laboratorial e por imagem. Uma tomografia com contraste mostrou em rim E, estruturas vasculares captantes no terço médio e inferior do sistema coletor, sugerindo uma patologia de natureza vascular, podendo representar uma malformação ou FAV. A arteriografia evidenciou FAV de alto débito entre um ramo intraparenquimatoso da artéria renal esquerda e a veia correspondente, associada à dilatação aneurismática da veia de drenagem. O tratamento fora realizado através do microcateterismo superseletivo do ponto fistuloso, ocluindo-se o mesmo com micromolas destacáveis, associadas com a substância ônix. O controle angiográfico mostrou completa exclusão da FAV, com preservação de todo o parênquima normal. Apenas pequena cunha de parênquima no terço médio foi sacrificada, sem repercussão clinica.
DISCUSSÃO: A FAV consiste em uma comunicação anormal entre o sistema venoso e arterial. A forma adquirida de FAVR é mais frequente (70 a 80%) e sua incidência tem aumentado, devido ao número crescente de Bx. O tratamento percutâneo atualmente é considerado padrão, e visa erradicar os sintomas e efeitos hemodinâmicos decorrente das FAVR. É usualmente realizado por embolização transarterial, obtendo oclusão completa do aneurisma e sem comprometimento do fluxo arterial, revertendo a isquemia e preservando o parênquima renal.
REFERÊNCIAS: LUPATTELLI T Giant high flow arteriovenous fistula treated by percutaneous embolization. Urology, 2003 Wickre GG Complications of percurtaneous needle biopsy of the kidney. Am J . Nephrol 1982:2:173-178


TLP: 403

Acometimento Renal na Sindrome de POEMS: relato de caso

Autor(es): Itamara Pereira Danucalov; Maria Fernanda Soares; Bruna Cristina Opolski; Marcelo Mazza do Nascimento; Domingos Candiota Chula

Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná

A Síndrome de POEMS é uma condição paraneoplásica rara causada por alterações plasmocitárias, com produção de gama globulina monoclonal e citocinas pró inflamatórias, sendo a principal o VEGF (fator de crescimento do endotélio vascular). Foi descrita em 1938 e o acronimo corresponde à Polineuropatia, Organomegalia, Endocrinopatia, pico Monoclonal e lesões de pele (“Skin”). Seu diagnóstico é um desafio clínico e o acometimento renal deve atentar o nefrologista para a possibilidade diagnóstica . Apresentamos o caso de um paciente masculino, 49 anos, com parestesias e paresia de membros inferiores com 3 anos de evolução, associado à edema. Apresentou na evolução disenteria, piora da função renal e fenômeno de Raynaud. Apresentava edema de membros inferiores, força muscular grau III e parestesias, Hemoglobina de 16 g/dL, leucocitose, creatinina de 1,4mg/dL, proteinúria de 24h com 711mg, imunoeletroforese de urina com padrão monoclonal IgA/lambda, testosterona sérica 140ng/dL, prolactina 63 ng/mL, TSH 8,4 µU/mL. Eletroneuromiografia demonstrou polirradiculoneuropatia inflamatória periférica desmielinizante crônica. A colonoscopia evidenciou colite inespecifica e a biópsia de Medula Óssea plasmocitose peritrabecular. Realizada biópsia renal: glomerulomegalia, expansão moderada de matriz e celularidade mesangiais e sinais mesangioliticos difusos. Para diagnóstico da sindrome de POEMS é necessário presença de polineuropatia e desordem plasmocitária com pico monoclonal, associados à doença de Castleman, lesões ósseas ou elevação de VEGF. O acometimento renal em POEMS pode apresentar-se como insuficiência renal, proteinúria (menor que 1g/24h) ou hematúria glomerular. Há descrição desse acometimento em até 71% dos pacientes, se considerada cistatina C sérica. Os achados patológicos em POEMS são variados e incluem características de membranoproliferativa e evidências de injúrias endoteliais: há expansão mesangial, diminuição da luz capilar, espessamento da membrana basal, depósitos subendoteliais, edema e vacuolização endoteliais e mesangiólise. Nas principais séries, baqueteamento digital e sobrecarga de volume tiveram relação com a mortalidade, insuficiência renal foi causa de óbito em 4% dos pacientes na série da Mayo Clinic. A sobrevida varia, com relatos de 12 a 33 meses, até mediana de 165. É imprescindível o reconhecimento dessa Síndrome pelos Nefrologistas, uma vez que o acometimento renal ocorre na maioria dos pacientes e pode ter correlação prognóstica.


TLP: 404

Nefrotoxicidade por Tenofovir: Relato de Caso e Mecanismos Fisiopatológicos

Autor(es): Itamara Pereira Danucalov; Maria Fernanda Soares; Bruna Cristina Opolski; Marcelo Mazza do Nascimento; Domingos Candiota Chula; Juliane Carla Seganfredo

Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná

Desde a descoberta do HIV houve redução da mortalidade nos pacientes infectados e aumento da prevalência desta infecção. Isso se deveu ao uso da terapia antirretroviral (TARV), que contribuiu também na mudança do panorama das doenças renais no portador de HIV. A nefropatia associada ao HIV, associada à casos mais avançados da infecção, teve queda em sua incidência e passou-se a diagnosticar mais frequentemente nefrotoxicidades relacionadas à TARV, sendo o tenofovir (TDF) um importante antirretroviral nefrotóxico. Apresentamos o caso de uma paciente de 40 anos, com diagnóstico de HIV há 11 anos, abandono de tratamento nos últimos 5 anos, e retorno há 2 meses de TARV, com TDF, lamivudina, lopinavir e ritonavir. Internou com quadro de astenia, náuseas, com diagnóstico de Insuficiência Renal Aguda (IRA), com Creatinina de 5,9 mg/dL e Uréia 114 mg/dL. Na investigação, CD4 93/ml, traços de proteínas em parcial de urina, ultrassom de vias urinárias com rins de tamanho normal e aumento da ecogenicidade do parênquima renal. Excluiram-se causas de IRA pré renal e obstrutiva. A biópsia renal revelou epitélio tubular, principalmente proximal, com alterações degenerativas e regenerativas em grau moderado e focos de apoptose e cilindros celulares e atrofia tubular em 20% da extensão cortical. Interstícios com alargamento fibroso discreto e difuso. Glomérulos com estrutura geral inalterada, sem lesões proliferativas intra e extracapilares. Sem lesões vasculares evidenciadas. Diagnosticou-se nefrotoxicidade associada ao TDF e optou-se pela troca do TDF por abacavir, mantendo os demais antirretrovirais. Dados da literatura sugerem que até 10% dos pacientes que utilizam TDF desenvolvem IRA, estudos com necrópsia demonstram até 81% de qualquer grau de acometimento renal. O mecanismo de nefrotoxicidade é o acúmulo da droga no Tubulo Contorcido Proximal, com inibição enzimática e da sintese de DNA mitocondrial, causando danos estruturais mitocondriais, stress oxidativo e perda da capacidade absortiva tubular, o que se traduz histologicamente por Necrose Tubular Aguda (NTA), ectasia tubular, inclusões eosinofílicas nas células tubulares, que representam as mitocôndrias gigantes encontradas na microscopia eletrônica. Outros fatores contribuem com a nefrotoxicidade do TDF, como CD4 abaixo de 200 e a associação com determinados antirretrovirais, como nesse caso em específico. O caso fortalece a importância da vigilância da função renal nos pacientes que estão em uso de TDF.


TLP: 405

Lesão renal por Inibidor de Tirosino-quinase: Relato de Caso

Autor(es): Itamara Pereira Danucalov; Maria Fernanda Soares; Bruna Cristina Opolski; Marcelo Mazza do Nascimento; Domingos Candiota Chula; Mariana Marins Canever; Leticia Rosevics

Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná

Sunitinibe é um inibidor de multiplos receptores de tirosino-quinases, como fatores de crescimento endotelial vascular (VEGFRs) e fatores de crescimento derivados de plaquetas (PDGFR), e é utilizado no tratamento de neoplasias, como GIST (tumor estromal do trato gastrointestinal) e carcinoma de células renais avançado. Como consequência do maior uso deste medicamento, têm sido reportados casos de proteinúria, associado à disfunção renal. Relatamos o caso de um paciente, sexo feminino, 15 anos, com carcinoma papilífero de células renais metastático que se apresentou com anasarca, hipertensão e oligúria à admissão hospitalar, tinha função renal prévia normal e estava em uso do sunitinibe nos últimos 5 meses, na dose de 50 mg/dia por duas semanas com intervalo de 21 dias entre os ciclos. Exames laboratoriais mostraram insuficiência renal aguda e proteinúria maciça (5,205 g/24 horas). Excluídas causas pré ou pós-renais. Foi realizada biópsia renal que evidenciou alterações glomerulares de padrão microangiopático, com edema subendotelial, mesangiólise e células espumosas endoteliais, alterações degenerativas tubulares em grau discreto à moderado e ausência de alterações túbulo-intersticiais de cronicidade. A paciente nao apresentava características clínico-laboratoriais de microangiopatia trombótica. Foi instituído tratamento com furosemida em altas doses e anlodipino e, tendo em vista o resultado da biópsia, foi suspenso o sunitinibe. Paciente recebeu alta com normalização da função renal e da anasarca, redução significativa da proteinúria e normalização do perfil pressórico, com plano de seguimento ambulatorial. Estudos sugerem que a proteinúria associada ao sunitinib ocorreria por perda das fenestrações dos capilares glomerulares, pois inibe o VEGF expresso nos podócitos, que age nos receptores de VEGF presentes nos capilares glomerulares, e reduz ou inibe a nefrina, proteína com importante papel na construção do diafragma glomerular, que recobre as fendas podocitárias. Biópsias frequentemente revelam padrão de microangiopatia trombótica, com predomínio de endoteliose e alterações membranoproliferativas. Em alguns casos individualizados a medicação deve ser suspensa e seu uso descontinuado permanentemente. O presente caso sugere que os pacientes que estão em uso do sunitinib devem ter sua função renal monitorizada e controlada para evitar que essas complicações evoluam para danos irreversíveis.


TLP: 406

Ingesta de sódio em pacientes nos estágios 3-5 da doençarenal crônica: identificando os top 10 alimentos maisconsumidos

Autor(es): Andrea E C Hallvass; Cyntia Leinig; Rebeca R de Paula; Lígia M Claro; Roberto Pecoits-Filho

Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Curitiba, Brazil

INTRODUÇÃO: Elevados níveis de sódio (Na) na dieta são associados com pressão sanguínea elevada, complicações cardiovasculares e progressão da doença renal crônica (DRC). Em pacientes com DRC, o Na na dieta pode ter efeito importante sobre a proteinúria, a eficácia da terapia farmacológica antiproteinúrica, controle da hipertensão arterial e manutenção de um estado volêmico ideal. O objetivo do estudo foi identificar as fontes de Na em um grupo de pacientes portadores de DRC não recebendo terapia dialítica.
MÉTODOS: Foram incluídos pacientes com DRC de qualquer causa em estágio 3-5, participantes do estudo prospectivo, randomizado e controlado SALTED, no momento em que foram randomizados. Foi um estudo transversal, observacional. A avaliação da ingesta alimentar foi realizada pelo diário de 3 dias preenchido pelo paciente e conferido pela nutricionista responsável. A análise do Na alimentar foi realizada pelo software Avanutri.
RESULTADOS: 60 pacientes foram incluídos, com idade de 66±11anos; 53%masculino, 56%diabéticos, 56% com história de doença cardiovascular e 100%hipertensos. O volume urinário foi de 2061±818mL e a taxa de filtração glomerular média de 39±15mL/min. A avaliação do IMC foi de 28,9±5,3kg/m2 indicando prevalência de sobrepeso/obesidade grau I. Os alimentos mais consumidos foram: arroz, feijão, café, leite integral, carne bovina ensopada e pão francês. Os alimentos consumidos com maior freqüência e com maior teor de Na/100g (excluindo sal de cozinha e temperos à base de sal) foram: macarrão instantâneo(1516mg), lingüiça de porco(1432mg), mortadela(1212mg), biscoito de polvilho(1092mg), margarina com sal(894mg), biscoito salgado(854mg), maionese molho pronto(787mg), pão francês(648mg), pizza(598mg) e queijo mussarela(581mg). Com base no diário alimentar de 3 dias, dentre os alimentos que contribuíram com a maior concentração de Na/dia estão a combinação do pão francês(648mg) com margarina com sal(137mg), o somatório do Na consumido diariamente nesses 2 alimentos corresponde a 52% do consumo recomendado de acordo com a RDA para esta população. A combinação de arroz, feijão e carne bovina à em média 30% do consumo.
CONCLUSÕES: A ingesta de Na na dieta é uma consideração importante em todos os estágios da DRC e um fator de risco potencialmente modificável. A identificação das principais fontes alimentares de Na nesta população de risco fornece informações relevantes para a conduta do estudo e possibilitou uma melhor abordagem da terapêutica.


TLP: 407

Relato de caso: lesão renal aguda associada a intoxicação por vitamina d em paciente com doença renal cronica prévia

Autor(es): Vanessa Ciccilini Guerra; Mariana Ribeiro y Ribeiro; Miguel Moyses Neto; Alan Fernandes Laurindo; Osvaldo Merege Vieira Neto

Serviço de Nefrologia de Ribeirão Preto

Deficiência de vitamina D é um problema de saúde pública cada vez mais reconhecido na população. Nos últimos anos assistimos a uma preocupação crescente com tal adversidade, culminando com um grande número de dosagens dessa vitamina e sua reposição. Nesse contexto, acabamos nos deparando com um importante efeito colateral: a intoxicação pela vitamina D. Caso: MCL, 78 anos, masculino, encaminhado ao nefrologista devido a aumento de escórias nitrogenada. Assintomático, hipertenso há 18 anos e diabético tipo 2 há 4 anos. Em uso de Amaryl, Monopril, Adalat oros, Carvedilol, Metformina e Alopurinol. Exames mostraram: uréia 70mg/dl, Creatinina 1,6mg/dl, Hb 15,0g/dl, PTH 93, Proteinuria 24 horas 24mg/dl, Cálcio 10,2 pcg/dl, Fósforo 4,2mg/dl, TSH e T4l normais. A ultrassonografia renal demonstrava aumento da ecogenicidade renal com rim direito=10,5cm e rim esquerdo=10,4cm. Foi suspensa a Metformina. Paciente manteve-se em tratamento em outro Serviço e retornou 7 anos após esta consulta, já diagnosticado com coronariopatia e tendo se submetido a radioterapia conformacional 2 anos antes devido a câncer de próstata. Três meses antes desse retorno consultou endocrinologista que receitou levotiroxina, glifage XR e 2000 Ui vitamina D/dia. Na época da consulta com esse médico exames mostraram: ureia 104mg/dl, creatinina 4,4mg/dl e vitamina D 16ng/ml. Na consulta apresentava sintomas de fraqueza e mal estar, associado a nova elevação de escórias nitrogenadas (uréia 142mg/dl e creatinina 5,7mg/dl). Na ocasião, apresentava ainda os seguintes exames: HCO3 27mmol/l, Hb 12,4g/dl e cálcio 13,4pcg/dl. Ao exame físico, apresentava-se sem alterações. Foram realizados vários exames para diagnosticar a razão da hipercalcemia, (dosagem PTH, TSH, T4L, eletroforese de proteínas plasmáticas, entre outros) e o paciente evoluiu com os exames expostos na tabela 1. Foi internado algumas vezes para tratar a hipercalcemia com diuréticos, soro e alendronato. Não houve necessidade de diálise.
CONCLUSÃO: os resultados e a evolução mostram que o paciente foi intoxicado pela dose excessiva de vitamina D, que apesar da dose teórica estar de acordo com as diretrizes, a manipulação do medicamento não deve ter sido feita adequadamente. É importante notar que os níveis de vitamina D sanguíneos e a função renal demoraram alguns meses para chegar aos níveis considerados “normais” e com a função renal voltando aos níves de 7 anos atrás.


TLP: 408

Avaliação da resposta à fase de indução do tratamento de pacientes diagnosticados com nefrite lúpica em hospital de referência da bahia

Autor(es): Luciana Tedgue Barreto; Liliana Sampaio Teixeira; Washington Luis Conrado dos Santos; Marilia Bahiense-Oliveira

Hospital Ana Neri, Salvador, Escola Bahiana de Medidina e Saúde Pública e Fundação Oswaldo Cruz CPGM, Bahia

INTRODUÇÃO: A nefrite lúpica é uma manifestação grave do lúpus eritematoso sistêmico e uma das principais causas de morbimortalidade pelo risco de desenvolvimento de doença renal crônica e estágio final de doença renal. O tratamento dessa condição tem sido extensamente revisitado na literatura por seu papel essencial no retardo e prevenção dessas complicações. A indução é fase inicial do tratamento que objetiva reduzir rapidamente a inflamação com drogas imunossupressoras e corticosteróides e que pode definir a remissão do quadro, desfecho que proporciona maior sobrevida renal para o paciente lúpico.
OBJETIVOS: Caracterizar o desfecho clínico e analisar a resposta ao tratamento de indução de pacientes diagnosticados com nefrite lúpica em um serviço de referência
MÉTODOS: Estudo observacional de coorte retrospectivo com revisão de prontuários de 56 pacientes com diagnóstico anatomopatológico de nefrite lúpica no período entre 2007 e 2012 no Hospital Ana Neri de Salvador, classificados em grupos de desfechos de resposta ao tratamento de indução, quais sejam: remissão completa, remissão parcial e não remissão. Os pacientes que não completaram o tratamento foram classificados nos desfechos: falha de tratamento, óbito, diálise crônica e perda de seguimento.
RESULTADOS: A média de idade dos pacientes foi 28,95 anos, 91% eram do sexo feminino e 73,21% apresentavam a classe histológica proliferativa difusa. A média (desvio-padrão) da creatinina sérica no momento da biópsia foi 2,04 (1,49) mg/dL, da albumina sérica foi 2,05 (0,83) g/dL e da proteinúria foi 3752,77 (3102,20) mg/24h. Entre os que completaram o tratamento de indução (n=30), em 23,33% houve remissão completa, em 36,66% houve remissão parcial e em 40% dos casos não foi observada remissão. Nenhuma variável laboratorial se correlacionou com a resposta ao tratamento. Entre os casos nos quais a terapia de indução foi interrompida (n=26), 10,71% corresponderam à falha de tratamento, 8,93% a óbito, 12,5% à entrada em programa de diálise crônica e 14,28% constituíram perda de seguimento.
CONCLUSÃO: Os pacientes se apresentaram com formas graves de nefrite lúpica e houve elevado número de interrupções do tratamento. A resposta ao tratamento foi semelhante ao descrito em outros serviços brasileiros. O caráter exploratório desta avaliação gerou informações relevantes sobre essa população em nosso serviço que certamente terá impacto nas estratégias futuras de cuidado.


TLP: 409

Pneumonite por Toxoplasma gondii após pulsoterapia em paciente com Glomerulonefrite Difusa Aguda pós-infecciosa

Autor(es): Fernanda Pascuotte; Fernanda Cristina Gomes Camelo Sanchez; Maria Alice Sperto Ferreira Baptista; Horácio José Ramalho; Camila Alves Paes de Oliveira; Roberta Christine Frete Miranda; Rafaella Campanholo Grandinete; Venceslau de Matos Dourado Júnior; Vinícius Batista Carlesso

Hospital de Base de São José do Rio Preto

INTRODUÇÃO:Toxoplasmose tem alta prevalência na população, seguindo hábitos culturais e condições econômicas. Pode ser assintomática no imunocompetente ou reativar diante de imunossupressão, havendo desde linfadenomegalia cervical, mialgia e febre até miocardite, encefalite, polimiosite ou pneumonite. Acometimento pulmonar é raro, apresentando-se como pneumonia atípica ou lesão intersticial.
CASO: Paciente masculino, 58 anos, admitido em janeiro/14 com sinusite aguda tratada há 30 dias. Após, apresentou hematúria macroscópica, proteinúria (PTN) 2+/4+, diarréia, edema periférico, oligúria e piora aguda da função renal. Pulsado com corticóide por 3 dias sem resposta, foi encaminhado a nosso serviço já em hemodiálise. À admissão: Hemoglobina=9,8, Plaquetas=72 mil, Creatinina (Cr)=4,3, Uréia=106, Potássio=4,3, Desidrogenase lática=234, pH=7,38, Bicarbonato=21. C3 e C4 consumidos. Sorologias negativas para HIV e hepatites. PTN=5,5g/24horas. Biópsia renal: Glomerulonefrite difusa aguda pós-infecciosa e crescentes celulares segmentares e globais. Pulsado com Ciclofosfamida, teve alta hospitalar com corticóide, em hemodiálise. Após 20 dias, interna com tosse seca, queda do estado geral, febre aferida e dispnéia, sem alterações ao exame físico. TC tórax: nódulos e massas pulmonares randômicas, principalmente periféricas, irregulares e espiculadas (10-48 mm); derrame pleural bilateral pequeno; linfonodomegalia mediastinal, sugerindo processo infeccioso agudo. Biópsia pulmonar com infiltrado inflamatório crônico e áreas de necrose, sem caracterizar doença pulmonar específica. Toxoplasmose IgM(+) e IgG(-), com reação em cadeia da polimerase (PCR) (+) sérica. Houve melhora com tratamento específico para o quadro pulmonar. Atualmente, com Clearance de Cr (MDRD)=29 ml/min, sem hemodiálise.
DISCUSSÃO:Pneumonite por toxoplasma é rara, apresentando-se como pneumonia atípica ou lesão intersticial. A produção de Interferon-gama, responsável pela ativação macrofágica pulmonar, está quase inibida na pneumonite principalmente pela disfunção de leucócitos T CD4+. O diagnóstico é feito com presença de taquizoítos em lavado broncoalveolar ou por análise histológica. Diante da resposta inflamatória celular suprimida por terapia esteróide ou citotóxica, o toxoplasma é raramente encontrado nas lesões, sendo pouco corado pela Hematoxilinaeosina. Em alguns casos, devido à alta taxa de proliferação de taquizoítos, são encontrados focos de necrose com intenso infiltrado mononuclear.


TLP: 410

Características clínicas e laboratoriais de pacientes comnefrite lúpica em tratamento no Hospital UniversitárioRegional de Maringá no período de 2009 a 2012

Autor(es): Priscilla Heriny Versari Prajiante; Dérica Sayuri Harada; Fernanda Ferrari; Samara Siqueira Emerich; Pedro Victor Lazaretti Menechini; Sergio Seiji Yamada; Paulo Roberto Donadio

Universidade Estadual de Maringá

INTRODUÇÃO: O Lúpus Eritematoso sistêmico é o protótipo das doenças auto-imunes e apresenta acometimento multissistêmico, porém, o envolvimento renal é o principal determinante de mal prognóstico e de maior mortalidade.
MÉTODOS: Estudo retrospectivo realizado por meio de revisão dos prontuários médicos de pacientes com diagnóstico de LES no Hospital Universitário Regional de Maringá no período de 2009 a 2012. O objetivo deste trabalho foi caracterizar as manifestações clínicas e laboratoriais de pacientes com nefrite lúpica, levantar a frequência de biópsias renais realizadas, e avaliar a conduta terapêutica adotada antes e após este procedimento.
RESULTADOS: Foram identificados 89 pacientes lúpicos no período estudado, e destes, 38 (42,6%) apresentavam comprometimento renal, ocorreram 3 óbitos de paciente com lúpus, sendo 2 destes com nefrite lúpica. Houve um caso de abandono de tratamento. Dentre os indivíduos com comprometimento renal, 30 deles (79%) foram investigados com biópsia deste órgão, a média de idade, em 2012, deste grupo foi de 34,7 anos. Entre os anticorpos analisados o anti-DNA foi o mais prevalente no estudo sendo reagente em 47,3% dos casos. Já a respeito do FAN, o padrão nuclear pontilhado grosso foi o mais freqüente, estando presente em 38 % dos pacientes (n=11), seguido pelo nuclear pontilhado fino, em 34,48% (n=10). A análise dos resultados das biópsias renais revelou uma maior frequência de glomerulopatia lúpica classe IV (OMS) presente em 40% dos casos, seguido pela classe V em 31%. A respeito do tratamento, corticoide isoladamente foi o medicamento mais utilizado antes da biópsia renal em 75% dos casos e azatioprina em 17%, porém, após o procedimento, azatioprina e ciclofosfamida foram as medicações mais prescritas, ambas em 41,3% dos casos, em seguida, corticoide em dose alta em 10,3% e micofenolato mofetil em 6,8%. Já em pacientes que não realizaram a biópsia, corticoide isoladamente e azatioprina foram utilizados em 43,6% e 10,3% respectivamente antes da piora da função renal, porém após, ciclofosfamida foi a medicação mais utilizada, em 33,3% dos casos, azatioprina em 13,78% e, em menor frequência, corticoide e micofenolato mofetil ambos em 3,4% dos pacientes.
CONCLUSÃO: Os dados obtidos neste estudo estão em concordância com os resultados encontrados em outros serviços. Estudos epidemiológicos em um país com tantas diferenças regionais são de suma importância para definir particularidades de cada população.


TLP: 411

Trajetória da função renal em pacientes renais crônicos: resultados de um estudo da vida real

Autor(es): Elaine Amaral de Paula; Chislene Pereira Vanelli; Christiane Chaves Augusto Leite Simão; Bruna Caldas Soares; Carla Marcia Moreira Lanna; Darcília Maria Nagen da Costa; Márcio Santos Caminhas; Mônica Barros Costa; Marcus Gomes Bastos; Rogério Baumgratz de Paula

NIEPEN

INTRODUÇÃO: O Centro HIPERDIA Minas (CHDM/JF) é um programa de atenção secundária, implantado pela Secretaria do Estado de Saúde de Minas Gerais e gerido pela Unidade de Nefrologia da Universidade Federal de Juiz de Fora. O CHDM/JF oferece atendimento interdisciplinar gratuito, medicamentos e exames, para hipertensos com alto risco cardiovascular, diabéticos (tipo 1 e tipo 2 com mau controle metabólico), bem como renais crônicos estágios 3-B, 4 e 5 e/ou com o declínio da taxa de filtração glomerular (TxFGe) _ 4 mL/min/ano.
OBJETIVO: O objetivo do estudo foi determinar a trajetória da função renal em renais crônicos que frequentam um programa de prevenção interdisciplinar em Juiz de Fora-MG.
MÉTODOS: Analisou-se a trajetória da função renal de 934 pacientes com DRC encaminhados ao CHDM/JF, entre agosto de 2010 e setembro de 2012. Os dados clínicos e laboratoriais foram obtidos a partir do prontuário eletrônico. A TxFGe foi estimada a partir da creatinina utilizando a equação MDRD. A DRC foi definida a partir da TxFGe<60ml/min/1. 73m2 e/ou na presença de albuminúria por um período mínimo de 3 meses. De acordo com a trajetória da TxFGe ao longo do período de acompanhamento, os pacientes foram classificados em não progressores (TxFGe não reduziu ou até mesmo aumentou ao longo do tempo); progressores lentos (TxFGe reduziu até 4 ml/min/ano) e progressores acelerados (TxFGe reduziu >/4ml/min/ano). Foi realizada regressão linear com análises univariadas utilizando o SPSS 15. 0.
RESULTADOS: Do total de pacientes, 493 (52,8%) eram homens, a média de idade foi de 65 + 14 anos. A TxFGe média no período basal foi de 42,9 + 20,56 ml/min/1. 73m2. De acordo com a trajetória da TxFGe, os progressores acelerados (31,6%) tiveram uma redução da TxFGe média de 15,8+15,6 ml/min/ ano; progressores lentos (58,3%) reduziram 1,20+1,7 ml/min/ano, e não progressores (10,1%) aumentaram a TxFGe média em 16,8+17,7 ml/min/ano. A área de superfície corporal (_=9,895 por g/m2, p=0,007, R2=0,012), proteinúria> 150mg/24 h (_=4,711, p=0,009, R2=0,013), TxFGe basal (_=0,224 por ml/min superior; p <0,001; R2=0,042) e uso de inibidores da ECA (_=1,821, p= 0,033, R2=0,007) foram positivamente correlacionados com o declínio da TxFGe.
CONCLUSÃO: Neste estudo retrospectivo da vida real dois terços dos pacientes apresentaram estabilização ou declínio lento da TxFGe, o que sugere a eficácia da equipe interdisciplinar no cuidado a pacientes com DRC de alto risco, quando há atendimento gratuito disponível.


TLP: 412

Perfil dos pacientes submetidos à biópsia renal nos últimosdez anos em um hospital universitário do interior de São Paulo

Autor(es): Vanessa dos Santos Silva; Rosa Marlene Viero; Antonio Abel Portela Neto; Dayana Bitencourt Dias; Caroline Marabesi Bergamasco; Alessandra M Bales

Universidade Estadual Paulista

O conhecimento clínico e epidemiológico das glomerulopatias (GN) é de grande importância já que as GN são a terceira causa de DRC no Brasil e no mundo. O objetivo deste estudo é caracterização clínica e epidemiológica dos pacientes submetidos a biopsia renal no Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu.
Os dados foram coletados em protocolo de cadastro do Registro Paulista de Glomerulopatias a partir do Banco de dados de Patologia deste serviço, de Janeiro de 2003 e Dezembro de 2012. Foram incluídos pacientes com suspeita de GN, excluindo transplantados, biópsias inconclusivas ou cadastros mal preenchidos.
Entre janeiro de 2003 e dezembro de 2012 foram realizadas 725 biópsias renais. A faixa etária predominante foi de 19 – 60 anos (68. 2%) e idade média de 38_16. 8 anos, sendo 52% do gênero feminino. A Síndrome Nefrótica foi a indicação de biópsia responsável em 38. 9% dos casos, destes 18% por Glomerulonefrite Membranosa (GNM), 16. 3% Glomerulonefrite Esclerosante Segmentar e Focal (GESF) e 15. 3% Glomerulonefrite Lúpica (GNL); Hematúria e Proteinúria assintomáticas em 19. 3% (22. 3% Nefropatia por IgA (NIgA), 10. 8% GESF e 10,8% GNL), seguida da Glomerulopatia Rapidamente Progressiva com 11. 6% (GNL 17. 6%, Glomerulonefrite Crescêntica 16. 4% e Glomerulonefrite Crônica 13%).
As GN Primárias representaram 35. 7% dos casos e a prevalência em ambos os sexos foi semelhante, sendo a NIgA, GNM e GESF as causas mais representantes com 25. 5 %, 24. 3% e 22. 5 % respectivamente.
Em relação às GN secundárias, corresponderam 36. 2% da casuística, 40 % representam a GNL, 11. 5% por Nefropatia Diabética e 6% Nefroesclerose Arterial e Arteriolar. Neste estudo 50 indivíduos eram diabéticos, creatinina sérica média de 5. 9 mg/dl, 56% com Proteinúria Nefrótica e em 60% a biópsia diagnosticou apenas Nefropatia Diabética mas, dentre o restante, GNM-10%, GN Crônica – 10% e 4% de Nefroesclerose Arterial e Arteriolar.
Neste serviço os pacientes submetidos à biópsia renal eram em sua maioria adultos (38 anos) e a indicação prevalente deste procedimento foi Síndrome Nefrótica. A NigA foi o principal diagnóstico das GN primárias, o que difere de outros serviços de São Paulo e Colombia. Enquanto a GNL foi o mais expressivo dentre as secundárias concordando com outros serviços. A síndrome nefrótica também foi evidente nos pacientes diabéticos e embora a maioria diagnosticada com nefropatia diabética, a GNM foi bastante expressiva.


TLP: 413

Síndrome Nefrótica em paciente portador de Síndrome de Mauriac

Autor(es): Fernanda Pinheiro Martin; Sammara Azevedo Guedes; Vânia Lopes de Santana; Marilia Bahiense-Oliveira

Hospital Ana Neri, Salvador e Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

INTRODUÇÃO: A síndrome de Mauriac (SM) é uma rara complicação do Diabetes Mellitus Tipo 1(DM1) mal controlado, caracterizada por hepatomegalia, retardo de crescimento e déficit de somatomedina C. O diagnóstico e tratamento precoce da SM possibilitam reversão das complicações. Descreveremos caso raro de SM com proteinúria nefrótica e disfunção renal avançada.
RELATO DE CASO J. S. A. , 18 anos, com diagnóstico de DM1 aos cinco anos, cursando com uso inadequado de insulina, dificuldade no controle glicêmico e graves problemas sociais. Em nov/2013 foi internado com anasarca, proteinúria de 4300g/dia, clearance de creatinina de 39ml/min/1,73m2 e fração de ejeção de 31%. Sem melhora após a alta, foi novamente internado após três meses com anasarca, oligúria e HGT 450ml/dl. Ao exame notado atraso de desenvolvimento pondero-estatural, altura: 132cm (escore Z < -3), peso: 27,8Kg e índice de massa corporal de 15,95Kg/m2(Escore Z < -3). PA150/90mmHg. Abdome: globoso, com ascite, fígado palpável a 8 cm do rebordo costal, edema até raiz da coxa, catarata bilateral. Uréia 186 mg/dl, Creatinina 6,3 mg/dL, HCO3 13,8, Albumina 2,7 g/dL, Colesterol total 188 mg/dL, TGO 1. 933 mg/dL, TGP 1. 206 mg/dL, somatomedina C 94,7ng/mL (VR 180-780ng/mL). Ultrassom de abdome: hepatomegalia, rins com aumento da ecogenicidade e tamanho reduzido. Ecocardiograma: Cardiomiopatia dilatada e acinesia antero-septal, septal, anterior e inferior médio apical. Iniciada insulinoterapia (1,6U/kg) e Hemodiálise (HD). Houve normalização de TGO e TGP e regressão da hepatomegalia, com HbA1C= 6,6%. No entanto, não houve recuperação da função renal e foi a óbito após três meses de internamento por sepse relacionada ao cateter de HD.
DISCUSSÃO: A real incidência de SM não está bem definida e são escassos os relatos na literatura. Até onde sabemos não se encontram relatos da SM apresentando-se como síndrome nefrótica e um bias de publicação não pode ser afastado. O paciente apresentava um DM1 muito grave, com nefropatia, cardiopatia (angiotomografia cardíaca não evidenciou doença macrovascular), além das características da SM. O estágio final da doença renal, preditor importante de mortalidade no DM1, tem sido alcançado cada vez mais tardiamente nos países desenvolvidos com a melhoria das estratégias terapêuticas e a SM é cada vez mais rara, o que não pode ser verificado no caso apresentado.


TLP: 414

Complicações renais associadas à infecção por vírus pandêmico Influenza A H1N1

Autor(es): Douglas de Sousa Soares; Lara Raissa Cavalcante Malveira; João Emmanuel Alexandrino Fortaleza; Geraldo B. Silva Junior; Elizabeth De Francesco Daher; Leonardo Duarte Sobreira Luna; Álvaro Augusto Câmara da Silva Fernandes; Maria Beatriz Rabelo Maciel; Tiago Tomaz Teles Peixoto; Roberto da Justa Pires Neto

Universidade Federal do Ceará

INTRODUÇÃO: Complicações renais por infecção de vírus influenza A H1N1 são incomuns, entretanto são relacionadas a alta taxa de morbimortalidade. O objetivo do estudo é investigar características clínico-laboratoriais de pacientes com influenza A, comparando os que evoluíram a óbito com os que não, com ênfase na função renal.
MÉTODOS: Foi realizado estudo retrospectivo com 40 pacientes que tiveram diagnóstico de infecção por influenza Ae foram internados em hospitais terciários de Fortaleza – Ceará entre 2009 e 2010. Foram avaliados parâmetros como dados demográficos, manifestações clínicas, comorbidades, drogas utilizadas e dados laboratoriais. Foram comparados os pacientes que foram a óbito (grupo I) com os que sobreviveram (grupo II).
RESULTADOS: A média de idade foi 26,6±12,1 anos, sendo 32 pacientes (80%) do sexo feminino. Febre, tosse e dispneia foram referidos por 100% dos pacientes. As comorbidades mais comuns foram: tabagismo (17,5%) e obesidade (15%); 15 (37,5%) pacientes estavam gestantes. As principais drogas utilizadas foram oseltamivir (95%), dipirona (72,5%), paracetamol (42,5%) e metoclopramida (42,5%); 10 (25%) pacientes apresentaram hiponatremia e 10 (25%) apresentaram hipocalemia; 5 (12,5%); 12 (30%) pacientes foram admitidos em UTI; Um (2,5%) paciente necessitou de hemodiálise; 8 (20%) pacientes foram a óbito. O grupo I apresentou menores níveis de hemoglobina (9,65±1,58 vs. 11,5±2,2g/dL, p=0,003) e plaquetas (121250,0±48082,5 vs. 223666,6±103925,9/mm3, p=0,009), além de maiores níveis de leucócitos (14701,2±5. 688,3 vs. 7872,1±2828,3/mm3, p<0,001). Houve maior incidência de óbitos em pacientes que foram admitidos na UTI (p<0,001) e nos pacientes obesos (p=0,01). Não houve diferença significativa entre o grupo I e o grupo II quanto aos níveis de creatinina (0,65±0,14 vs. 0,74±0,26 mg/dL, p=0,215), ureia (29,5±12,7 vs. 25,2±18,4 mg/dL, p=0,513), sódio (138,2±5,5 vs. 137,5±4,1 mEq/L, p=0,793) e potássio (3,6±1,0 vs. 3,8±0,4 mq/L, p=0,404), porém alcalose metabólica foi mais comum no grupo I que no grupo II (pH 7,49±0,1 vs. 7,38±0,12, p=0,025).
CONCLUSÕES: Foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos quanto a hemoglobina, contagem de células brancas e plaquetas, além do pH sanguíneo, porém não houve diferença significativa no acometimento renal entre os grupos. Amortalidade foi maior em pacientes admitidos na UTI e em pacientes obesos. Apoio: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).


TLP: 415

Tuberculose renal como causa de doença renal crônica – Relato de caso

Autor(es): Geraldo Bezerra da Silva Junior; Samia Thabida de Oliveira Rabelo; João Emmanuel Alexandrino Fortaleza; Tiago Francisco dos Santos Miranda; Lara Raissa Cavalcante Malveira; Fernanda Garcia Pires; Ana Carolina Parahyba Asfor; Leonardo Duarte Sobreira Luna; Tiago Tomaz Teles Peixoto; Elizabeth De Francesco Daher

Universidade Federal do Ceará

INTRODUÇÃO: A tuberculose (TB) renal é a terceira causa mais frequente de TB extra-pulmonar. O objetivo deste estudo é relatar o caso de um paciente com TB renal evoluindo com doença renal crônica.
DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente de 34 anos, sexo masculino, com história de disúria, hematúria macroscópica, polaciúria e dor suprapúbica há cerca de 2 anos, associada a febre vespertina com calafrios. Referiu perda ponderal de 20 kg durante esse período, mas associou com restrição alimentar intencional. Ao exame apresentava bom estado geral, normocorado, hidratado, acianótico, anictérico, afebril, eupneico, orientado, PA: 130x80mmHg, pesando 113kg. Ausculta cardiopulmonar fisiológica. Abdômen globoso, flácido, indolor à palpação, sem visceromegalias, espaço de Traube livre. Extremidades sem edema. Exames complementares: Hemoglobina 14mg/dl, Hematócrito 41%, Leucócitos 5100/mm3, Plaquetas 233000/mm3, Creatinina 1,0mg/dl, Ureia 39mg/dl, Glicemia 76mg/dl, Ácido Úrico 5mg/dl, sorologias para HIV, hepatites virais e Sífilis negativas. Análise da urina: pH urinário 6,0; leucocitúria (30/campo); hematúria (15/campo) e traços de proteínas. A urinocultura não demonstrou crescimento de patógenos piogênicos. Foi solicitado PPD (não reator) e pesquisa de BAAR na urina em 10 amostras, que foi positiva em 9. A pesquisa de BAAR no escarro foi negativa. Solicitou-se TC de abdômen e pelve, evidenciando dilatação pielocalicial à direita e cálculo em grupamento calicial superior de 5x6mm. A investigação foi complementada com cintilografia renal estática que mostrou rim direito reduzido, sendo a contribuição funcional relativa de 83,6% do rim esquerdo e 16,4% do rim direito. O estudo renal dinâmico evidenciou função glomerular deprimida em grau moderado/acentuado em rim direito, com retenção de eliminação à direita. Fez-se esquema RIPE e o paciente evoluiu com disúria persistente nos primeiros dois meses de tratamento com posterior melhora. Atualmente encontra-se assintomático, com a função renal preservada em rim direito.
DISCUSSÃO: Há relatos de que a TB renal tenha causado a internação de pacientes em regiões do Brasil, no entanto apesar de a TB ser uma afecção prevalente no Brasil esse espectro clínico não se demonstra bem notificado. Deve-se sempre levantar tal suspeita diagnóstica em casos de disúria associada a alterações no exame de urina e urinocultura negativa para os germes usuais. Pode haver perda de função renal importante, sobretudo quando o diagnóstico é demorado.


TLP: 416

Paracococcidioidomicose duodenal em transplantado renal

Autor(es): Flora Braga Vaz; Andreas Nogueira Salles; Luciane Monica Deboni; Silvane Sebben; Hercilio Fronza Junior; Rodrigo Paludo; Beatriz Hornburg; Hercilio Alexandre da Luz Filho; Marcos Alexandre Vieira; Paulo Cicogna

Pró Rim

INTRODUÇÃO. Paracoccidioidomicose (PCM)é uma doença endêmica causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis, sendo a micose sistêmica mais frequente na América do Sul e Central, havendo poucos relatos em pacientes transplantados. O estado de imunossupressão e exposição epidemiológica são fatores associados ao desenvolvimento de infecções fungicas em pacientes transplantados.
OBJETIVOS Relatar caso de parococidiodomicose intestinal em paciente transplantado renal.
RELATO DE CASO: L. A. A. , masculino, portador de IRC (rins contraídos), realizou transplante renal em Novembro/2007, aos 46 anos. Indução com Basiliximab. Manutenção inicial com Micofenolatomofetil 2g, Prednisona 60mg, Tacrolimo 16mg. História pregressa de Tuberculose e após o transplante foi instituído profilaxia com Isoniazida 300mg. Em 2011, realizou bx do rim transplantado ( alterações crônicas do enxerto renal). Em Junho/2013, PRA de 0%. Em agosto de 2013, foi internado com quadro de diarréia líquida, epigastralgiae perda ponderal. Evoluiu com sepse pulmonar epiora da FR (Cr 4,7). No Rx de tórax, infiltrado pulmonar difuso e naTC de tórax, infiltrado padrão vidrofosco. Iniciado empiricamente Imipenem e Ganciclovir, e reduzida a imunossupressão. Teve melhora do quadro pulmonar e da função renal (Cr 2,0). Realizou EDA que mostrou lesão infiltrativa em segunda porção de duodeno e a biópsia evidenciou Paracoccidioidomicose. Iniciado tratamento com Anfotericina B lipídica 5mg/kg/dia por 7 dias, e por nova piora da função renal atribuída ao medicamento (Cr 3,3) optou-se pela conversão do tratamento para Sulfametoxazol+trimetoprima. Alta com plano de uso da medicação por 18 meses e imunossupressão com Micofenolato de Sódio 720mg e Prednisona 5mg, e FR estável (Cr 2,2). Um mês após a alta, retornou com epigastralgia, náuseas, vômitos pós-alimentares e oligúria, com piora da FR (cr=5,3mg/dl). Apresentava dor à palpação superficial e profunda abdominal, principalmente em epigástrio. Realizado nova EDA, com mesmo padrão anterior, e na nova biópsia não foi encontrado Paracoco, de qualquer maneira, foi iniciado Anfotericina B lipídica. Paciente evoluiu com novo quadro de sepse pulmonar, sendo iniciado Imipenem e doença citomegálica, tratada com Ganciclovir. Nesta internação apresentou desnutrição importante. Após 3 semanas de internação, apresentou piora clínica importante por choque séptico, e evoluiu ao óbito.
DISCUSSÃO: A baixa prevalência da PCM nos pacientes transplantados, assim como nos pacientes portadores de HIV, pode ser explicada pelo uso rotineiro de sulfametoxazol-trimetoprimna profilaxia da pneumocistose. Neste caso, a apresentação incomum, com envolvimento intestinal simulando neoplasia, o diagnostico so foi possível pela realização da biopsia da lesão com pesquisa de fungo.


TLP: 417

Pancreatite secundária a hipercalcemia devidohiperparatireoidismo primário

Autor(es): Roberta Christine Frete Miranda; Rodrigo José Ramalho; Émerson Quintino de Lima; Fernanda Pascuotte; Venceslau de Matos Dourado Junior; Camila Alves Paes de Oliveira; Rafaella Campanholo Grandinete

Hospital de Base – São José do Rio Preto

INTRODUÇÃO: Pancreatite secundária a hiperparatireoidismo primário (HPTH) é rara e importante diferencial etiológico das pancreatites agudas e crônicas. Dados da literatura mostram incidência que 7-14% dos portadores de HPTH desenvolvem pancreatite. Na epidemiologia das pancreatites agudas, somente 1% dos casos é atribuído ao HPTH. A correlação causal entre as duas entidades é a hipercalcemia.
CASO: Paciente do sexo feminino, 62 anos, internada com dor tipo cólica em andar superior do abdome há 10 dias, sem irradiação, acompanhada de náuseas e hiporexia. Referia astenia e adinamia há 6 meses, sem perda ponderal. Negava comorbidades prévias ou uso de medicamentos. Tabagista há 40 anos (1 cigarro/dia), negava etilismo. Exames laboratoriais com leucocitose (34. 900/mm3), amilase 3524 UI/L, triglicérides 120 mL/dL, cálcio total 15,6 mmol/L, cálcio ionizado 2,18 mmol/L, albumina 2,9 g/dL, creatinina 0,9 mg/dLe urina I sem alterações. Tomografia abdominal mostrou borramento da gordura peri pancreática com edema difuso da glândula, classificando o caso como pancreatite aguda sem coledocolitíase. Na investigação etiológica, devido hipercalcemia e ausência de critérios para definição do caso como secundária a litíase biliar, etilismo ou hipertrigliceridemia, foi solicitado eletroforese de proteínas (sem pico monoclonal) e dosagem de paratormônio intacto, que resultou elevada (889 pg/nL). A cintilografia de paratireóides com Sestamibi-99mTc mostrou nódulo hipercaptante em paratireóide inferior esquerda, confirmando o diagnóstico de HPTP. Foi prescrita hidratação venosa, analgesia e ácido zoledrônico com melhora dos níveis de cálcio. Após estabilização clínica, a paciente foi submetida à paratireoidectomia. O anátamo patológico da peça confirmou adenoma de paratireóide.
DISCUSSÃO: os mecanismos fisiopatológicos descritos correlacionando hipercalcemia com pancreatite são: depósitos de cálcio no ducto pancreático, causando sua obstrução; hipercalcemia promove a ativação do tripsinogênio no parênquima pancreático, levando a sua autodigestão; variações nos genes SPINK 1 e OFTR associadas com hipercalcemia podem resultar em pancreatite. O tratamento é semelhante às outras causas de pancreatite. Paratireoidectomia como tratamento definitivo do HPTH reduz recorrência de casos e sua evolução para pancreatite crônica. Assim, é importante avaliar os níveis de cálcio nos casos de pancreatite e considerar este como um possível diagnóstico em paciente com HPTH e dor abdominal.


TLP: 418

Estudo prospectivo da recuperação renal e dapressão arterial após quadro de pré-eclâmpsia grave

Autor(es): Vanessa dos Santos Silva; Roberto Antônio Araújo da Costa; Dayana Bitencourt Dias; Érica Pires da Rocha; Bruno Alves Silva; Luis Cuadrado Martin

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP

A pré-eclâmpsia (PE) é uma doença sistêmica se caracteriza pelo surgimento da hipertensão arterial e proteinúria a partir da 20ª semana. É grave quando proteinúria >2,0g/24h, PA>160x110mmHg. É descrita como uma doença restrita ao período gravídico puerperal, normalizando PA até a 12a semana pós-parto.
OBJETIVOS: Avaliar o comportamento da pressão e função renal no primeiro ano pós-parto em mulheres que desenvolveram PE grave.
CASUÍSTICA E MÉTODO: Estudo prospectivo incluiu mulheres previamente hígidas, que desenvolveram pré-eclâmpsia grave durante a gestação e tiveram seu parto no HC-FMB entre 2011 e 2013. Foram encaminhadas para seguimento ambulatorial para avaliação do controle pressórico ambulatorial,associando MAPA sempre que possível,além de exames laboratoriais para avaliar função renal,proteinúria e microalbuminúria com 3,6 e12 meses pós-parto. Os dados foram expostos em freqüência ou média e desvio padrão.
RESULTADOS: 215 pacientes selecionadas,e apenas 97 preencheram os critérios de inclusão. A idade média foi de 27,76 +- 6,8 anos,83% da raça branca,50,5% primigestas e 84,4% tinham antecedente familiar de HAS. No seguimento, com 12 semanas após o parto,29,3% das pacientes mantiveram PA elevada no consultório 24,1% com 6 meses e 19% com 1 ano após o parto. Nas avaliações de proteinúria de 24horas,mantiveram proteinúria alta com 3,6 e 12 meses,12,5%,2,8% e 6,6%,respectivamente. Nas avaliações de albuminúria de 24 horas,mantiveram valores elevados com 3, 6 e 12 meses, 28,9%, 17,5% e 15,3% , respectivamente. Após 12 semanas de parto, 28,4% mantiveram uso de medicação anti-hipertensiva, com 6 meses, 26,2% e com 1 ano,19,2%; 62 pacientes tinham disponíveis para análise proteinúria ou microalbuminúria e medidas de PA após 6 meses de seguimento. Dentre estas,só 61,3% das pacientes estavam com PA e perda urinária de proteínas nos níveis da normalidade,12,9% mantinham proteinúria ou albuminúria elevadas com PA normal,14,5% mantinham PA elevada e proteinúria ou albuminúria normal e 11,3% mantinham proteinuria e/ou albuminúria elevada com PA também elevada no final do seguimento.
CONCLUSÃO: Neste estudo,não se observou a normalizacão da PA e da excreção urinária de proteinúria após 12 semanas do parto em grande parte das pacientes e o achado freqüente do padrão não dipper na MAPA de muitas pacientes sugere maior risco cardiovascular. Cerca de 40% das pacientes com PE grave não normalizaram a PA e a excreção urinária de proteína ou albumina no primeiro ano após o seguimento


TLP: 419

Sindrome Nefrótica relacionada à deficiência de LCAT (lecitina-colesterol aciltransferase) – Relato de Caso

Autor(es): Humberto de Freitas Campos Costa; Jose de Resende Barros Neto; Renato Oliveira Feliciano; Paula de Castro Gianasi; Luiz Gustavo Dias de Carvalho; Carlos Eduardo dos Santos; Stanley de Almeida Araújo

Hospital Felicio Rocho – Belo Horizonte/ MG / Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação Ciências Médicas – IPG / Fundaçao Educacional Lucas Machado – FELUMA

INTRODUÇÃO: A Síndrome Nefrótica relacionada à deficiência de lecitina-colesterol aciltransferase (LCAT) caracteriza-se por opacidades corneanas, anemia hemolítica, insuficiência renal, hipocolesterolemia e deficiência completa da enzima LCAT. Dados da literatura mostram apenas cerca de 70 casos descritos. As opacidades da córnea geralmente desenvolvem-se na infância; já a insuficiência renal é observada a partir da segunda ou terceira década de vida e podem apresentar-se com proteinúria.
RELATO DE CASO: Paciente masculino, 37 anos, em primeira consulta no serviço, com diagnóstico prévio de glomeruronefrite proliferativa mesangial e uso de corticoide e azatioprina há cerca de 10 anos devido proteinúria nefrótica. Há 2 anos recorreu com quadro nefrótico e disfunção renal sendo necessário reintrodução de tratamento imunossupressor. Diurese adequada com espumúria. Em uso de Prednisona 20mg / Azatioprina 150mg / Losartan 50mg/Enalapril 20mg. Ao exame físico: alteração de cor da córnea -acinzentada (relato de variação da normalidade pelo oftalmologista), hipertenso. Exames Laboratoriais: Clearance Creatinina: 61 ml/min/1,73m2; Proteinúria: 4,6g/24h; Creatinina: 1,47; Colesterol total:169; HDL:14; LDL:105; Provas reumatológicas e complementos normais. Biopsia renal: Tufos glomerulares são difusamente expandidos, com estreitamento do espaço urinário, à custa de depósitos vacuolados e lipídeos de distribuição difusa e maciça, na matriz mesangial, ao longo da membrana basal glomerular e porção subendotelial com duplicação da membrana basal, característicos de nefropatia relacionada com metabolismo de lípides (LCAT deficiency). Realizado pulsoterapia com metilprednisolona, mantendo o uso do Enalapril, com melhora parcial da função renal e acompanhamento ambulatorial.
DISCUSSÃO: Os achados de “Fish eyes”, níveis de HDL muito baixos, e do encontrado na biópsia renal mostrando depósitos lipídicos, sugerem deficiência da LCAT. O diagnóstico definitivo requer testes de genética molecular ao gene LCAT e análise funcional do produto gênico. Afunção renal e acuidade visual devem ser monitorizadas. O uso de corticoides é discutível, e deve ser usado IECA ou Bloqueador dos receptores de Angiotensina para controle de proteinúria, acido nicotínico e fenofibrato para controle da dislipidemia. Podem ser necessários hemodiálise ou mesmo transplante renal. A deficiência visual grave pode necessitar de transplante corneano. A doença renal terminal é a consequência mais grave.


TLP: 420

Avaliação de síndrome hipertensiva na gestação em mulheres acompanhadas por diagnóstico de glomerulopatia

Autor(es): Amélia Rodrigues Pereira Sabino; Thaís Alquezar Facca; Jussara Sato; Guilherme S. Jr. Silva; Nelson Sass; Gianna Mastroianni Kirsztajn

UNIFESP

INTRODUÇÃO: Durante a gravidez ocorre uma adaptação renal que pode interferir na fisiologia glomerular. Desta forma durante a gestação pode ocorrer a manifestação ou a exacerbação de doenças glomerulares previamente existentes. Assim, realizou-se a avaliação clínica e laboratorial de pacientes com glomerupatias que tiveram gestação complicada por síndrome hipertensiva.
MÉTODOS: estudo retrospectivo com 52 mulheres que iniciaram acompanhamento no Ambulatório de Glomerulonefrites no período de 1989 a 2014 e tiveram gestação complicada por síndrome hipertensiva.
RESULTADOS: A idade das 52 mulheres variou de 15 a 52 anos (média 31; DP ± 8) e 88,5% (46/52) tiveram gestação com síndrome hipertensiva, 13% (6/46) com eclâmpsia, 2,4% (2/46) síndrome HELLP e as demais 84,8% (39/46) pré-eclâmpsia ou doença hipertensiva específica da gravidez. Outras 11,5% (6/52) tinham nefropatia prévia que agudizou ou se manifestou na gestação. A maior parte 86,5% (45/52) evoluiu com hipertensão e proteinúria e/ou hematúria logo após a gestação e 7,7% (4/52) tiveram remissão clínica e laboratorial após o parto, mas evoluíram com glomerulopatia no longo prazo. Tiveram abortamento tardio 7,7% (4/52), 30,8% (16/52) parto prematuro, 7,7% (4/52) óbito fetal e 3,8% (2/52) óbito neonatal. Foi realizada biópsia renal em 71,1% (37/52), transplante renal em 5,8% (3/52) e hemodiálise em 7,7% (4/52). Dentre as doenças renais, foram diagnosticadas glomeruloesclerose segmentar e focal 13,5% (7/52), lesão mínima 5,6% (3/52), glomerulonefrite membranoproliferativa 13,5% (7/52), nefropatia por IgA 5,6% (3/52), nefrite lúpica 13,5% (7/52), síndrome de Alport 1,9% (1/52) e nefropatias a esclarecer 44,2% (23/52). Abandono correspondeu a 43,4% (21/52), alta 3,8% (2/52) e 55,8% (29/52) mantêm seguimento. Apenas 12,9% (4/31) das pacientes acompanhadas tiveram piora da função renal. Quanto aos exames laboratoriais, a creatinina sérica inicial variou de 0,43 a 5,77mg/dl (média 1,72± 1,31) e a final 0,04 a 10,8mg/dl (2,05± 2,15), proteinúria inicial 0,0 a 18,6g/24h (3,15± 3,74) e a final 0,0 a 13,8g/24h (1,62± 2,63).
CONCLUSÃO: Mulheres acompanhadas por glomerulopatias que tiveram a gestação complicada por síndromes hipertensivas, principalmente pré-eclâmpsia, não somente estão sujeitas a um pior prognóstico maternofetal como também a desenvolver glomerulopatias em longo prazo. O seu acompanhamento pósparto permitiria o diagnóstico precoce e possível prevenção da progressão da disfunção renal


TLP: 421

Estudo sobre o conhecimento do envolvimento renal na pré-eclâmpsia em alunos de medicina no internato

Autor(es): Facca TA; Sabino ARP; Fama EAB; Ierardi MG; Geraldo MSP; Silva MB; Ortega BR; Sass N; Mastroianni-Kirsztajn G

INTRODUÇÃO: A pré-eclâmpsia está associada à alta morbimortalidade maternofetal e é uma importante causa de glomerulopatia em todo mundo. Assim, visando ao diagnóstico precoce e melhor prognóstico, faz-se necessária a disseminação de conhecimentos relacionados à definição e evolução da préeclâmpsia. De tal modo, realizou-se avaliação de alunos de medicina cursando o internato sobre o seu conhecimento do envolvimento renal na gestação.
MÉTODOS: Aplicou-se questionário a 147 alunos do quinto e sexto anos de medicina de escola privada do Estado de São Paulo, contendo 15 perguntas de múltipla escolha sobre avaliação renal na gestação e abordando temas como exames solicitados no pré-natal, exames diagnósticos na pré-eclâmpsia, valores de referência utilizados na gravidez. Também se perguntou sobre a última avaliação da própria função renal dos alunos.
RESULTADOS: Avaliou-se um total de 147 alunos, sendo 44,2% (65/147) do quinto ano e 55,8% (82/147) do sexto ano. Aincidência de acertos do quinto ano foi de 25,7% (251/975) e do sexto ano de 34,5% (425/1230), totalizando juntos 30,65% (676/2205). A questão com mais respostas erradas dadas pelo quinto ano versou sobre exames diagnósticos da síndrome HELLP 90,7% (59/65) e pelo sexto ano, sobre exames iniciais adicionais para avaliar função renal no pré-natal de pacientes hipertensas crônicas 79,2% (65/82). Em ambos os anos, as demais questões a seguir com mais respostas erradas foram sobre a definição de pré-eclâmpsia e avaliação e diagnóstico de insuficiência renal na gestação, sendo no quinto ano 78% (203/260) e no sexto ano 74,4% (244/328). Houve aumento de 8,8% de acertos do sexto ano comparado ao quinto. O total de alunos que nunca viu ou não sabia o que era uma fita reagente para urina foi de 74,8% (110/147). Ambos os anos também tiveram uma alta incidência de falta de avaliação de sua própria função renal com exames de urina I e creatinina sérica, totalizando 66,3% (195/294) que não os realizavam anualmente. Aquestão com mais acertos por parte dos dois anos foi sobre exames de rotina na primeira consulta de prénatal 90,5% (133/147).
CONCLUSÃO: A ênfase em conhecimentos sobre pré-eclâmpsia e sua evolução são de fundamental importância nos últimos anos da graduação de medicina. Este é possivelmente o primeiro passo a ser tomado na formação médica para que se possam diminuir os índices de complicações decorrentes desta doença.


TLP: 422

Eficácia da triagem da Doença de Fabry através dadosagem da atividade de Alfagalctosidase nos pacientes em terapia renal substitutiva

Autor(es): Flavia Maria Borges Vigil; Lilian Pires de Freitas do Carmo; Tania Andrade Paulo; Daniela Avelar Barra; Andre Nogueira Duarte; Jenaine Oliveira Paixão

Hospital Evangélico de Belo Horizonte

INTRODUÇÃO: A Doença de Fabry é um erro inato do metabolismo dos glicoesfingolipídeos (GL), resultante da atividade deficiente da enzima alfa-galactosidaseA (_-Gal). O resultado é um acúmulo de globotriasylceramide (GL3 e Gb3) em vários tecidos. A cardiomiopatia, falência renal, alterações no sistema nervoso central e sistema nervoso periférico são as principais causas de morbidade e redução da expectativa de vida dos pacientes. A dosagem da atividade da enzima alfagalactosidase A no plasma ou nos leucócitos é o método de triagem realizado para o diagnóstico nos homens afetados.
MATERIAIS E MÉTODOS: Foi realizada no período de Julho de 2012 a janeiro de 2014 triagem nos pacientes do sexo masculino em tratamento hemodialítico e em diálise peritoneal no Instituto de Terapia Renal de Contagem através da pesquisa da atividade enzimática sérica da Alfagalactosidase e posterior análise genética dos casos com atividade enzimática reduzida.
RESULTADOS: Foram analisadas a atividade enzimática em 254 pacientes do sexo masculino. Foram identificados 16 pacientes com atividade enzimática abaixo dos valores de referência sendo estes submetidos a análise genética para identificação de possíveis mutações envolvidas. Em dois pacientes identificou-se mutações associadas à Doença de fabry: um paciente possui a forma clássica da doença (p. M290I) e outro a mutação associada ao início tardio dos sintomas (D313Y). Foi realizada a abordagem dos familiares dos casos índices, com confecção de heredograma e avaliação dos casos afetados. Foram diagnosticados outros 9 pacientes afetados 6 pacientes com polimorfismos não patogênicos nas famílias avaliadas. O caso índice da mutação D313Y encontra-se em terapia de reposição enzimática desde Dezembro de 2013, apresentando boa resposta terapêutica (redução das dores em extremidades) e ausência de efeitos adversos até o momento.
CONCLUSÃO: A importância do diagnostico de pacientes em terapia renal substitutiva é avaliar a necessidade do seu tratamento e avaliação dos familiares susceptíveis. O diagnostico e tratamento precoces destes pacientes é fundamental para se evitar o acometimento sistêmico da doença de Fabry.


TLP: 423

Neurotoxicidade induzida por cefepime em paciente com insuficiência renal crônica

autor(es): Camila Alves Paes de Oliveira; Fernanda Cristina Camelo Sanches; Horácio José Ramalho; Venceslau de Matos Dourado Junior; Roberta Christine Frete Miranda; Rafaella Campanholo Grandinete; Fernanda Pascuotte

HOSPITAL DE BASE – SÃO JOSÉ DO RIO PRETO / FAMERP

INTRODUÇÃO: Cefepime é uma cefalosporina de 4º geração, antimicrobiano parenteral, hospitalar, de largo uso na pratica clinica. Amplo espectro, usada no tratamento inicial de infecções graves, sepse e choque séptico, muitas vezes presente em protocolos de tratamento empírico em neutropenias febris. Neurotoxidade decorrente do uso de cefepime tem sido cada vez mais relatada na literatura. Pacientes com disfunção renal são um grupo particular de risco.
CASO: V. A. P, sexo feminino, 39 anos, fisioterapeuta, IRC desde os 10 anos de idade, transplantada renal aos 16 anos, doador vivo (mãe), enxerto com funcionalidade por 22 anos, perda por disfunção crônica. Novo transplante com doador vivo (irmão), perda do enxerto no 3ºPO por trombose venosa, em TRS desde então. Compareceu a diálise referindo 1 pico febril diário, há 3 dias, associado a tosse produtiva, hiporexia e queda do estado geral. Havia iniciado uso há 1 semana de vancomicina e ceftazdime (protocolo do centro de diálise), por provável infecção de corrente sanguínea. Devido manutenção da febre e piora do estado geral, trocado para vancomicina e cefepime, empiricamente, ate resultado de culturas. Após 2 dias evolui afebril, com melhora do estado geral. Na madrugada do 3ºdia, apresentou quadro de confusão mental, ecolalia, desorientação temporo-espacial, e agitação psicomotora intensa, contínua. TC de Crânio: ausência de lesões com efeito de massa, sem sinais de sangramento. Liquor: lÍmpido, celularidade, proteinorraquia e glicose dentro da normalidade. EEG: Alentecimento difuso grau III e presença de ondas trifásicas continuas. Feita hipótese de neurotoxicidade por cefepime. Após 48h da suspensão da droga e 1 sessão de hemodialise, paciente evoluiu com melhora importante da quadro confusional, mostrando-se alerta, orientada e responsiva. Recuperação progressiva nos três dias posteriores, com normalização do padrão eletroencefálico, recebendo alta no quarto dia, com completa consciência e lucidez.
DISCUSSÃO: Acredita-se que betalactâmicos produzem estado convulsivo por suas propriedades antagonistas dos receptores GABA. Estudos experimentais em ratos demonstraram são inibidores competitivos diretos dos receptores GABA, resultando numa inibição da resposta inibitória dos neurônios pós sinápticos. Há uma alta incidência de encefalopatia por induzida por cefepime principalmente em pacientes idosos e insuficiência renal é apontada como fator de risco independente para esta situação.


TLP: 424

Resultados preliminares de uma nova tecnica de biopsia renal guiada por ultrassom

Autor(es): Pedro Augusto Macedo de Souza; Cláudia Ribeiro

Santa Casa de Belo Horizonte

INTRODUÇÃO: O uso do ultrassom em tempo real para biopsias renais percutaneas aumentou a eficiencia reduziu complicações.
OBJETIVO:Analisar a eficacia e segurança da tecnica de biopsias renais guiadas por ultrassom associado ao doppler
MÉTODOS: Avaliamos biopsias sequenciais realizadas em rins nativos entre janeiro de 2013 a maio de 2014. A técnica consistia em biopsia percutanea guiada por ultrassom em tempo real com identificação vascular intra renal por Doppler de modo que o trajeto da agulha estivesse livre de vasos. Foi usada agulha de 16G. Compressão manual de 20 minutos após o prodimento foi feita em todos os casos e a internação mantida por 24h. Os critérios de contra indicação do procedimento eram: pressão arterial > 160×90 mmHg, rins < 9cm, plaquetas < 100. 000/mL, Hb<9g/dL, RNI>1,2, AP<80%, TTPA>1,2 x o controle, uso de AAS há menos de 7 dias ou anticoagulantes. Dados demográficos, creatinina, numero de fragmentos e glomérulos, indicação, diagnostico, complicações e dependência de diálise (TRS) foram registrados. Os resultados estão expressos em percentuais, media e desvio padrão (DP), mediana e intervalo interquartilico (Q1-Q3), de acordo com a distribuição da variável. O teste t independente foi utilizado para variáveis continuas e o teste exato de Fisher para variáveis categóricas.
RESULTADOS: Das 55 biopsias, 53 (96,4%) tinham dados gerais completos. Apenas 2 (3,65%) nao tinham dado de complicação. Mediana de idade de 45 (28-51) anos, 41,8% mulheres, mediana de creatinina 2,2 (1,18-3,25) mg/dL, 20,8% em TRS, mediana de fragmentos 2(2-3), media de glomerulos 10,3(DP 5,8). As indicações foram sindrome nefrotica 45,3%, nefritica 22,6%, insifuciência renal aguda 11,3%, cronica 9,4%, sindrome mista 7,5%, hematuria e proteinuria 1,9% cada. Tivemos 4 complições (8%), 1 sindrome vaso vagal(2%), 2 macrohematuria sem repercussão(4%) e 1 embolização renal(2%). As complicações não se relacionaram à TRS p=1,0, sexo p=0,31 ou numero de fragmentos p=0,45. Em um caso nao foi possivel estabelecer o diagnostico por amostra inadequada.
CONCLUSÕES:Nossos resultados de eficacia (98%) são comparaveis aos obtidos com a tecnica sem doppler em outras series. A unica complicação grave ocorreu 120 horas após o procedimento em paciente que estava em hemodiálise, quando realizou a primeira sessão com heparina. Embora não tenhamos comparação direta, nossos resultados preliminares sugerem que a tecnica com doppler parece ser tão eficaz quanto a tecnica padrão


TLP: 425

Correlação do diagnostico sindromico renal e anatomopatologico em um centro de nefrologia

Autor(es): Cláudia Ribeiro; Pedro Augusto Macedo de Souza

Santa Casa de Belo Horizonte

INTRODUÇÃO: O registro epidemiológico das doenças renais ainda é timido no Brasil e se faz necessaria ampliação deste na varias regiões do país.
OBJETIVO: Nosso objetivo é analisar os achados de biopsias renais relacionando-os com a sindrome renal de apresentação da doença.
MÉTODOS: Avaliamos biopsias sequenciais realizadas em rins nativos entre janeiro de 2013 a maio de 2014. A técnica consistia em biopsia percutanea guiada por ultrassom em tempo real com identificação da vasculatura intra renal por Doppler de modo que o trajeto da agulha estivesse livre de vasos identificáveis. Foi usada agulha de 16G em todos os casos. Dados demográficos, creatinina, numero de fragmentos e glomérulos, indicação, diagnostico, complicações e dependência de diálise (TRS) foram registrados. Os resultados estão expressos em percentuais, media e desvio padrão (DP), mediana e intervalo interquartilico (Q1-Q3), de acordo com a distribuição da variável.
RESULTADOS: Das 55 biopsias, 53 (96,4%) tinham dados gerais completos. Mediana de idade de 45 (28-51) anos, 41,8% mulheres, mediana de creatinina 2,2 (1,18-3,25) mg/dL, 20,8% em TRS, mediana de fragmentos 2(2-3), media de glomerulos 10,3(DP 5,8). As indicações foram sindrome nefrotica 45,3%, nefritica 22,6%, insifuciência renal aguda (IRA) 11,3%, cronica(IRC) 9,4%, sindrome mista 7,5%, hematuria e proteinuria 1,9% cada. No grupo de sindrome nefrotica os principais diagnosticos foram: glomerulonefrite(GN) membranosa 25%, GESF 20,8% e GN por lesões minimas 16,7%, nefropatia por IgA 8,3% e nefropatia diabetica 1,9%. No grupo de sindrome nefritica foram: GN proliferativa difusa endocapilar 25%, nefrite lupica classe IV e GN membranoproliferativa 16,7% cada e microangiopatia trombotica 8,3%. Nos grupo sindrome mista: GN membranoproliferativa 50%, nefrite lupica III/V e nefropatia por IgA 25% cada. No grupo IRA GN crescentica pauci imune, GN proliferativa difusa endocapilar, nefropatia por cadeia leve, nefropatia diabetica e necrose tubular aguda 16,7% cada. No grupo IRC GN membranosa, GESF e GN proliferativa difusa endocapilar e esclerose global 20% cada.
CONCLUSÕES:Amaioria das indicações é por sindrome nefrotica, e a GN membranosa é a maior causa desta. A baixa frequência de nefropatia por IgA e nefropatia diabetica se deve a uma politica restritiva em relação a pacientes com hematuria isolada e diabeticos com apresentação clássica.


TLP: 426

Relato de caso – Diabetes mellitus com lesão renal rapidamente progressiva

Autor(es): Samuel Shiraishi Rollemberg Albuquerque; Krissia Kamille Singer Wallbach; Heitor Alves Rocha; Igor Gouveia Pietrobom; Paulo Ricardo Gessolo Lins; Vinicius de Oliveira; Marcello Fabiano Franco; Carlos Alberto Balda; Gianna Mastroianni Kirsztajn; Sergio Reynaldo Stella

Hospital São Paulo – Escola Paulista de Medicina – Disciplina de Nefrologia – UNIFESP

INTRODUÇÃO: Objetivo: A prevalência do Diabetes melittus (DM) tem alcançado proporções epidêmicas, sendo assim, é descrito que o número de biópsias renais com DM vem aumentando paulatinamente na literatura. Entretanto, apesar da grande disponibilidade literária a respeito dessa patologia, ainda não existe achados clínicos auxiliares na diferenciação entre a nefropatia diabética e as outras glomerulopatias, sendo essa somente possível a partir da biópsia renal.
OBJETIVOS: Relatar caso de paciente jovem com ausência laboratorial de nefropatia diabética (ND) com evolução para ND classe IV da organização mundial de saúde em 1 ano sem outras glomerulopatias envolvidas.
RELATO DO CASO: Masculino, 21 anos, há onze anos com diabetes mellitus tipo 1 com controle irregular, é internado para investigação de anasarca com 5 meses de evolução e piora importante há 3 semanas, quadro este temporalmente relacionado a quadro de abscesso anal resolvido. Há 1 ano apresentava creatinina (Cr: 0,7mg/dL) e ausência de proteinúria ou sedimento urinário ativo. Na admissão, apresentava Cr 6,23mg/dL além de proteinúria nefrótica – 14,5 gramas em 24 horas, sedimento urinário com hematúria e leucocitúria importante, ultrassonografia de rins e vias urinárias já demonstrava nefropatia parenquimatosa bilateral, além de hidronefrose importante às custas de disfunção miccional. Após sondagem vesical de demora, paciente persistiu azotemico, sendo optado por início de hemodiálise e biópsia renal para afastar glomerulonefrite rapidamente progressiva. Biópsia demonstrou ND grau IV com glomerulopatia nodular intercarpilar de Kimmelstiel-Wilson associados a “capsular drops” e “hyallin caps”, arterioloesclerose hialia intensa além de graves alterações esclero-atróficas em túbulos renais. Após resultado de biópsia, optado por confecção de acesso vascular definitivo e manutenção em terapia renal substitutiva.
CONCLUSÃO: Embora a etiologia da injúria renal e cronificação desta tenham sido o DM e suas complicações direta e indiretamente mediadas, a biópsia renal foi útil para evitar tratamentos fúteis e definir prognóstico a longo prazo para o caso em questão.


TLP: 427

Perfil clínico e epidemiológico da glomerulonefrite pósinfecciosa em adultos em um hospital universitário

Autor(es): Carla T. B. C. Pessoa; Camila B. L. Oliveira; Alline S. A. Oliveira; Clarissa J. B. Carvalho; Nathalia N. Alecrim; Luis H. B. C. Sette; Gisele V. Fernandes; Maria Alina G. M. Cavalcante; Lucila Maria Valente

Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Pernambuco

INTRODUÇÃO: A Glomerulonefrite pós infecciosa (GNPI) é rara em adultos. Sua apresentação clínica é variável. Apesar de ser observada uma redução progressiva de sua incidência, no Brasil ainda é uma patologia prevalente.
MÉTODOS: Através da revisão de prontuários, foi avaliado o perfil clínico e epidemiológico dos pacientes diagnosticados com glomerulonefrite pós infecciosa no período de 1997 a 2013. O diagnóstico foi realizado através da clínica e laboratório compatíveis. A biópsia foi realizada apenas nos pacientes com evolução atípica desta glomerulopatia (glomerulonefrite rapidamente progressiva, nefrite familiar, proteinúria nefrótica ou azotemia persistente).
RESULTADOS: Foram identificados 40 pacientes, 52,5% mulheres, com idade média de 30,7 ± 15,7 anos. Trato respiratório superior (51,2%), pele (27,5%) e trato respiratório inferior (6,9%) foram os sítios mais comuns de infecção. Síndrome nefrítica foi a principal manifestação clínica (82,5%), seguida por glomerulonefrite rapidamente progressiva (10%) e hematúria e / ou proteinúria não nefrótica (5%). Hipertensão arterial foi evidenciada em 65% dos pacientes. As medianas da creatinina sérica (Cr) e do clearence de Cr (Clcr) foram 2,0 ± 1. 5mg/dl e 53,4 ± 27,7 ml/min/1. 73m2, respectivamente, e em 10% dos pacientes foi necessária terapia renal substitutiva (TRS) durante a apresentação inicial. A proteinúria média foi de 2,4 ± 1,2g/dia e a albumina sérica foi de 3,4 ± 0,5mg/dl. O complemento sérico estava reduzido na fração C3 em 78,1% dos pacientes e em C4 em 22,2%. Abiópsia foi realizada em 14 (35%) pacientes e 35% destas biópsias apresentaram crescentes.
CONCLUSÃO: A GNPI em adultos pode ter apresentação clínica grave, evidenciada através de disfunção renal muitas vezes com necessidade de TRS. Embora seja reduzida a incidência em indivíduos a partir da segunda década de vida, esta patologia deve estar presente no diagnóstico diferencial das glomerulonefrites em pacientes adultos.


TLP: 428

Relato de caso – Leptospirose com acometimento renalincomum

Autor(es): Krissia Kamile Singer Wallbach; Heitor Alves Rocha; Samuel Shiraishi Rollemberg Albuquerque; Igor Gouveia Pietrobom; Paulo Ricardo Gessolo Lins; Vinicius de Oliveira; Marcello Fabiano Franco; Carlos Alberto Balda; Gianna Mastroianni Kirsztajn; Sergio Reynaldo Stella

Hospital São Paulo – Escola Paulista de Medicina – Disciplina de Nefrologia – UNIFESP

INTRODUÇÃO: Leptospirose é uma zoonose de alta prevalência em países tropicais e subtropicais, especialmente em estações chuvosas. Causada por uma espiroqueta do gênero Leptospira, e gera, com frequência, lesão renal habitualmente não oligúrica e hipocalêmica e síndrome de disfunção de múltiplos órgãos e morte. Em grande parte dos casos, o diagnóstico de leptospirose é difícil, ocorrendo tardiamente e gerando impacto negativo na sobrevida.
RELATO DO CASO: sexo feminino, 12 anos, natural e procedente da Grande São Paulo, com história de exposição a águas de enchente há 17 dias da admissão. Apresentava quadro de febre, mialgia e prostração há 12 dias, admitida no pronto socorro com lesão renal aguda oligúrica e sepse grave com disfunções hemodinâmica, pulmonar e neurológica, hemorragia subconjuntival; creatinina 6,8mg/dL, ureia 217 mg/dL, potássio 3,4mEq/dL, acidose metabólica, anemia, leucocitose neutrofílica com desvio à esquerda, plaquetopenia leve; bilirrubinas e função hepática sem alterações. Radiografia de tórax com congestão hilar e inversão de trama vascular. proteinúria 1,7g, leucocitúria 25/campo, hematúria 15/campo, sem dismorfismo eritrocitário. Iniciada terapia renal substitutiva (hemodiálise convencional diária) dentro de 6 horas da admissão. Pela manutenção da hipocalemia e da disfunção renal após 21 dias, além de investigação etiológica negativa de demais causas (sorologias virais negativas); provas reumatológicas negativas, C3 normal e C4 baixo), optou-se por realização de biópsia renal – 7 glomérulos com morfologia preservada a microscopia; nefrite túbulo-intersticial linfomononuclear, com eosinófilos, e necrose tubular-aguda moderada-intensa; imunofluorescência com padrão de lesão glomerular imune-mediada, depósitos difusos e granulosos mesangiais e subendoteliais de IgA+2, IgG+3, IgM+3, C3+3, kappa+ e lambda+. Diagnostico posterior sorológico de leptospirose. Iniciada corticoterapia 1mg/kg, com melhora progressiva da função renal após 13 dias de internação. No seguimento ambulatorial, manteve-se assintomática, exames normais após 6 meses de segmento.
CONCLUSÃO: o caso ilustra acomentimento renal incomum pela leptospirose, envolvendo componentes hemodinâmico (necrose tubular aguda isquêmica) e imunomediado (nefrite túbulo-intersticial aguda e lesão glomerular por imunocomplexos).


TLP: 429

Tromboembolismo venoso em pacientes com síndrome nefrótica primária: coorte retrospectiva de 255 casos

Autor(es): Clarissa J. B. Carvalho; Carla T. B. C. Pessoa; Nathalia K. N. Alecrim; Daiane Barros; Luis H. B. C. Sette; Gisele V. Fernandes; Maria Alina G. M. Cavalcante; Lucila Maria Valente

Hospital das Clínicas, Universidade federal de Pernambuco

INTRODUÇÃO: Há muito tem sido alertado que a síndrome nefrótica (SN) está associada a um maior risco de complicações tromboembólicas, contudo há poucos dados disponíveis sobre o risco absoluto de tromboembolismo venoso (TEV) nos pacientes com SN.
MÉTODOS: Realizou-se estudo de coorte, descritivo e retrospectivo com pacientes maiores de 14 anos portadores de SN primária e diagnóstico histológico (DH) de: glomerulopatia membranosa (GM), doença de lesão mínima (DLM), glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) e glomerulonefrite membranoproliferativa (GNMP) entre 1994-2014. Perquisou-se TEV sintomático durante o seguimento e correlacionou-se com DH, nível de proteinúria e de albuminemia.
RESULTADOS: Avaliou-se 255 pacientes, sendo 128 (50,2%) do sexo masculino, com idade média de 44 anos. Destes 41% apresentavam hipertensão arterial, 76% dislipidemia, 4% desenvolveram diabetes no seguimento e 4% eram tabagistas. O tempo médio de acompanhamento foi 9 anos. A creatinina inicial média foi de 1,3 mg/dl (range, 0,4-6,0 mg/dl). Os diagnósticos histológicos mais frequentes foram: 164 GESF (64%), 39 GM (15%), 34 GNMP (13%) e 18 DLM (7%). No seguimento, 9 (3,5%) pacientes apresentaram TEV (7 GESF e 2 GM). A incidência de TEV por DH foi 4% para GESF e 5% para GM. O evento trombótico mais encontrado foi trombose venosa profunda (89%) seguido de tromboembolismo pulmonar (11%). A redução da albumina sérica não foi preditor de maior risco de TEV (p=0,69). Não existiu associação entre o maior nível de proteinúria e incidência de trombose (p =1,0). A maioria (66,6%) dos episódios trombóticos ocorreram nos 6 primeiros meses de acompanhamento.
CONCLUSÃO: Este estudo demonstrou um risco de TEV sintomático elevado nos pacientes com SN, em particular nos primeiros 6 meses. A albumina sérica e a proteinúria não foram associadas a um maior risco de eventos trombóticos. Ressalta-se a importância de realização estudos randomizados controlados que avaliem o risco e benefício da tromboprofilaxia em pacientes com SN.


TLP: 430

Nefropatia por IgA e FAN positivo: haveria um papel na patogenia?

Autor(es): Maria Goretti Polito; Michelle Tiveron; Sônia Nishida; Gianna Mastroianni Kirsztajn

Universidade Federal de São Paulo

INTRODUÇÃO: A nefropatia por IgA (NIgA) é a principal causa de insuficiência renal no leste asiático e a mais frequente causa de glomerulonefrite primária entre os europeus. Pacientes com NIgA desenvolvem imunocomplexos contendo IgA1 que se depositam no mesângio, produzindo lesão renal progressiva. Estudos recentes definem a NIgA como uma doença autoimune de arquitetura complexa, com uma forte determinação genética.
OBJETIVOs: O principal objetivo foi estudar a associação de NIgA e FAN positivo em diferentes pacientes com NIgA.
PATIENTES E MÉTODOS: Avaliamos quatro paciente com nefropatia por IgA em que se detectou FAN positivo na avaliação inicial e no acompanhamento.
RESULTADOS: Os pacientes são de ambos os sexos e com idade média de 35 anos com quadros clássicos de NIgA, exceto por positividade para FAN. Os diagnósticos histológicos à microscopia óptica correspondem a esclerose segmentar e/ou global em alguns glomérulos, discreta proliferação mesangial, crescentes circunferenciais (três pacientes) e imunofluorescência com IgA e C3 em todas as biópsias. Nenhum deles apresenta critérios para lúpus. Descreveremos em detalhes um dos casos. Trata-se de paciente do sexo masculino 34 anos com hematúria macroscópica, proteinúria nefrótica (6,6 g/d), insuficiência renal (creatinina sérica de 1,9 mg/dL), dislipidemia e hipertensão arterial diagnosticados após infecção de vias aéreas superiores. As enzimas hepáticas e complemento eram normais. O FAN era positivo em título de 1/320, padrão pontilhado fino e o restante dos anticorpos, como anti-DNA e ANCA, sorologias para HIV, hepatite B e C eram negativos. Ultrassonografias abdominal e renal foram normais. O estudo histopatológico revelou glomerulonefrite proliferativa com crescentes e imunofluorescência com IgA dominante. A remissão total da proteinúria foi alcançada após seis meses de tratamento com corticoide, ciclofosfamida e azatioprina. O paciente permanece com função renal normal, sem proteinúria e/ou hematúria, com FAN positivo.
CONCLUSÕES: A NIgA, embora associada à formação de imunocomplexos, não é vista como uma condição associada à presença de autoanticorpos do tipo do FAN. Resta a dúvida se o achado de tais autoanticorpos em quatro pacientes poderia ser meramente acidental. A presente série sugere que outros mecanismos autoimunes possam estar envolvidos no desenvolvimento de NIgA.


TLP: 431

Nefropatia por C1q: estudo de uma família

Autor(es): Maria Goretti Polito; Michelle Tiveron; Sônia Nishida; Gianna Mastroianni Kirsztajn

Universidade Federal de São Paulo

INTRODUÇÃO: A nefropatia por Clq (NClq) é uma doença pouco frequente, definida por um padrão de imunofluorescência (IF) na biópsia renal com depósitos de C1q dominantes ou codominantes no mesângio, na ausência de características clínicas ou sorológicas de nefrite lúpica. Os achados histopatológicos mais comuns da NClq são a glomeruloesclerose segmentar e focal e doença de lesões mínimas.
OBJETIVOS: O principal objetivo foi estudar os membros de uma família portadora de Nc1q.
PAcIENTES E MÉTODOS: Investigamos três gerações de uma família com NC1q. O diagnóstico de nefropatia por C1q foi demonstrado histologicamente por biópsia e os descendentes foram investigados com exame de urina tipo I e microalbuminúria.
RESULTADOS: O pai de quatro filhos, três afetados, fez hemodiálise por cinco anos, transplante renal com perda do enxerto por rejeição crônica e foi a óbito após dois anos (49 anos); a mãe (59 anos) era portadora de diabetes mellitus II e hipertensão arterial, sem insuficiência renal. Nenhum dos ascendentes dos pais tinha história de insuficiência renal. Três de quatro membros da 2ª geração (uma irmã não foi avaliada, por ter falecido de acidente aos 22 anos) tinham nefropatia por C1q e/ou doença renal crônica. A idade média na apresentação da doença foi de 20 anos. O estudo histopatológico de um dos membros revelou glomeruloesclerose segmentar e focal com atrofia tubular e fibrose intersticial discreta. Na IF, Clq foi dominante, com uma distribuição granular mesangial. Anticorpos antinucleares, anti-DNA, ANCA, HIV, sorologias para hepatite B e C foram negativos. Em uma paciente com proteinúria nefrótica e microhematúria, procedeu-se a terapias imunossupressoras ao longo do seguimento (corticosteroide, ciclofosfamida e ciclosporina), sem resposta. Os três membros afetados da 2ª geração evoluíram para doença renal terminal, dois desses encontram-se em hemodiálise (24 e 21 anos) e um em tratamento conservador (26 anos). Dos membros da 3ª geração, nenhum tem hematúria e/ou microalbuminúria.
CONCLUSÕES: Os achados clínicos, com sorologia negativa para o lúpus, microscopia óptica com padrão de GESF e IF com deposição dominante de Clq levou ao diagnóstico de NClq. A má resposta à terapia com corticosteroides é descrita na NClq, o que também foi útil para diferenciá-la da nefrite lúpica, que é classicamente sensível aos esteroides.


TLP: 432

Amiloidose Renal Secundária a Neoplasia de Ovário: Relato de Caso

Autor(es): Maryanne Machado da Silva; Vanessa dos Santos Silva; Erica Pires da Rocha; Dayana Bitencourt Dias; Fernanda Moreira de Freitas; Bruno Alves Silva

Faculdade de Medicina de Botucatu – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP

INTRODUÇÃO: A amiloidose compreende um grupo heterogêneo de doenças que possuem em comum o depósito extracelular de uma substância proteica dita amiloide. A amiloidose secundária (tipo AA) é uma complicação pouco comum de estados inflamatórios crônicos, infecções e, de forma mais rara, a determinados tipos de neoplasias.
DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente,V. L. C, 58 anos, sexo feminino, admitida no dia 17/03/14 com história iniciada há 5 meses de edema de membros inferiores com progressão para abdome e face, associado a diminuição da diurese, urina espumosa, dispnéia aos médios esforços, inapetência, náusea e perda ponderal de 8 Kg. Ao exame físico se destacava a presença de anasarca e nível pressórico em torno de 100 x 60 mmHg. Exames iniciais mostravam Creatinina:0,8 mg/dl, Uréia: 31 mg/dl, Proteinúria:5,04g/24h, Albumina: 1,8g/dl, Colesterol Total: 293 mg/dl, LDL: 213,6 mg/dl, C4: 27,8 mg, C3: 69,6 mg, FAN não reagente, CA 125: 217 U/ml, CEA: 4,45 ng/ml, Anti-dsDNA negativo, Eletroforese de proteínas séricas sem picos monoclonais. Paciente foi submetida ao mielograma (não identificou patologia específica) e biópsia renal (21/03/14) que mostrou depósitos difusos comprometendo glomérulos, membrana basal tubular e parede dos vasos, com Imunofluorescência negativa e Coloração Vermelho Congo positiva confirmando amiloidose. Durante investigação da etiologia foi realizado Ultrassonografia Transvaginal (24/03/14) que constatou formação hipoecóica complexa no ovário esquerdo associado a espessamento de tuba uterina ipsilateralmente. No dia 29/05/14 paciente foi submetida a Pan-histerectomia para retirada de neoplasia de ovário. No pós-operatório a paciente evoluiu com hipotensão e piora da função renal compatível com Lesão Renal Aguda AKIN III isquêmica/séptica com melhora após hidratação e antibioticoterapia (cefepima). Atualmente encontra-se estável, em fase de recuperação da função renal e aguardando confirmação anatomopatologica da neoplasia de ovário, cuja, grande suspeita é Tumor de Brenner.
DISCUSSÃO: A história natural da amiloidose sistêmica apresenta prognóstico e desfecho ruins, principalmente devido ao início tardio do tratamento. Em raros casos, envolvimento renal e síndrome nefrótica têm sido vistos em amiloidose AA associada a certos tumores sólidos. Diante disso este caso mostrou a importância do diagnóstico precoce sendo instituído o tratamento adequado.


TLP: 433

Nefropatia por IgA: análise histológica e correlação clínicaem pacientes atendidos em um ambulatório de nefrologia Pediátrica

Autor(es): Mariana Araújo Barbosa Tanaka; Flávia Vanesca Felix Leão; Maria Aparecida de Paula Cançado

Universidade federal de sao paulo-UNIFESP

INTRODUÇÃO: ANefropatia por IgA(NIgA) é a glomerulopatia primária mais prevalente no mundo. É definida como glomerulonefrite mediada por imunocomplexos, caracterizada histologicamente na imunofluorescência (IF) pela presença da imunoglobulina A no mesângio glomerular. Pode se manifestar desde hematúria microscópica até hematúria macroscópia/proteinúria, evoluindo com doença renal crônica terminal (DRCT).
OBJETIVO: Analisar histologicamente as biópsias renais com diagnóstico de NIgA e correlacionar com a apresentação clínica dos pacientes.
CASUÍSTICA E MÉTODOS: Estudo observacional, onde foram analisadas biópsias do Serviço de Nefrologia pediátrica com diagnóstico de NIgA e os pacientes quanto ao gênero, idade, historia familiar de doença renal, manifestações clínicas correlacionando com o padrão das lesões histológicas na IF.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Entre os 18 pacientes acompanhados, 10 (56%) tiveram a primeira manifestação da doença na adolescência, seguido dos pré-escolares (5), escolares (2) e lactente (1). Predominou o sexo masculino em 67% (12), 9 pacientes (50%) apresentaram história de infecção de vias aéreas prévia e 4 (22%) história familiar de doença renal. As manifestações clínicas evidenciadas foram: hematúria macroscópica em 83% (15), proteinúria 77% (14), púrpura de Henoch-Schonlein 33% (6), edema 33% (6) e hipertensão arterial (HA) em 27% (5). O clearance de creatinina estimado de acordo com a fórmula de Schwartz modificada classificou os pacientes em: 65% (11) estágio I de DRC, 29% (5) estagio II e um paciente em estagio V. Os achados anatomopatológicos (AP) foram: lesão glomerular mínima (LM) 5 (28%), proliferação mesangial (PM) 12 (67%), associado à esclerose glomerular (6), cilindros hemáticos (1), nefrite túbulo-intersticial (1), sinais de cronicidade túbulo-intersticiais (3), crescentes celulares (2), alterações vaculares (1) e 1 paciente apresentou glomeruloesclerose segmentar e focal. Durante o acompanhamento, observou-se que 3 pacientes (17%) que apresentavam LM evoluíram assintomáticos,10 (56%) apresentaram hematúria microscópica e/ou proteinúria discreta e 4 (5%) hematúria e proteinúria nefrótica representando o grupo de PM. Um paciente manifestou edema, HA, hematúria macroscópica, proteinúria e presença de esclerose glomerular com proliferação, crescentes, alterações túbulo-intersticiais e alterações nas artérias e arteríolas no AP evoluindo com DRCT.
CONCLUSÕES: A NIgA pode ocorrer em qualquer idade. O sexo não foi um fator determinante do prognóstico da doença. A lesão mínima parece estar envolvida a uma apresentação mais branda permitindo remissão prolongada dos sintomas. O padrão de proliferação mesangial foi associado aos quadros de recidivas da hematúria macroscópica e proteinúria. A esclerose glomerular com proliferação, presença de crescentes, alterações túbulointersticiais e em vasos foram os achados histopatológicos relacionados com o pior prognóstico, sugerindo que o padrão histológico das lesões tem forte correlação com a evolução da doença.


TLP: 434

Avaliação de níveis pressóricos e de fatores de risco associados à hipertensão arterial em participantes da Campanha do Dia Nacional de Combate à Hipertensão 2014

Autor(es): Cibele Isaac Saad Rodrigues; Emília Domanoski Nogueira; Fernanda Garcia Bressanin; Rodrigo Saad Rodrigues

Liga de Nefrologia e Hipertensão de Sorocaba – Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde – PUC-SP

INTRODUÇÃO: A Hipertensão arterial (HA) é importante problema de saúde pública, de etiologia multifatorial, prevalência de 30% em estudos populacionais nacionais, mas com baixas taxas de controle. Acomete mais homens e aumenta com a idade. O tabagismo agrava a mortalidade cardiovascular, entretanto a relação entre este fator e a elevação crônica da pressão arterial (PA) ainda é controversa.
MÉTODOS: Alunos das Ligas de Nefrologia e Hipertensão e de Cardiologia realizaram, em pontos de parada rodoviários, durante a Campanha do Dia Nacional de Combate à HA, medida da PA de 302 indivíduos, sendo 53,7% _ e 46,3% _. Todos assinaram termo de consentimento informado.
RESULTADOS: 68,9% afirmaram não ter HA, 4,9% sabiam ser hipertensos, mas não se tratavam e 26,1% sabiam ser hipertensos e tomavam medicação. A média de idade foi de 46±16,8 anos. Os dados pressóricos são apresentados como média±DP, em mmHg. A pressão sistólica (PAS) foi 134±17,9 e a pressão diastólica (PAD) 84±12,1. Observou-se PAS_140 ou PAD_90 em 129 pessoas. Entre os 94 indivíduos que afirmavam ser hipertensos, 35 estavam controlados (PA<140/90), sendo a PAS 133±8,7 e a PAD 81±8,5, destes 88,5% estavam medicados e 11,4% não; 59 estavam com PAS>140 e/ou PAD>90, sendo que a PAS foi 151±15,7 e a PAD 93±10 e, destes, 18,6% não faziam uso de medicamentos e 81,3% faziam. Entre os que desconheciam ter HA, 70 (33,7%) apresentaram PAS>140 e/ou PAD>90, sendo a PAS 145±11 e a PAD 92±8,7. PAS<140 e PAD<90 estive presente em 138 indivíduos (66,3%), sendo PAS 123±10,3 e PAD 77±7. Entre os participantes, 219 nunca fumaram (72,5%), 36 fumavam (11,9%) e 47 (15,5%) eram ex-fumantes. Adiferença entre a PAS e a PAD nestes 3 grupos não foi estatisticamente significante, mas sim entre _ (137±16,5 e 87±12) e _ (127±18 e 78,5±11) (p<0,0001). Em relação à idade, os indivíduos idosos (> 60 anos, 21,2% da amostra) tiveram PAS 143±17, significativamente maior que a dos indivíduos não idosos com PAS = 130_17 (p<0,0001).
CONCLUSÕES: As variáveis sexo e idade tiveram correlação positiva com PA, sendo que _ apresentaram média de PA superiores às das _, assim como idosos em relação aos não idosos. Houve alta prevalência de hipertensos tratados com PA_140/90, indicando baixos índices de controle da PA. Os dados encontrados estão em consonância aos nacionais. É preciso educar a população e os médicos em geral para a detecção e adequado controle da PA, visando à redução da morbidade e mortalidade cardiovascular e renal.


TLP: 435

Uma revisao sistemica sobre a associação das doenças renais com a ocorrência das doenças cardiovasculares

Autor(es): Lara Leal Lima de Oliveira; Antônio Gonçalves Rodrigues Junior; Yara Gonçalves Portela; Thayrine Cristina Martins Moura; Eduarda Carvalho Viana; Patricia Barros Aquino Silva; Isadora Melo de Castro

Faculdade Integral Diferencial

A nefrolitÍase é uma doença de disseminação mundial que acarreta consequências direta na qualidade de vida dos seus acometidos e responsável por desencadear alterações metabólicas diversas. Desta forma, tem-se como objetivos desta pesquisa discutir a correlação da nefrolitíase com a ocorrência de doenças cardiovasculares, abordar os métodos de investigação mais frequentemente utilizados. Trata-se de uma revisão bibliográfica realizada na Biblioteca Virtual da Saúde, sendo selecionados os artigos da base de dados do Scielo, LILASC e Pubmed com publicações nacionais e internacionais efetuadas nos anos de 2004 a 2014 através dos seguintes descritores: Doenças cardiovasculares; Nefrolitíase; Cálculo renal; Fator de Risco. Os descritores, juntamente com os critérios de inclusão e exclusão possibilitaram a identificação de 13 estudos que respondiam aos objetivos propostos. Os resultados evidenciaram que existe uma relação dupla entre a nefrolitíase e a ocorrência de hipertensão arterial e a hipertensão arterial e o desenvolvimento de cálculos renais, bem como outras doenças cardiovasculares, tais como IAM, angina, cardiopatia congênita, morte por doença cardíaca coronária, angioplastia transluminal percutânea, revascularização do miocárdio e Acidente Vascular Cerebral. Conclui-see que é importante a adoção de mudanças de estilo de vida que visam uma maior qualidade de saúde, evitando o aparecimento de cálculos renais ou crescimento de cálculos existentes, bem como as manifestações clínicas e possíveis complicações.

Palavra-Chave: Doenças cardiovasculares; Nefrolitíase; Cálculo renal; Fator de Risco.

Temas Livres Pôsters – Nefrologia Clínica

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