J. Bras. Nefrol. 2014;36(3 suppl. 1):1-10.

Temas Livres Orais

TLO: 001

Espironolactona reduz hipertrofia ventricular esquerda em pacientes com doença renal crônica em hemodiálise

Autor(es): Feniman-de-Stefano, GMM; Zanati-Basan, SG; Shiraishi, FG; Stefano, LM; Castro, AD; Barreti, P; Franco, RJS; Martin, LC

FMB – UNESP e FSP – Faculdade Sudoeste Paulista

INTRODUÇÃO: A DRC tem uma intrínseca relação com cardiomiopatia, sendo essa caracterizada principalmente por hipertrofia ventricular esquerda (HVE) e fibrose do miocárdio, importantes preditores de mortalidade cardiovascular nos pacientes com DRC. Aredução da HVE é associada a aumento da expectativa de vida desses pacientes. A espironolactona é um esteróide sintético, que atua como antagonista da aldosterona, e que, historicamente, não tem sido usada em pacientes com DRC, por causa do risco de hipercalemia. O objetivo desse estudo foi avaliar a capacidade da espironolactona em reduzir a hipertrofia ventricular esquerda de pacientes com doença renal crônica em hemodiálise e verificar seu uso seguro quanto à ocorrência de hipercalemia.
MÉTODOS: Foi realizado estudo randomizado, duplo cego e controlado que avaliou 17 pacientes de hemodiálise, que receberam espironolactona na dose de 12,5 mg/dia, titulada na segunda semana para 25 mg/dia de espironolactona, ou placebo de espironolactona na dose 12,5 mg/dia titulado para 25 mg/dia no mesmo período. Os pacientes foram tratados durante seis meses.
RESULTADOS: Os grupos foram homogêneos em relação às suas características clínicas e variáveis laboratoriais. O grupo que recebeu espironolactona na dose de 12,5 ou 25 mg/dia, teve uma redução em seu índice de massa do ventrículo esquerdo (Pré: 76,6_14,6 g/m2,7; Pós: 68,6_10,5 g/m2,7) em relação ao grupo placebo (Pré: 70,6_14,2 g/m2,7; Pós: 74,3_17,4 g/m2,7); p=0,039. Houve também redução na espessura da parede posterior do ventículo para o grupo de recebeu espironolactona (Pré: 12,5_0,9 mm; Pós: 11,9_0,8) e aumento para o grupo que recebeu placebo (Pré: 12,3_1,0 mm; Pós: 12,7_ ,0), p = 0,043. Não houve redução da pressão arterial. Os níveis séricos de potássio não foram diferentes entre os grupos: Pré: 4,5_0,62 mEq/dL; Pós: 5,0_0,31 mEq/dL (espironolactona) e Pré: 4,6_0,37 mEq/dL; Pós: 4,9_0,24 mEq/dL (placebo); p = 0,244.
CONCLUSÕES: O uso de espironolactona em pacientes com DRC foi eficaz em reduzir a hipertrofia ventricular esquerda, independentemente da redução da pressão arterial. Em relação à ocorrência de hipercalemia, o uso de espironolactona em pacientes com DRC em hemodiálise foi seguro.


TLO: 002

P-Cresol (PC) E P-Cresilsulfato (PCS) estimulam aexpressão de chemoattractant Protein-1 (MCP-1) em células vasculares lisas humanas (VSMC)

Autor(es): Rayana Ariane Pereira Maciel; Lisienny Campoli Tono Rempel; Bruna Bosquetti; Alessandra Becker-Finco; Juliana Ferreira de Moura; Wesley Mauricio de Souza; Roberto Pecoits-Filho; Andréa Emilia Marques Stinghen

Universidade Federal do Paraná

INTRODUÇÃO: Toxinas urêmicas como PC e seu conjugado PCS são responsáveis por muitas consequências clínicas da uremia, tais como a aterosclerose em pacientes com doença renal crônica (DRC). Nesse trabalho investigamos in vitro o papel do PC e PCS na expressão da quimiocina MCP-1, responsável pelo recrutamento dos monócitos a parede do vaso nos eventos que precedem a aterosclerose, via ativação do fator de transcrição NF_B p65 em VSMC.
MÉTODOS: O PCS foi sintetizado por sulfatação do PC. As VSMC foram extraídas por digestão enzimática de veia de cordão umbilical humano e caracterizadas pela presença do filamento _-actina detectado por imunofluorescência. As células foram tratadas com PC e PCS em cinética de 0 e 3 h na concentração normal (PCn: 0,60 e PCSn: 2,87 mg/L), urêmica (PCu: 20,10 e PCSu: 15,6 mg/L) e máxima urêmica (PCm: 40,7 e PCSm: 47,20 mg/L). Aviabilidade celular foi mensurada através do método de 3-[4,5-dimetil-tiazol-2-il]-2,5-difeniltetrazólio (MTT). A expressão de MCP-1 foi investigada por ELISA em sobrenadante celular após o tratamento com PC e PCS na presença ou ausência do inibidor de NF-_B p65.
RESULTADOS: Não foi observada diferença significativa na viabilidade celular após tratamento com PC e PCS em todas as concentrações testadas. Após 3 h houve aumento significativo na expressão de MCP-1 em células tratadas com PCu (150±16 pg/mL, P<0,001), PCm (144±28 pg/mL, P<0,05), PCSn (145±24 pg/mL, P<0. 005), PCSu (150±13 pg/mL, P<0,001) e PCSm (160±8 pg/mL, P<0,001), comparadas com o controle (37±3 pg/mL). Quando as VSMC foram tratadas com inibidor de NF-_ p65, após 3 h, houve diminuição significativa nas concentrações de MCP-1, especialmente no tratamento com PCu (150±16 pg/mLvs 36±10 pg/mL, P<0,001) e PCm (160±8 vs 50±18 pg/mL, P<0,05), mas nenhuma diferença foi observada após tratamento com PCS com adição do inibidor.
CONCLUSÕES: As VSMC em resposta a uremia, participam da formação da placa aterosclerótica, com produção de citocinas, tais como MCP-1, o que contribui para a iniciação e propagação da resposta inflamatória aos lipídeos. Nossos resultados sugerem pela primeira vez, que PC estimula a produção de MCP-1 pelas VSMC, provavelmente através da via NF-__ p65, contudo sugerimos que PCS atua por meio de uma subunidade diferente da via, pois o bloqueio de NF-__ p65 não foi capaz de inibir a produção de MCP-1.


TLO: 003

Interação de endotélio e monócitos em co-cultura: produção de MCP-1 e VCAM-1 via RAGE e PKC-_ em resposta a AGES

Autor(es): Lisienny Campoli Tono Rempel; Alessandra Becker-Finco; Rayna Ariane Pereira Maciel; Bruna Bosquetti; Maíra Barbosa e Reis; Larissa Magalhães Alvarenga; Roberto Pecoits-Filho; Andréa Emilia Marques Stinghen

Universidade Federal do Paraná

INTRODUÇÃO: Os produtos de glicação avançada (AGES) desempenham um papel importante na patofisiologia da disfunção endotelial relacionada a toxicidade urêmica e doença cardiovascular subsequente.
OBJETIVO: No presente estudo avaliamos in vitro o papel dos AGES na expressão via RAGE e PKC-_ da quimiocina monocyte chemoattractant protein-1 (MCP-1) e da molécula de adesão vascular adhesion molecule-1 (VCAM-1), responsáveis pelo recrutamento e adesão de monócitos à parede do vaso nos eventos que precedem a aterosclerose.
METODOLOGIA: Os AGES foram preparados por glicação da albumina e caracterizados por absorbância e eletroforese em gel de poliacrilamida. A viabilidade celular foi avaliada pelo método de 3-[4,5-dimetil-tiazol-2-il]-2,5-difeniltetrazólio (MTT). Células endoteliais extraídas de veia de cordão umbilical (HUVEC), monócitos (células U937) e HUVEC + monócitos foram tratados com AGES a 0,2 mg/mL com ou sem inibidor de PKC-_ numa cinética de 0,3 e 6 h ou 0, 12 e 24 h. A expressão de MCP-1 e VCAM-1 foi investigada por ELISA em sobrenadante celular. A expressão de RAGE por HUVEC foi avaliada por imunocitoquímica.
RESULTADOS: Não houve diferença significativa na viabilidade celular após o tratamento com AGES. Quando as HUVEC foram expostas aos AGES, houve aumento significativo na expressão de MCP-1 após 3 e 6 h (P<0,05) e VCAM-1 após 24 h (P<0,05), quando comparado ao controle. Além disso quando as HUVEC foram incubadas com AGES e inibidor de PKC-_, foi observado uma diminuição significativa na expressão de MCP-1 (P<0,005) e VCAM-1 (P<0,05). O mesmo efeito foi observado quando os monócitos foram expostos aos AGES após 6 h de incubação (P<0,05), e adição de inibidor de PKC-_ (P<0,001). Quando as HUVEC foram co-cultivadas com monócitos, não houve efeito significativo após exposição aos AGES e inibidor de PKC-_. Finalmente, o tratamento com AGES foi capaz de induzir a expressão de RAGE por HUVEC.
CONCLUSÕES O presente trabalho é o primeiro a demonstrar in vitro em três modelos celulares um mecanismo regulatório envolvido na produção de MCP-1 e VCAM-1 mimetizando a disfunção endotelial causada pelos AGES nos eventos iniciais da aterosclerose. Tal mecanismo poderá servir como estratégia terapêutica a fim de reduzir os efeitos deletérios da toxicidade urêmica nos pacientes com doença renal crônica (DRC).


TLO: 004

Rastreamento da doença renal crônica por umatécnica simplificada de medida da creatinina

Autor(es): Alan Castro Azevedo e Silva; Miguel Luis Graciano; Juan Fidel Bencomo Gómez; Jocemir Ronaldo Lugon

Universidade Federal Fluminense/IVB

A recente diretriz internacional desenvolvida e implementada pelo KDIGO (Kidney Disease Improving Global Outcomes) em 2012, enfatiza a importância de identificar precocemente a DRC com o intuito de prevenir, reverter ou retardar sua progressão. Usualmente, o rastreamento da DRC é feito utilizando testes de baixo custo e pouco invasivos como a detecção de albumina na urina ou a dosagem da creatinina. Apresentamos nesse estudo uma forma alternativa e de simples execução para dosar a creatinina, visando a facilitar o rastreamento da DRC. A técnica proposta envolve a coleta de uma gota de sangue através de picada de polpa digital com lanceta. A amostra de sangue é armazenada em papel filtro (PF) e, seca, pode ser facilmente transportada em temperatura ambiente. O objetivo deste estudo é medir a acurácia deste novo teste para rastreamento da DRC, comparando-o com o método convencional. Dessa forma, conduzimos um estudo observacional transversal em pessoas voluntárias efetuando avaliação de dados clínicos, exame físico e coleta de sangue. As dosagens das creatininas obtidas pelos dois testes e os dados demográficos de cada participante permitiram estimar a taxa de filtração glomerular (TFG). Os critérios de inclusão foram: pessoas com um ou mais fatores de risco cardiovascular como hipertensão arterial, diabetes mellitus, tabagismo, sobrepeso/obesidade ou idade acima de 50 anos. Coletou-se sangue venoso por punção com agulha e sangue periférico através de lanceta. O padrão ouro da medida da creatinina foi realizado, de forma automatizada, pelo método Jaffé modificado. A validade do teste feito com papel filtro foi calculada considerando como a variável de interesse uma taxa de filtração glomerular estimada menor que 60/ml/min, calculado pelas equações Cockcroft-Gault, MDRD e CKD-EPI. Desta maneira, a sensibilidade do PF foi de 94% na equação de Cockcroft-Gault, 96% na MDRD e de 94% na CKD-EPI para diagnóstico de TFG/Depuração de creatinina menor que 60 ml/min/1,73 m2. O valor preditivo positivo foi de 95% na Cockcroft-Gault e de 96% na MDRD e CKD-EPI. Por fim a acurácia mostrou um desempenho de 90% na Cockcfrot-Gault, de 92% na MDRD e de 90% na CKD-EPI. A dosagem da creatinina coletada em gota de sangue em PF é um teste simples de ser realizado, pouco invasivo e que apresentou uma ótima acurácia, podendo ser útil para rastrear DRC. Outros estudos observacionais devem ser realizados para confirmar nossa conclusão e provar seu benefício. .


TLO: 005

Exercício físico potencializa efeitos benéficos do extratoaquoso de Phalaris canariensis (EAPc) nos sistemascardiovascular, renal e imunológico nos animais hipertensos. 

Autor(es): Passos, C. S.; Ribeiro, R. S.; Rosa, T. S.; Costa, F.; Neves, R. V. P.; Boim, M. A.

UNIFESP

INTRODUÇÃO: O efeito benéfico do exercício físico regular tem sido aliado a outras estratégias terapêuticas anti-hipertensivas. O Phalaris canariensis (Pc), conhecido popularmente por alpiste, tem considerável fonte de triptofano, a qual pode ser metabolizado pela rota da quinurenina, um agente vasodilatador, através da enzima indoleamina 2,3 dioxigenase (IDO). A IDO também atua como imunomodulador de células T, e está envolvida no controle da inflamação, mediada pela citocina IL-10. Anteriormente demonstramos que o extrato aquoso do Pc (EAPc), reduziu a pressão arterial em ratos espontaneamente hipertensos (SHR), e que o bloqueio da rota da quinurenina, impediu este efeito. Os OBJETIVOS deste estudo foram avaliar se a associação de treinamento aeróbio (TA) com o EAPc potencializaria o efeito antihipertensivo em SHR e analisar a expressão gênica de moléculas pró e anti-inflamatórias no tecido renal.
MÉTODO: Foram utilizados 20 ratos SHR adultos (251-259g; 12 semanas de idade, 5 animais por grupo). Os grupos avaliados foram: controle sedentário (H2O Sed), SHR tratado com EAPc (400 mg/kg, vo) (EAPc Sed,), controle exercício (H2O EX) e SHR tratados com EAPc e exercício (EAPc EX), o protocolo do TA foi em esteira ergométrica.
RESULTADOS: EAPc reduziu a pressão arterial sistólica (PAS) em 11 % no grupo Sed, e 16% no grupo EAPc EX (P<0,05). O EAPc EX mostrou uma redução de 38% no peso relativo da gordura epididimal (p<0,05). As enzimas hepáticas e a função renal apresentaram valores dentro dos limites normais, não havendo diferença entre os grupos (P>0,05). O EAPc aumentou a expressão gênica da enzima IDO2 no tecido renal do EAPc Sed (p<0,005). Houve aumento da IL-10 nos grupos que realizaram o exercício físico em relação ao grupo controle sedentário (P<0,05).
DISCUSSÃO: A administração crônica do EAPc na vigência do exercício aeróbio moderado, reduziu significantemente a PAS, mas não potencializou a redução em relação ao EAPc Sed. Os animais do EAPc EX apresentaram melhores respostas na redução do tecido adiposo e na imunomodulação de citocinas inflamatórias. O EAPc aumentou a expressão do gene da enzima IDO2 e IL -10.
CONCLUSÕES O metabolismo do triptofano via IDO pode ser um dos mediadores do efeito hipotensor do EAPc. O EAPc aliado ao exercício, diminuiu vários parâmetros de risco cardiovascular. Estes dados preliminares sugerem um possível papel cardio-renoprotetor do Pc via produção de moléculas anti- inflamatórias.


TLO: 006

Disfunção cardíaca em camundongos deficientes em Pkd1e resgate do fenótipo por meio de knockout para Galectina-3

Autor(es): Bruno Balbo; Andressa Amaral; Isac de Castro; Vera Salemi; Leandro Souza; Fernando Santos; Maria Cláudia Irigoyen; Feng Qian; Roger Chammas; Luiz Onuchic

Universidade de São Paulo

INTRODUÇÃO: Anormalidades miocárdicas destacam-se entre as manifestações cardiovasculares na doença renal policística autossômica dominante (DRPAD).
MÉTODOS: Para investigar a patogênese dessas manifestações, analisamos o fenótipo cardíaco em camundongos deficientes em Pkd1. Avaliamos o modelo Pkd1cond/cond:NestinCre (CI), com cistos renais e hipertensão, na idade de 20-24 semanas, e heterozigotos para mutação nula em Pkd1 (Pkd1+/-; HT) entre 10-14 semanas, representando um modelo não cístico de haploinsuficiência.
RESULTADOS: Análises ecocardiográficas de camundongos CI e HT revelaram diminuição da fração de ejeção do ventrículo esquerdo, indicando disfunção sistólica, além de relação E/A e tempo de desaceleração consistentes com disfunção diastólica, quando comparados aos controles Pkd1cond/cond (não cístico; NC) e Pkd1+/+ (selvagem, SV). Ecocardiografia por speckle-tracking mostrou redução na deformidade cardíaca (strain) nos modelos CI e HT. Os corações de ambos os grupos apresentaram níveis de apoptose (TUNEL) maiores e fibrose discreta (Picrosírius). Neste cenário, investigamos galectina-3 (Gal-3) como modificador potencial do fenótipo cardíaco na DRPAD. Duplos-mutantes Pkd1cond/cond:NestinCre:Lgals3-/-(CIG-) e Pkd1+/-:Lgals3-/-(HTG-) cursaram com melhora da função sistólica e de strain comparados a CIs e HTs, não diferindo de NCs e SVs. Animais HTG- apresentaram melhora parcial da função diastólica. Apoptose e fibrose cardíaca mostraram-se reduzidas em CIG-s e HTG-s comparadas a CIs e HTs, alcançando valores similares a NCs e SVs. Análises de western blot revelaram expressão de Gal3 maior em corações CIs que NCs; o mesmo não ocorreu entre HTs e SVs. Os duplos-mutantes não apresentaram diferença na ureia sérica quando comparados a CIs e HTs, mas houve tendência a maiores frações de excreção de Na+, Cl- e K+. Por fim, empregamos um modelo cístico grave, homozigoto para um alelo que impede a clivagem da policistina-1 (Pkd1V/V; VV), e mostramos que a ausência de galectina 3 (Pkd1V/V:Lgals3-/-; VVG-) aumentou a sobrevida. Nossos resultados demonstram disfunção miocárdica em diferentes modelos de deficiência de Pkd1, à semelhança da DRPAD humana, e revelam que a ausência da Gal-3 resgata significantemente este fenótipo.


TLO: 007

Expressão do microRNA 142-3p no sangue periférico de pacientes transplantados renais com disfunção aguda do exerto

Autor(es): Tuany Di Domenico; Gabriel Joelsons; Fábio Spuldaro; Rosângela Montenegro; Luiz Felipe Gonçalves; Roberto Ceratti Manfro

Hospital de Clínicas de Porto Alegre

INTRODUÇÃO. A descoberta de biomarcadores moleculares não invasivos para a detecção de disfunção do enxerto otimizaria o manejo clínico de pacientes transplantados renais (PTR). O microRNA142-3p (miRNA142-3p) está associado com funções de supressoras do sistema imune, em particular a diferenciação e a supressão de células T helper. Este trabalho avalia a expressão do miRNA 142-3p em células do sedimento urinário e do sangue periférico de PTR, a fim de avaliá-lo como um biomarcador não invasivo para disfunções do enxerto
PACIENTES E MÉTODOS. Foram incluídas 98 amostras coletadas a partir de 76 PTR que foram submetidos a biópsias de enxerto. Foram realizadas 49 biópsias por indicação, 42 biópsias de vigilância e sete biópsias protocolares de pacientes estáveis no terceiro mês pós-transplante. O sangue periférico e urina foram obtidas imediatamente antes da biópsia para a avaliação do biomarcador através da técnica de reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR). As biópsias foram classificadas segundo a classificação de Banff07 e divididas em três grupos: rejeição aguda (RA, n = 23), outras disfunção (OD, n = 68) e biópsia de transplante renal normal (BxN, n = 7)
RESULTADOS. A expressão molecular do miRNA 142-3p nas células do sedimento urinário do grupo BxN foi 0,7 (IC 95% 0,6 – 2,0) e não houve diferença na comparação com os outros grupos, RA[9,0 (IC 95% 0,3-38,2)] e OD [8,0 (IC 95% 0,5-80,3)], (P=0,29). No sangue periférico, os valores da expressão do miRNA142-3p para o grupo BxN foi 1,1 (IC 95% 0,4-2,4), esse grupo apresentou menor expressão do que o grupo de pacientes com RA [(1,3 (IC 95% 0,5-1,8)] e significativamente menor em comparação com o grupo OD [(2,39 (IC 95% 1,06-5,82)] (P=0,01).
CONCLUSÕES. O miRNA 142-3p apresentou expressão aumentada no sangue periférico de pacientes com disfunção do enxerto renal e isso não se deve à rejeição aguda do enxerto. Sabe-se que o gene FOXP3 atua como mediador reprimindo a transcrição do miRNA 142-3p. É possível que a expressão do miR-142-3p seja regulada negativamente pelo aumento da expressão de FOXP3 encontrada na rejeição aguda, sugerindo-se uma relação inversa com esse marcador.


TLO: 008

TALES – Validação de um Teste de Avaliação do Letramento em Saúde no Brasil

Autor(es): Marcus Gomes Bastos; Luanda T. M. Sanros; Fernando A. B. Colugnati

INTRODUÇÃO: Letramento em Saúde (LS) implica a capacidade de obter, processar e compreender informações e serviços básicos de saúde, necessários para tomar decisões pertinentes sobre sua própria saúde e sobre cuidados médicos. Para tanto, o paciente precisa apresentar, efetivamente, competência funcional para usar e interpretar textos, documentos e números. O LS envolve determinantes individuais e sistêmicos, incluindo habilidades de comunicação entre o paciente e o profissional de saúde, aspectos culturais, complexidade do sistema de saúde, assim como as demandas da situação ou contexto. Avaliar o LS é uma preocupação crescente para os pesquisadores e profissionais de saúde, devido ao rápido acúmulo de evidências associando LS com desfechos clínicos negativos. Contudo, até o momento, inexiste um instrumento validado no Brasil de avaliação de letramento em saúde.
OBJETIVO: Desenvolver um instrumento inédito de Teste de Avaliação do Letramento em Saúde (TALES).
MÉTODOS: Foi elaborado um Folheto, contendo informações básicas sobre Doença Renal Crônica (DRC), utilizando linguagem acessível, ilustrações, tabelas, pictogramas, metonímias e facilitação de desenhos técnicos. Foi criada uma avaliação de LS, cuja versão final deverá ser composta por 18 sentenças de compreensão de leitura e por 3 situações-problema envolvendo habilidades numéricas, referentes às informações contidas no Folheto. O instrumento será avaliado em suas propriedades psicométricas, tendo como base conceitual tanto a Teoria Clássica de Testes (TCT), quanto à abordagem mais atualmente utilizada de Teoria de Resposta ao Item (TRI). Foi gerado um banco de dados de 63 itens, distribuído em 3 níveis de letramento (rudimentar, básico e pleno), baseados nas medidas do Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF – 2009). Serão testadas 6 versões de questionário, com cada item presente em 2 versões, sendo que estas possuem, em média, 4 itens em comum, a fim de gerar uma versão final que, por sua vez, será confrontada com um Padrão de Referência ou Padrão Ouro, neste caso, o INAF.
CONCLUSÃO: Ao disponibilizar um instrumento de triagem que viabilize a ação das equipes de saúde quanto à identificação e posterior intervenção de pacientes em risco potencial de insucesso no tratamento, devido ao LS inadequado, pretende-se minimizar desfechos clínicos desfavoráveis como comorbidades, tratamentos intensivos, invalidez e óbito.


TLO: 009

Redução da densidade mineral óssea em crianças e adolescentes com hipercalciúria idiopática não estárelacionada com a presença de cálculos urinários

Autor(es): Maria Goretti Moreira Guimarães Penido; Marcelo de Sousa Tavares; Mariana Guimarães Penido de Paula; João Milton Martins de Oliveira Penido; Morgana Bechler De Moro; Ana Clara Rezende dos Santos; Janaína Chaves Lima; Victoria Pereira de Lima; Luis Otávio Giovanardi Vasconcelos; Raisa Cristina Teodoro da Silva

Unidade de Nefrologia Pediátrica, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG

INTRODUÇÃO Associação entre hipercalciúria idiopática (HI) e redução da densidade mineral óssea (DMO) foi descrito em adultos e crianças. O risco para redução da massa óssea em crianças e adolescentes com HI e urolitíase ainda não foi bem definido. O objetivo deste estudo foi verificar se crianças e adolescentes hipercalciúricos com urolitíase têm maior risco para redução da DMO quando comparados com aqueles sem urolitíase.
MÉTODOS Foram avaliados os dados de 88 crianças e adolescentes com HI. Eles foram divididos em grupo 1 (G1) constituído por 49 crianças e adolescentes com urolitíase (29 masculinos) e idades entre 9,6±3,6 anos, e grupo 2 (G2) constituído por 39 crianças e adolescentes sem urolitíase (21 masculinos) com idades entre 7,5±2,4 anos. O grupo 3 (G3) foi um grupo controle composto por 29 crianças e adolescentes (13 masculinos) com idades entre 10,3±3,8 anos. Duas amostras de urina de 24 horas foram analisadas para volume, creatinina, cálcio, ácido úrico, citrato, fosfato, oxalato, magnésio, cistina, hidroxiprolina. Ntelopeptide e pH foram analisados em amostra urinária única colhida em jejum. Amostras de sangue venoso foram analisadas simultaneamente para creatinina, eletrólitos, cálcio, fósforo, fosfatase alcalina, ácido úrico, magnésio, PTH, osteocalcina, gases sanguíneos e bicarbonato. A densitometria óssea foi realizada por DXA usando um dispositivo Lunar DPX-IQ 2516. Usamos o teste de comparações múltiplas de Dunn e Kruskal-Wallis para comparar os grupos.
RESULTADOS Não houve diferenças para idade, sexo, escore Z do IMC, parâmetros bioquímicos e minerais entre G1, G2 e G3. O volume de urina de 24 horas foi superior em G2 quando comparado com G1 (p <0,01), enquanto que o oxalato urinário foi inferior (p <0,01). Não houve diferenças para a DMO areal e para o escore Z da DMO da coluna lombar (L1-L4) entre G1 e G2. O G3 apresentou maiores valores para a DMO areal e para o escore Z da DMO da coluna lombar (L1-L4) quando comparado com G1 (p <0,01) e G2 (p <0,001).
CONCLUSÕES Crianças e adolescentes com HI com e sem urolitíase não mostraram nenhuma diferença em relação ao reduzido escore Z da DMO da coluna lombar. As diferenças observadas entre os subgrupos dos pacientes foram os valores mais elevados de oxalato urinário e o volume urinário inferior, ambos contribuindo para a formação de cálculos, sem efeito sobre o metabolismo ósseo.


TLO: 010

Epidemia de glomerulonefrite de nova serrana: seguimento de dez anos

Autor(es): Sergio Wyton Lima Pinto; Ricardo C. Sesso

Hospital São João de Deus- Divinopolis, MH e UNIFESP

INTRODUÇÃO:Epidemias de glomerulonefrite relacionadas ao Streptococcus zooepidemicus são raras. Não há estudos sobre o seguimento dos pacientes a longo prazo após os surtos epidêmicos associados a esta bactéria.
OBJETIVOS: Descrever a evolução das manifestações clínicas e da função renal de pacientes com glomerulonefrite pós-estreptocócica associada ao Streptococcus zooepidemicus ocorrida na cidade de Nova Serrana em MG e examinados em 1998 e 2008 (seguimento de 10 anos).
METODOLOGIA: Na ocasião da epidemia (1998), 134 indivíduos foram considerados casos. Estes indivíduos foram reavaliados dois e cinco anos após o episódio agudo. Dez anos após, 60 indivíduos (Grupo caso) foram reavaliados. Eles submeteram-se ao exame clínico e exames da função renal, também foram selecionados 48 indivíduos escolhidos entre os vizinhos e parentes ajustados para sexo e idade (grupo controle). Além de exame clínico, todos foram avaliados quanto a creatinina sérica, cistatina C, microalbuminúria sobre creatinina, proteinúria pela fita (PtU), hematúria pela fita (HbU) e estimativa de filtração glomerular (TFG) pelas equações do MDRD (Modificação da Dieta na Doença Renal, sigla inglesa) e de Schwartz (em crianças ou adolescentes). As informações foram armazenadas em banco de dados e analisadas no programa SPSS.
RESULTADOS: Após dez anos não detectamos diferenças significativas entre o grupo caso e o controle com relação as variáveis avaliadas (creatinina sérica, potássio, cistatina C, MDRD, VLDLc, HDLc, LDLc, CT, Hm, HTc, PAs, PAd, sódio, cloreto, TG e microalbuminúria). O valor médio da TFG nos grupos caso e controle foi de 99 +/- 26 ml/mim e 96 +/- 31 ml/mim, respectivamente, de cistatina foi de 0,81+/- 0,26 e 0,76 +/- 0,19 mg/L, respectivamente e a mediana do logarítmo da albuminuria foi de 1,99 e 1,95, respectivamente. Comparando-se os 60 pacientes examinados em 1998 com os mesmos pacientes examinados dois, cinco e dez anos após houve piora progressiva dos valores das seguintes variáveis: MDRD, PA e microalbuminúria até cinco anos após a epidemia e melhora progressiva nos últimos cinco anos.
CONCLUSÕES: Nossos dados mostram, pela primeira vez, que a função renal de pacientes com glomerulonefrite pós-estreptocócica associada ao Streptococcus zooepidemicus, que superam a fase aguda, melhoram os parâmetros clínicos e laboratoriais no longo prazo. As razões para esta melhora necessita maior investigação.


TLO: 011

Influência de diferentes concentrações de fósforo dietético na regulação de cotransportadores intestinais sódio fosfato em ratos uremicos

Autor(es): Tatiana Martins Aniteli; Flavia Gomes Machado; Luciene dos Reis Machado; Wagner Domingues; Patrícia Castellucci; Vanda Jorgetti

Faculdade de Medicina

INTRODUÇÃO: A hiperfosfatemia é uma complicação frequente e grave nos pacientes com doença renal crônica. Cotransportadores estão envolvidos na absorção intestinal de fósforo (P) e são regulados por vários fatores. Com o declínio da função renal, o intestino torna-se alvo importante para o controle terapêutico.
OBJETIVO: Investigar o efeito de dietas com distintas concentrações de P na regulação dos cotransportadores NaP-IIb e Pit-1 no intestino de ratos controles (C) e urêmicos (Nx).
METODOLOGIA: Ratos Wistar machos, com peso entre 250 e 300g, submetidos à nefrectomia 5/6 (n=39) foram mantidos com dieta padrão por 30 dias. Após este período, a concentração de P na dieta foi alterada para: 0. 2 (baixa), 0. 54 (padrão) e 0. 9% (rica) e os animais alimentados por 48 horas. Os animais do grupo C seguiram o mesmo protocolo (n=37).
RESULTADOS: Os animais Nx cursaram com aumento das concentrações séricas de creatinina, P, FGF-23, paratormônio (PTH) e da albumina urinária. A ingestão alimentar não foi diferente entre os grupos. Não houve diferença no P plasmático no grupo C, demonstrando a capacidade destes animais em manter a homeostase por um aumento crescente da Fração de Excreção de P (FeP). Nos animais Nx, mesmo com aumento da FeP, somente o grupo que recebeu dieta de 0. 2%P manteve a fosfatemia normal. A administração de dieta rica em P por 48h foi suficiente para triplicar os níveis de FGF-23 e duplicar os níveis de PTH nos animais Nx comparados aos C. Nesses mesmos animais, o cálcio iônico foi significativamente menor quando comparado aos que receberam dieta baixa em P, possivelmente pela menor síntese de calcitriol em virtude dos níveis elevados de PTH. Aexpressão de RNAmensageiro (RNAm) para NaP-IIb, analisada pelo qPCR-RT, não foi diferente comparados aos animais C em dieta padrão. Em contrapartida, as expressões de RNAm para PiT-1 foram maiores nos animais Nx em dieta baixa em P comparados ao seu respectivo C. Através do ELISA, observamos que a expressão proteica de NaP-IIb e PiT-1 estava reduzida nos animais alimentados com dieta alta em P somente no íleo.
CONCLUSÕES PiT-1 se modula mais eficazmente diante de sobrecarga aguda da P, com aumento do mRNA. No entanto, isto não se traduziu no aumento da expressão da proteica, possivelmente por mecanismos de compensação presentes na uremia. As imunofluorescências confirmaram em parte os achados para NaP-IIb no ELISA e os dois cotransportadores parecem coexistir no mesmo compartimento celular.


TLO: 012

Preditores de recuperação da função renalapós transplante de fígado ortotópico

Autor(es): Andreoli MCC; Souza NKG; Ammirati AL; Matsui TN; Durão M, Batista MC; Monte JC; Pereira VG; Santos OP; Santos BC

Centro de Diálise Einstein, Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, Brasil

Insuficiência renal é um evento frequente no período pré e perioperatório no transplante de fígado ortotópico (TxFO) e, em muitos casos, requer terapia renal substitutiva (TRS). A taxa de recuperação da função renal após o TxFO e o intervalo até esta recuperação são informações cruciais para o manejo do programa de transplantes. Avaliamos uma amostra de pacientes estáveis em hemodiálise (HD), após internação em unidade de terapia intensiva para TxFO, de um total de 908 pacientes adultos submetidos a TxFO em hospital terciário de 1/6/2005 a 31/12/2012. O objetivo foi avaliar o tempo até a recuperação da função renal (suspensão da TRS) e determinar os fatores de risco para permanecer em TRS por período _90 dias após o TxFO. O modelo de riscos proporcionais de Cox foi usado para identificar fatores associados ao risco relativo de permanecer em HD. Foram analisados 155 pacientes: 53 (45-60) anos; 64% sexo masculino; 28% diabéticos pré-TxFO; 21% hipertensos pré-TxFO; 40% com cirrose relacionada a vírus; MELD 27 (22-35); 32% com creatinina no momento da inscrição para TxFO >1,5mg/dL ou em HD; 50% com creatinina no momento do TxFO >1,5mg/dL ou em HD; 17% com necessidade de re-TxFO agudo; 18% com carcinoma hepatocelular; 14% submetidos a hemodiafiltração contínua venovenosa (CVVHDF) pré-TxFO, 25% a HD intermitente pré-TxFO e 41% a CVVHDF pós-TxFO; transfusão intraoperatória: 2 (0-3) U de concentrado de glóbulos vermelhos, 0 (0-5) U de plasma fresco congelado (PFC), 22% de crioprecipitado e 30% de plaquetas; 7 (4-14) dias de internação na terapia intensiva após o TxFO. Em até 90 dias pós-TxFO, 118 (76%) dos pacientes foram removidos da HD e 16% (10%) foram a óbito em HD. Durante período de seguimento de 1 ano, um total de 129 (83%) dos pacientes foram removidos da HD, 19 (12%) pacientes faleceram em HD, 2 (1%) receberam transplante de rim subsequente e apenas 5 (3%) permaneciam em HD. A mediana de tempo até a recuperação da função renal foi 33 (IC95% 27-39) dias. Na análise multivariada, falência hepática fulminante (p<0,001), ausência de hipertensão arterial pré-TxFO (p=0,016), menor necessidade de transfusão de PFC no intraoperatório (p=0,019) e a não realização de HD intermitente pré-TxFO (p=0,032) foram preditores significativos da suspensão da TRS em até 90 dias após TxFO. Portanto, uma grande proporção dos pacientes submetidos a TxFO recuperam a função renal após o TxFO e fatores pré e intraoperatórios podem ter impacto na probabilidade desta recuperação.


TLO: 013

Alterações Renais pelo uso abusivo de suplementos vitamínicos contendo Vitaminas A, D e E em altas doses – Série de 15 casos em Fortaleza, Ceará, Brasil

Autor(es): Laio Ladislau Lopes Lima; Lorena Vasconcelos Mesquita Martiniano; Newton Carlos Viana Leite Filho; João Emmanuel Alexandrino Fortaleza; Louize Emanuele de Oliveira Souza; Geraldo Bezerra Silva Júnior; Elizabeth De Francesco Daher

Universidade Federal do Ceará

INTRODUÇÃO: O uso de esteroides anabolizantes e suplementos vitamínicos têm atingido proporções alarmantes nas últimas décadas. Com o uso indiscriminado de suplemento vitamínico à base de vitaminas lipossolúveis A, D e E, de uso veterinário, o doping cosmético tem se tornado cada vez mais comum, assim como seus efeitos adversos. Este trabalho tem o objetivo de mostrar as principais complicações renais associadas ao uso inapropriado de tais substâncias.
MÉTODOS: Este trabalho é uma série de 15 casos, cujos dados foram obtidos de forma retrospectiva, a partir da coleta de prontuários no período abril de 2010 até abril de 2014, em dois hospitais terciários da cidade de Fortaleza, Ceará. Lesão renal aguda (LRA) foi definida de acordo com o critério RIFLE.
RESULTADOS: Foram incluídos 15 pacientes, sendo 14 pacientes do sexo masculino (93,3%). Na admissão, 7 (43,75%) apresentaram hipercalcemia. Os principais sinais e sintomas também observados foram: vômitos (83%), náuseas (75%), febre (75%), cefaleia (66,6%), poliúria (66,6%), adinamia (58,3%), perda ponderal (50%), dor abdominal (50%). Os principais exames laboratoriais mostraram: Hb 11,2±2,8g/dL, Ht 33,4±8,7%, Leucócitos 10137,8±4279/mm3, plaquetas 73428±53040/mm3, uréia 80,3±65,1mg/dL, creatinina 3,2±2mg/dL. O nível máximo de PTH foi de 8,6±6,1 pg/ml, mostrando tendência a supressão e o nível de cálcio 13,5±2,0 mg/dL, com 13 pacientes apresentando hipercalcemia, dados que confirmam a intoxicação pela vitamina D. Os níveis máximos de ureia e creatinina durante a internação foram de respectivamente, 105,51±77 e 4,6±3. LRA foi observada em 8 casos (43,75%), sendo 1 na classe “Risk” (12,5%), 1 na classe “Injury” (12,5%) e 6 na classe “Failure” (75%). Entre os pacientes, 3 (37,5%) já apresentavam LRA na admissão. Apenas 1 paciente (6,6%) necessitou de hemodiálise.
CONCLUSÕES: LRA é uma importante complicação do abuso de suplementos vitamínicos, embora seja pouco descrita. A exata fisiopatologia desse tipo de LRA ainda é incerta. Entretanto, a causa principal da disfunção renal parece ter relação direta com a intoxicação por vitamina D e a consequente hipercalcemia e a nefrite intersticial induzida por drogas. É essencial o tratamento precoce da hipercalcemia, com hidratação vigorosa, uso de diuréticos e corticoides.


TLO: 014

Avaliação dos fatores de risco e desfechos associados à função retardada no transplante renal com doador falecido. 

Autor(es): Mateus Swarovsky Helfer; Otávio Roberto Silva Costa; Alessandra Rosa Vicari; Adriana Reginato Ribeiro; Fábio Spuldaro; Luiz Felipe Gonçalves; Roberto Ceratti Manfro

Hospital de Clínicas de Porto Alegre

INTRODUÇÃO. A função retardada do enxerto (FRE) apresenta incidência elevada incidência no Brasil. Entretanto, seus fatores de risco e impacto nas sobrevidas e função dos enxertos não foram suficientemente estudados.
OBJETIVO. Analisar os fatores de risco associados à FRE em receptores de rins de doadores falecidos (DF) e os desfechos associados.
PACIENTES E MÉTODOS. Estudo de coorte retrospectivo com receptores de rim de DF. Foram avaliados os fatores de risco por análises univariada e multivariada. Asobrevida dos enxertos e dos pacientes foi avaliada por curvas de Kaplan-Meier. Além disso, foi analisada a função renal e a incidência de rejeição aguda em pacientes com e sem FRE.
RESULTADOS. No período do estudo 510 pacientes seqüenciais receberam órgão de DF. Idade 49±13 anos; 297 (58%) masculinos, 453 (88%) brancos e 159 (31,2%) receberam rins de doadores limítrofes. FRE ocorreu em 355 receptores (70%), com duração de 12,7±14,8 dias e o número de sessões de hemodiálise necessárias até a recuperação da função renal foi em média 5,9±6,1. Na análise univariada dos fatores de risco, apresentaram diferenças significativas: (a) relacionadas ao doador: idade, creatinina, hipertensão e biópsia pré-implante; (b) ao receptor: indução com anticorpos; (c) ao transplante: tempo de isquemia fria, rim de oferta nacional, número de incompatibilidades HLA. Na análise multivariada permaneceram significativos: creatinina do doador (RR: 1,081 [1,039- 1,125], P<0,01); idade do doador (RR: 1,006 [1,003-1,01], P=0,001); rim de oferta nacional (RR: 1,16 [1,037-1,315], P = 0,01) e indução com anticorpos (RR: 1,487 [1,113-1,960], P=0,007). Rejeição aguda ocorreu em 34,5 e 19,9% dos pacientes com e sem FRE, respectivamente (P<0,01). Não houve diferença significativa na sobrevida dos pacientes, a sobrevida dos enxertos foi menor no grupo FRE (log rank, P = 0,032). O grupo de pacientes que evoluiu inicialmente com FRE apresentou pior função do enxerto na avaliação aos 6 meses após o transplante, creatinina sérica foi de 1,9±0,9 X 1,5±0,7 mg/dL, respectivamente para os grupos com e sem FRE (P<0,01).
CONCLUSÕES. Identificou-se a idade e função renal do doador, a origem do órgão e a necessidade de indução como fatores de risco para a elevada incidência de FRE. Sua ocorrência está relacionada a taxas mais elevadas de rejeição aguda e perdas de enxertos assim como a pior função dos enxertos.


TLO: 015

Análise prospectiva de desfechos relacionados a não aderência aos imunossupressores em transplantados renais

Autor(es): Elisa de Oliveira Marsicano; Lucas Moratelli; Luciane de Souza Braga Senra; Andresa Nascimento da Silva; Paula Liziero Tavares; Fernando Colugnati; Marcus Gomes Bastos; Hélady Sanders-Pinheiro

Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa em Nefrologia – NIEPEN/Universidade Federal de Juiz de Fora (Juiz de Fora – MG)

INTRODUÇÃO: A não-aderência (NA) ao tratamento imunossupressor está associada a eventos adversos em transplante renal (TxR), porém há poucos estudos prospectivos e nenhum estudo em populações brasileiras com este desenho. O objetivo deste estudo foi identificar se a NA ao tratamento imunossupressor é fator de risco para função e sobrevida do enxerto, óbito e número de internações.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal, prospectivo e observacional, com 100 transplantados renais, avaliados inicialmente em 2010 e em seguida em 2013 O diagnóstico de NA foi feito pela triangulação de três métodos: Escala BASEL para Avaliação da Aderência a Medicamentos Imunossupressores – BAASIS (autorrelato), a opinião dos profissionais e o nível sanguíneo dos imunossupressores. Foi considerado não aderente o paciente que fosse identificado por um dos métodos. Os desfechos avaliados foram função renal (filtração glomerular pela equação MDRD), óbito, perda do enxerto e número de internações. Utilizou-se o teste Mann-Whitney e a análise de sobrevida de Kaplan-Meier e log hank para avaliação estatística. Os pacientes foram, ainda, avaliados quanto à permanência do comportamento de NA, com o decorrer do tempo, através do Teste de Homogeneidade Marginal.
RESULTADOS: 65% dos pacientes eram do gênero masculino, 72% da raça branca, com idade média de 45,0±13,5 anos. 89% receberam o enxerto de doador vivo e o tempo mediano pós transplante foi de 108,75 meses (44 – 273). Os pacientes não aderentes perfizeram 51% da amostra em 2010 e 61% em 2013. Não houve diferença significativa entre os indivíduos aderentes e não aderentes quanto à sobrevida do receptor (91,3 vs. 93,7%; p=0,655), sobrevida do enxerto (83,3 vs. 77,0%; p=0,744), redução da filtração glomerular em valores absolutos (mediana de 7,0 vs. 4,0 ml/min/1,73m2; p=0,256) e número de internações (mediana de 0 vs. 1,0; p=0,600). A prevalência de aderentes e não aderentes em 2010 e em 2013 apresentaram proporções marginais homogêneas.
CONCLUSÃO: A prevalência de NA foi elevada na amostra estudada, provavelmente devido à metodologia de maior acurácia. Não observamos associação entre os desfechos e a NA no período de 3 anos. Tempos diferentes pós Tx, pouco tempo de acompanhamento e poucos eventos podem explicar este resultado. Por outro lado, houve maior prevalência da NA com o decorrer do tempo pós TxR e persistência deste comportamento de risco.


TLO: 016

Evolução Materna e Fetal de Gestações Acompanhadas de Síndromes Hipertensivas em um Hospital Público Terciário

Autor(es): Grace Sanches Gutierrez Cerqueira; Wesley Bruno Merencio da Silva; Isabela Roberta Cruz Barbosa; Neil Ferreira Novo; Fernando Antonio de Almeida; Joe Luiz Vieira Garcia Novo

Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC/SP, campus Sorocaba-SP

INTRODUÇÃO: A hipertensão arterial (HA) é a principal causa de internação por intercorrências clínicas maternas e fetais na gestação e responsável pela piora do prognóstico materno e fetal.
OBJETIVO: Traçar o perfil epidemiológico, avaliar a evolução materna e fetal relacionadas às diferentes síndromes hipertensivas e à realização de pré-natal (PN) adequado ou não.
MÉTODOS: Foram avaliadas retrospectivamente 1.501 gestações, que corresponderam a todas as internações por síndromes hipertensivas em um período de 4 anos em um hospital terciário referência de uma região administrativa de saúde com 2 milhões de habitantes. Neste período foram realizados 12.971 partos no serviço.
RESULTADOS: A idade materna variou de 12 a 47 anos, média de 28,5 anos e mediana de 29 anos. Pelos critérios do IBGE 1. 265 mulheres eram brancas e 236 não brancas. Nulíparas foram 454 e multíparas 1.047. O tabagismo estava presente em 249 e 4 usuárias de drogas. A pré-eclâmpsia (PE) foi responsável por 578 casos (38,1%), a hipertensão arterial crônica (HAC) isolada por 562 casos (37,1%), a eclâmpsia 66 casos (4,4%) e a PE/eclâmpsia sobreposta 310 casos (20,4%). Amortalidade materna (MM) foi de 0,17% na PE; 0,53% na HAC; 7,58% na eclâmpsia e 2,9% na PE/eclâmpsia sobreposta, proporções diferentes (p<0,01) em todas as categorias, exceto quando comparamos HAC vs PE e PE vs eclâmpsia. Amortalidade fetal (MF) foi de 7,8% na PE; 12,1% na HAC; 13,6% na eclâmpsia e 30,7% na PE/eclâmpsia sobreposta, proporções diferentes (p<0,01) em todas as categorias, exceto quando comparamos HAC ou PE vs eclâmpsia. O PN adequado (6 consultas ou mais) foi realizado em 853 gestações (56,8%) e nestas a MM foi de 0,59% e a MF de 5,86%. Este grupo foi tomado como referência, odds ratio (OR)=1,0. O PN incompleto (<6 consultas) foi realizado em 532 gestações (35,4%) com MM de 1,32% [OR=2,26 (IC95% 0,71-7,16; NS)] e MF de 15,41% [OR=2,93 (IC95% 2,02-4,24; p<0,001)]. O PN não foi realizado em 116 gestações (7,8%) com MM de 3,45% [OR=5,85 (IC95% 1,54-22,09; p<0,01)] e MF de 13,79% [OR=2,57 (IC95% 1,41-4,68; p<0,01)].
CONCLUSÕES Nesta avaliação de um grande número de gestações acompanhadas de HA, a eclampsia isolada ou sobreposta esteve associada à alta mortalidade materna e todas as síndromes hipertensivas relacionaram-se à alta mortalidade fetal. A sobreposição da PE/eclâmpsia à HAC duplica ou triplica a mortalidade fetal. Em grávidas com HA o pré-natal incompleto ou não realizado aumenta a mortalidade materna e fetal


TLO: 017

Marcadores para Lesão Renal Aguda em Pacientes com Síndrome Nefrótica

Autor(es): Maria Brandão Tavares; Paula Neves Fernandes; Caroline Vilas Boas de Melo; Marilia Bahiense Oliveira; Reinaldo Pessôa Martinelli; Washington Luis Conrado dos Santos

Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz FIOCRUZ Bahia

INTRODUÇÃO: A Lesão Renal Aguda é frequente em pacientes com Síndrome Nefrótica idiopática, podendo mimetizar Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva. Marcadores de Necrose Tubular Aguda (NTA) têm sido estudados na urina. Porém, poucos trabalhos levam em conta a presença de Síndrome Nefrótica ou os achados histológicos na análise. Nosso objetivo é estudar a performance de KIM-1, NGAL e IL-18 no diagnóstico diferencial entre Necrose Tubular Aguda e Glomerulonefrites exsudativas ou crescêntica em pacientes com síndrome nefrótica.
MÉTODOS: O estudo inclui 40 pacientes com síndrome nefrótica submetidos à biópsia renal para diagnóstico. Coletado 50 ml de urina no dia da biópsia. A urina foi centrifugada 2000g, e o sobrenadante armazenado a -80ºC até o uso. As concentrações de KIM-1, NGAL e IL-18 foram estimadas por ELISA. As lâminas histológicas foram revistas para estimativa da área cortical comprometida por necrose tubular aguda ou por fibrose. Informações sobre idade, sexo, concentrações séricas de creatinina, uréia, colesterol e albumina, proteinúria de 24 horas e diagnóstico histológico foram coletadas dos prontuários.
RESULTADOS: A idade dos pacientes foi 35 ± 16 anos e 22(55%) eram do sexo feminino. A creatinina sérica foi 1,3 ± 0,6 mg%, albumina 1,9 ± 0,6 g% e proteinúria de 7, 6 ± 6,3 g/24 horas. As enfermidades mais comuns foram doenças do espectro Lesão Mínima – Glomeruloesclerose Segmentar e Focal (18; 46%), Glomerulonefrite Membranosa (9; 23%) e Glomerulonefite Lúpica (6; 15%). As glomerulonefrites exsudativas representaram 9 (22,5%) casos. Insuficiência renal esteve presente em 15 (37,5%) dos pacientes. NTA abrangendo _ 10% da cortical foi identificada em 14 (45%) dos 31 casos sem glomerulonefrite exsudativa. Houve correlação positiva entre a intensidade da NTA e as concentrações urinárias de KIM-1 (P=0,0022) e NGAL (P=0,0025) mas não de IL-18 (P=0,14). As concentrações KIM-1 e NGAL foram maiores nos pacientes com NTA sem glomerulonefite exsudativa em comparação aos pacientes sem NTA (P=0,0026 e P=0,0054, respectivamente). Entretanto, não houve diferença nas concentrações de KIM-1 (P=0,25 ) e NGAL (P=0,16) entre os pacientes com NTA sem glomerulonefrite exsudativa em relação aos pacientes com glomerulonefrite exsudativa.
CONCLUSÃO: A Lesão renal aguda associada à NTAé frequente em pacientes com Síndrome Nefrótica. KIM-1 e NGAL mas não IL-18 foram capazes de discriminar necrose tubular aguda nesses pacientes.


TLO: 018

Avaliação da função renal em três regimes de imunossupressão após 6 meses de Transplante Renal

Autor(es): Alexandra Nicolau Ferreira; Claudia Rosso Felipe; Priscilla Sayuri Ueno; Pedro Guilherme Coelho Hannun; Luciana Wang Gusukuma; Hélio Tedesco Silva; José Osmar Medina Pestana

Hospital do Rim, Universidade Federal de São Paulo

INTRODUÇÃO: A função renal está associada à sobrevida do enxerto renal em longo prazo. A associação de Everolimo (EVR) com exposição reduzida dos inibidores de calcineurina (iNC) pode determinar uma função renal superior comparado com pacientes que recebem dose padrão de iNC associada a micofenolato (MPA).
MÉTODOS: Este é um estudo prospectivo, em centro único, com 288 receptores de transplante renal de baixo risco imunológico randomizados para receber: (G1, N=85) dose única de 3 mg/kg de timoglobulina , exposição reduzida de TAC( <5 ng/ml), e EVR (4-8 ng/mL) e prednisona; (G2, N=102) basiliximabe, exposição reduzida de TAC (6 ng/ml por 3 meses e posteriormente <5 ng/mL ), EVR (4-8 ng/mL) e prednisona; (G3, N=101) basiliximabe, TAC (6-8 ng/ml), MPA(1440 mg/dia) e prednisona. Nenhum paciente recebeu profilaxia para CMV. Esta análise avaliou a função renal em 6 meses, utilizando taxa de filtração glomerular (TFG) pelo MDRD. Uma última observação realizada foi utilizado para pacientes que morreram com enxerto funcionante. TFG = 0 foi atribuído a pacientes com perda do enxerto antes do 6º mês.
RESULTADOS: A idade média foi 44,6±13,3 anos, 66% homens, 52% brancos, 69% receptores de doador falecido. Não houve diferença na incidência de função tardia do enxerto (DGF, 48 vs. 53 vs. 45%, p=0. 3) ou na incidência de rejeição aguda confirmada por biópsia (8 vs. 20 vs. 14%, p=0. 08). No 6 º mês não houve diferença na média da creatinina (1,5±1,0 vs. 1,4±0,6 vs. 1,4±1,0 mg/dl, p=0. 54), na média da TFG (64±24 vs. 58±23 vs. 66±29ml/min, p=0. 06) e na média da concentração urinária de proteina (0,5±1,0 vs. 0,4±0,7 vs. 0,3±0,9 g/l, p=0. 5), respectivamente. Nos pacientes com DGF, menor TFG foi observada no G2 (67±28 vs. 48±24 vs. 63±35 ml/min, p=0. 03). Não houve diferença na TFG entre os pacientes com rejeição aguda confirmada por biópsia (56±26 vs. 46±22 vs. 71±45 ml/min, p= 0. 11) e infecção por CMV (78±22 vs. 55±29 vs. 68±30 ml/min, p=0. 38), respectivamente. A proporção de pacientes com TGF <50ml/min foi maior em G2 (24% vs. 38% vs. 24%, p=0. 033). Biópsias protocolares realizadas no 12º mês foram realizadas 86/181 pacientes (G1=31, G2=32 G3=23) e nefropatia crônica do enxerto foram observadas em 7(22%), 5(15%) and 4(17%) pacientes (p= 0. 76)
CONCLUSÃO: Esta análise preliminar sugere que a combinação de EVR com indução com timoglobulina apresenta função renal semelhante comparada em pacientes que recebem MPA.


TLO: 019

Paratireoidectomia altera a resposta hemodinâmica durante hemodiálise

Autor(es): Bruno Caldin da Silva; Vitor B Silva; Geraldo RR Freitas; Rosa MA Moyses; Rosilene M Elias

Universidade de São Paulo, Serviço de Nefrologia

INTRODUÇÃO: Hiperparatireoidismo secundário é comum entre pacientes renais crônicos em hemodiálise (HD) e contribui para o alto risco cardiovascular desta população. Paratireoidectomia (PTx) melhora o prognóstico destes pacientes a longo prazo. Entretanto, como o paratormônio (PTH) tem ação vascular e no controle pressórico, a resposta hemodinâmica resultante da ultrafiltração (UF) durante as sessões de HD pode se alterar após a PTx.
MÉTODOS Onze pacientes submetidos à PTx e 20 pacientes sem PTx prévia foram pareados para idade, sexo, cálcio, fósforo, uso de drogas anti-hipertensivas incluindo beta bloqueadores e dose de diálise. Monitorização hemodinâmica não invasiva foi realizada através do aparelho Finapress® antes e após a sessão de HD.
RESULTADOS O processo de UF promoveu uma esperada redução do débito cardíaco em ambos os grupos, expressa pela variação do índice cardíaco pós-pré HD (_IC) e que foi similar entre os grupos PTx e não PTx [-0,40 (-0,83, -0,15) vs. -0,83 (-1,38, -0,40) ml/min/m2, p=0,142, respectivamente]. A taxa de UF não foi diferente entre os grupos (11,3 ± 4,8 vs. 11,2 ± 4,2 ml/kg/h, p=0,944), assim como a composição de cálcio e bicarbonato no dialisato e o índice cardíaco (IC) pré HD (3,6 ± 0,6 vs 4,1 ± 1,0 ml/min/m2, p=0,122). Pacientes submetidos à PTx, quando comparados aos demais, tinham menor pressão arterial sistólica pré e pós HD (121 ± 16 vs 139 ± 25 mmHg, p=0,021 e 106 ± 23 vs 129 ± 24 mmHg p=0,016, respectivamente), além de menor pressão arterial diastólica pós HD (67 ± 12 vs 78 ± 14 mmHg, p=0,038). Analogamente, a UF promoveu um aumento na resistência arterial periférica (RAP) significante comparando pós-pré HD (_RAP) em ambos os grupos de pacientes. Porém, tal variação foi menor no grupo PTX [21,3 (86,9, 254,6) vs. 298,8 (174,7, 511,3) dyn. s/cm5, p=0,039]. Em modelo de regressão linear, _RAP foi dependente do Cálcio no dialisato (p=0,013), da PTx (p=0,033), e do _IC, ajustados para a taxa de UF, que juntos explicam 64% dessa variabilidade.
CONCLUSÃO:
Pacientes submetidos à PTx apresentam comportamento hemodinâmico diverso em relação aos demais pacientes, ao exibirem menor vasoconstricção sistêmica em resposta à UF, para uma mesma queda do IC. Este resultado sugere que taxas de UF normalmente toleradas por pacientes em HD podem ser excessivas para pacientes com PTx prévia.


TLO: 020

Progressão da lesão renal aguda para doença renal crônica em pacientes idosos

Autor(es): Gentil TMS; Assis LS; Amaral AP; Alvares VRCA; Scaranello KLS; Soeiro EMD; Barreto S; Castro I; Pereira BJ; Laranja SM

iamspe

INTRODUÇÃO: A incidência de doença renal crônica (DRC) está aumentando com o envelhecimento da população e também a proporção de pacientes idosos sobreviventes de lesão renal aguda (LRA).
OBJETIVO: verificar a associação de LRA e DRC em pacientes idosos que sofreram um insulto agudo prévio; avaliar fatores de risco para LRA associados ao desenvolvimento de DRC.
CASUÍSTICA E MÉTODOS: estudo clínico, observacional com pacientes que apresentaram episódio de falência renal durante internação acompanhados pela nefrologia no período de 4 anos. Inicialmente 1110 casos, sendo excluídos os que evoluíram a óbitos no intra-hospitalar e DRC5. Incluídos 207 pacientes relacionando a etiologia da LRA, uso de drogas vasoativas, ventilação mecânica, necessidade de diálise e co-morbidades associadas. O RFG foi calculado pelo CKD-EPI pela Cr de base, na internação, alta hospitalar e última dosagem. Nos pacientes sem LRA prévia foram avaliados os desfechos para óbito e evolução para DRC e aqueles que já tinham RFG < 60 ml/min estagiados e avaliados a progressão para outro estágio mais grave. Análise estatística foi realizada pelo SPSS, teste de qui-quadrado, correlação de Pearson e dados categorizados pela curva ROC. Os resultados descritos em médias, desvio padrão, porcentagense considerados significativos quando p<0,05.
RESULTADOS: A idade média 70,1±13,1 anos, 53,6% do sexo masculino, 83,3 %brancos, tempo médio de internação de 30,9±33 dias e acompanhamento intra-hospitalar de 9±8,7 dias, 64,1% hipertensos e 27,7% diabéticos. Maioria dos avaliados(63,8%) na enfermaria. A etiologia da LRA foram sepse (42,5%)e pós-renal(32,8%%); 16,4% necessitaram de diálise, 19,3% de drogas vasoativas e 14,5% de ventilação mecânica. O tempo médio de sobrevivência após alta foi 250 ± 294,3 dias. A etiologia da LRA não teve nenhuma participação significativa na mortalidadee necessidade de diálise. Quando realizada análise de regressão Cox, a taxa de sobrevivência extra-hospitalar também foi menor entre os pacientes com doença vascular e neoplasia. Os pacientes com DRC que pioraram função renal eram do sexo masculino (84,6%), internados em enfermarias (79,54%)e que tiveram sepse (67,1%) como causa de LRA.
CONCLUSÕES Houve maior progressão para DRC ou piora do estágio, pacientes idosos do sexo masculino internados na enfermaria e etiologia da LRA causada por sepse e causa obstrutiva, com menor sobrevida extra-hospitalar nos portadores de neoplasias e doenças vasculares.


TLO: 021

Um olhar para o esqueleto: quantificação de proteínas ósseas em pacientes com doença renal crônica

Autor(es): Patricia Taschner Goldenstein; Fabiana Graciolli; Rosilene M. Elias; Luciene dos Reis; Wagner Dominguez; Gisele A. Lins; Vanda Jorgetti; Rosa M. A. Moyses

Faculdade de Medicina da USP

INTRODUÇÃO: DMO-DRC é uma doença complexa, com várias incertezas em relação à sua fisiopatologia. Por isso, o estudo de novas técnicas que pudessem nos ajudar a entender esta doença são de fundamental importância. Demonstrou-se previamente a alta concentração sérica de inibidores da via Wint, como esclerostina (SCL) e Dickkopf 1 (DKK1) em pacientes com DRC. Além disso, mostrou-se, por imuno-histoquímica, uma alta expressão de SCL nesses doentes. No entanto, até o momento, a quantificação desta e de outras proteínas ósseas relacionadas à DMO-DRC não foi realizada.
MÉTODOS: Pacientes com hiperparatiroidismo secundário grave (HPTS) encaminhados à paratireoidectomia foram submetidos à biópsia óssea transilíaca com a análise histomorfométrica previa à cirurgia. Um lisado total de proteínas do osso foi obtido e SCL, DKK1, osteocalcina (OC) e osteoprotegerina (OPG) foram quantificadas por MILLIPLEX®, que também foi utilizado para medir a concentração das mesmas proteínas no soro.
RESULTADOS: Dezoito pacientes com idade entre 44 ± 13 anos, em diálise por um tempo médio de 60 meses, com PTH entre 6315418 pg /ml (média de 2124) foram incluídos. Todos os pacientes apresentaram padrão histomorfométrico de doença óssea de alta remodelação. Não houve correlação entre a mesma proteína no osso e no soro para qualquer proteína avaliada. AOC apresentou a concentração mais elevada no osso (mediana= 94 mg/g de proteína), seguido pela SCL (mediana= 0,8 mg/g de proteína). Pacientes com maior concentração óssea de DKK1 estavam em diálise há mais tempo, enquanto que aqueles com maior SCL óssea apresentaram também um fosfato sérico mais elevado, maior superfície óssea de reabsorção, e maior OC óssea. Pacientes com maior SCL no soro apresentaram menor OPG óssea.
CONCLUSÕES: Ao utilizar esta nova técnica, foi demonstrado a ausência de associação entre as concentrações de proteínas do osso e do soro. Nossos resultados sugerem que o fosfato do soro poderia estimular a Scl óssea, o que, por sua vez, aumentaria a reabsorção óssea. Além disso, uma maior concentração de SCL no soro inibiria a OPG óssea, também favorecendo o processo de reabsorção. No entanto, como apenas pacientes com HPTS grave foram incluídos, novos estudos são necessários. Nossos resultados preliminares mostram que esta técnica inovadora poderia contribuir para o entendimento da fisiopatologia renal da DMO-DRC.


TLO: 022

Biopsia renal percutânea em idosos: segurança do procedimento e análise clínico-patológica

Autor(es): Alcino P Gama; Igor D B Marques; Victor Sato; Liliany P Repizo; Simone C Lo; Ligia C Battaini; Luis Yu; Cristiane B Dias; Lecticia B Jorge; Viktoria Woronik

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

INTRODUÇÃO: A biopsia renal tem sido progressivamente mais indicada em pacientes idosos com doença renal. O objetivo deste estudo é relatar a experiência de um centro acadêmico com biopsia renal percutânea em idosos.
MÉTODOS: Dados clínicos de pacientes submetidos a biopsias renais em um único centro entre 2009 e 2013 foram analisados retrospectivamente. Entre os 668 sujeitos (feminino/masculino 394/274; idade 41±16anos) submetidos ao procedimento, 60 (8,9%) eram maiores de 65 anos (masculino/feminino 38/22; idade 72±6anos).
RESULTADOS: 11,7% dos idosos evoluíram com uma queda de Hb > 1,5mg/dl após o procedimento e não houve óbitos relacionados ao procedimento. A maior indicação clínica foi síndrome nefrótica (53%), seguido por injúria renal aguda/glomerulonefrite rapidamente progressiva (28%) e síndrome nefrítica (8%). O principal diagnóstico no grupo de idosos foi GESF (27%), seguido por glomerulonefrite membranosa (25%), glomerulonefrite pauci-imune (15%) e amiloidose renal (10%). Dentre os portadores de síndrome nefrótica, o diagnóstico mais comum foi glomerulonefrite membranosa (44%) e GESF (31%). Analisando o subgrupo portador de injúria renal aguda/glomerulonefrite rapidamente progressiva, o diagnóstico mais comum foi glomerulonefrite pauci-imune (47%), seguido por GESF (18%).
CONCLUSÃO: a biopsia renal percutânea é uma ferramenta segura e relevante para o manejo das nefropatias na população idosa e tal procedimento deve ser realizado sem limites de idade. Na população brasileira, a GESF possui uma prevalência elevada e este diagnóstico permanence relevante mesmo em faixas etárias não-usuais.


TLO: 023

Glomerulonefrite Membranosa Idiopática versus NefriteLúpica Classe V: achados clínicos, histopatológicos e desfechos renais

Autor(es): Alcino P Gama; Simone C Lo; Ana Paula C Lima; Cristiane B Dias; Luis Yu; Lecticia B Jorge; Viktoria Woronik

Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

INTRODUÇÃO: Sabe-se que o prognóstico renal na Glomerulonefrite Membranosa Idiopática (GNM) e na Nefrite Lúpica Classe V (NLV) é pior que o da população geral, mas não há dados que comparem estas duas entidades. O objetivo deste estudo é comparar o perfil clínico-patológico e o prognóstico renal dos doentes seguidos com estas patologias em um hospital terciário.
MÉTODOS: análise retrospectiva de todos os doentes com GNM (n=195) e NLV (n=164) submetidos a biopsia entre 1999 e 2011 em um único centro. 86 pacientes com GNM e 83 com NLV preencheram os critérios de inclusão (idade>18 anos e seguimento maior que 3 anos). O desfecho clínico avaliado foi taxa de perda de taxa de filtração glomerular estimada por ano de seguimento (_TFGe/ano) e a TFGe foi calculada pela fórmula MDRD.
RESULTADOS: O tempo de seguimento médio foi 8,0±2,8 anos no grupo NLV e 6,9±3,5 anos no grupo GNM. O grupo portador de NLV era mais jovem (33±10 vs 42±13 anos, p<0,0001) com maior proporção de sexo feminino (60 vs 10% p<0. 0001). Não houve diferença estatisticamente significativa de prognóstico renal entre os grupos (embora haja uma tendência de progressão mais rápida nos portadores de GNM): (_TFGe/ano 4,2±4,5 ml/min/ano para NLV e 5,6±5,6 ml/min/ano para GNM, p=0,2). A proteinúria (tanto no baseline quanto após 1 ano de seguimento) foi maior no grupo portador de GNM (baseline: 7,9±7,8 vs 4,4±4,2 g/dia, p 0,0005 e após 1 ano: 3,3±3,8 vs 1,4±2,4 g/dia, p 0,0003) e os níveis de hemoglobina no baseline eram maiores nos portadores de GNM (12,8±1,8 vs 11,8±1,9 mg/dl, p 0,0001).
CONCLUSÃO: A proteinúria do baseline e a proteinúria persistente (fatores prognósticos conhecidos para ambas as patologias) é mais evidente na GNM. Por outro lado, NLV costuma ocorrer em um cenário de inflamação sistêmica (o que justifica os níveis menores de hemoglobina neste grupo). Possivelmente, o efeito da magnitude da proteinúria na GNM é compensado pelo efeito da inflamação sistêmica na NLV, o que justificaria a ausência de diferença estatisticamente significativa entre as velocidades de perda de função renal durante o seguimento. Tais fatores devem justificar o pior prognóstico renal destas patologias quando comparado com a população geral (cerca de 1ml/min/ano).


TLO: 024

Lipotoxicidade aguda na leptospirose humana

Autor(es): Caroline Azevedo Martins; Maria Conceição B Santos; Patricia Burth; Mauro Velho Castro-Faria; Mauricio Younes-Ibrahim

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

INTRODUÇÃO: A leptospirose humana é uma doença infecciosa aguda, causada pela espiroqueta Leptospira sp, que apresenta como característica peculiar a presença de alterações agudas do metabolismo lipídico , especialmente dos ácidos graxos não esterificados (AGNE). Tais alterações previamente estudadas in vitro, sugerem que haja uma ação sinérgica da endotoxina leptospirótica GLP e do ácido oleico (AO) sobre a inibição da Na, K ATPase de diferentes tecidos. Estas alterações bioquímicas são acrescidas de: 1) de hipoalbuminemia, com a consequente redução da sua propriedade adsortiva; 2) de icterícia, onde há competição da bilirrubina pelos sítios hidrofóbicos da proteína.
MÉTODOS: Foi realizado um estudo de coorte observacional prospectivo em 28 pacientes internados com síndrome de Weil, as concentrações séricas de albumina (A) e AGNE (por HPLC) foram sequencialmente determinadas durante o período de internação. 20/28 pacientes se curaram (grupo 1) e 8/28 evoluíram para óbito (grupo2). A relação molar AO/A foi utilizada como biomarcador de lipotoxicidade e analisada por análise de variância múltipla com teste de Tukey-Kramer e Curva ROC .
RESULTADOS: Todos os pacientes com leptospirose apresentavam da relação molar AO/A elevadas na admissão hospitalar, em relação a indivíduos saudáveis. Não houve diferença entre as concentrações de albumina sérica, que se mostraram baixas nos dois grupos, nos diferentes momentos evolutivos da doença, inclusive na ocasião da alta hospitalar. Os pacientes do grupo 1 resgataram a normalidade da relação molar AO/A, o que não ocorreu com os pacientes do grupo 2. A análise por curva ROC mostrou AUC de 0.8684 (0.689 to 1,047), p = 0.0029 e cut-off de 0.7150, sendo associada a alta especificidade (87,50%) e sensibilidade (73,68%) com PPV 0.70 e NPV 0.94, para o prognóstico da leptospirosise.
CONCLUSÃO: 1- A albumina sérica não foi um marcador de prognóstico na leptospirose; 2- A relação molar AO/A apresentou correlação com a evolução clínica; 3- O resgate da relação molar AO/A foi correlacionado com o bom prognóstico clínico na leptospirose grave e pode ser utilizado como um biomarcador de lipotoxicidade aguda na infecção.


TLO: 025

Transplante renal pediátrico no Brasil

Autor(es): Clotilde Druck Garcia; Jose Medina Pestana; Suelen Martins; Paulo Cesar Koch; Luciana Feltran; Maria Camargo; Viviane Bittencourt; Roberta Rohde; Vandrea Souza; Ronaldo Esmeraldo; Rebeca Carvalho; Benita Schvartsman; Andrea Watanabe; Mario Abbud Filho; Ida Fernandes; Mariana Cunha; Liliane Prates; Vera Belangero; Eleonora Lima; Jose Penido; Claudia Andrade; Maria Fatima Gesteira; Vanda Benini; Simone Laranjo; Marcelo Tavares; Mariana Penido; Maria Helena Veisbich; Horacio Ramalho; Lilian Palma; Rejane Bernardes; Mario Wagner

ABTO

OBJETIVO: Em 2003 foi iniciado o registro multicêntrico voluntário de transplante renal pediátrico no Brasil. O objetivo é analisar os resultados destes 10 anos.
MÉTODO: Análise retrospectiva multicêntrica (13 centros) de dados de pacientes pediátricos que realizaram transplante renal de 01/01/2004 a 31/12/2013.
RESULTADOS: Neste período registramos 1747 transplantes renais pediátricos. A média de idade no momento do transplante foi de 11,6 + 4,6 (1 a 21) anos, 985 (56%) do sexo masculino. Etiologia da doença renal foi em 542 (31%) uropatias, 427 (24%) glomerulopatias, sendo 219 (51%) destas GESF. Doador foi falecido (DF) em 1151 (66%). A imunossupressão inicial consistiu principalmente de tacrolimo 1439 (82%) e ácido micofenólico 1026 (59%), a indução com IL2RAb 1401 (80%) e Timoglobulina 226 (13%) e livre de corticóide em 177 (10%). Houve 241 (14%) perdas do enxerto: recorrência da doença renal (n=27), trombose arterial ou venosa (n=55), morte com o enxerto renal funcionante (n=48). Houve 66(4%) óbitos de pacientes, 33 foram devido a infecção e 10 a doenças cardíacas.
A sobrevida (SV) enxerto censurado para morte: no 1a ano foi 92% e 5a ano 84%, SV com DV no 1o ano foi 95% e no 5o ano 89%, e com DF no 1o ano foi 91% e no 5o ano foi 79% . A ocorrência de perda do enxerto foi 1,71 [1,29-2,26] vezes maior no grupo DF comparado com o grupo DV (Log rank test p< 0,001)
CONCLUSÕES Analisamos 1747 transplantes renais pediátricos, número significativo, pois representa os centros mais expressivos do país. O transplante com DF ocorreu em 66%, mas a SV do enxerto foi superior quando utilizado DV. A principal causa de óbito foi infecção. Os resultados são comparáveis a registros internacionais. Nosso esforço tem conseguido manter um intercâmbio de informações, tanto entre os centros participantes como com outros registros internacionais.


TLO: 026

Alvo precoce da DRC: pontuação preditiva para identificar pacientes progressores rápidos para doença renal crônica

Autor(es): Ubiracé F. Elihimas Jr; Victor Lemos; Mariana Leão; Marcelo Pereira; Lucila M. Valente; Ricardo Maranhão; Helen S. Elihimas; Starck Souza; Yuri Meireles; Maria L. Guimarães; Jéssica Avelino; Manuella Silva; Igor B. Barros; Juvenal Moreira Maia Bisneto

Serviço de Nefrologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco -UFPE Recife /PE-Brasil

INTRODUÇÃO: O seguimento de pacientes com doença renal crônica (DRC) deve ser planejado em função do risco de progressão.
OBJETIVO: Construir escore preditivo, baseado em dados clínicos e laboratoriais, para identificar indivíduos com alta velocidade de progressão da doença renal crônica.
MÉTODOS: Estudo de coorte retrospectivo incluiu 332 prontuários de pacientes em tratamento conservador da DRC, com desfecho a terapia renal substitutiva ou evolução à classe V, entre janeiro de 2001 e abril de 2012. Os critérios de inclusão foram idade igual ou maior que 16 anos, submissão a, no mínimo, quatro consultas ou um ano de seguimento e classes III, IV ou V, em fase pré-terapia renal substitutiva, com registros admissional e de seguimentos anuais das variáveis de interesse. Consideraram-se variáveis demográficas a idade, gênero e cor da pele, clínicas o diagnóstico etiológico, peso corporal, pressão arterial, e laboratoriais a hemoglobina, hematócrito, glicemia de jejum, creatinina, cálcio, fósforo, paratormônio intacto, potássio e albumina, bem como desfecho clínico (terapia renal substitutiva ou evolução à classe funcional V).
RESULTADOS: Houve 52,0% de progressores rápidos, cujo tempo médio de seguimento foi menor (213 dias) que o dos lentos (597 dias) (p=0,001). Após o segundo ano, 87,58% dos pacientes alcançaram desfecho clínico. Com ponto de corte em 65 anos, a idade não contribuiu para a progressão. Houve sensibilidade de 69,8%, especificidade de 64,2%, taxa de concordância global de 70,2% e razão de verossimilhança positiva de 2,35. Os resultados deste estudo motivaram a construção e disponibilização na rede de internet de uma calculadora médica denominada Early goal CKD score, disponível no site http://www.earlygoalckdscore.com, para que qualquer pessoa possa calcular o risco de progressão rápida da DRC nos pacientes em tratamento conservador.
CONCLUSÃO: É possível baseado em dados clínicos e laboratoriais construir uma pontuação capaz de identificar indivíduos com alta velocidade de progressão da DRC.

Descritores: Falência renal crônica, Insuficiência renal crônica, Modelo preditivo, Taxa de filtração glomerular.


TLO: 027

Influencia da síndrome metabólica sobre o volume trabecular ósseo na hemodiálise crônica

Autor(es): Janaina da Silva Martins(1); João Henrique Castro(2); Barbara Perez Vogt (2); Rosa Maria Affonso Moysés(3); Luciene Machado Dos Reis(3); Jacqueline Teixeira Caramori(2)

(1) Universidade Estadual de Maringá
(2) Universidade Estadual Paulista-UNESP Botucatu
(3) Faculdade de Medicina da USP

CONCORRENDO AO PREMIO VANDA JORGETTI
INTRODUÇÃO: A diminuição do volume trabecular ósseo está associada ao aumento do risco de fraturas e da mortalidade cardiovascular em pacientes em hemodiálise (HD). Entretanto, fatores classicamente associados à osteoporose na população geral, como índice de massa corporal (IMC) e a síndrome metabólica (SM) não tem papel esclarecido na osteodistrofia renal.
OBJETIVO: Avaliar as relações entre a presença da SM e seus componentes sobre o volume trabecular ósseo (BV/TV) em pacientes estáveis em HD.
MÉTODOS: Estudo transversal que analisou BV/TV por histomorfometria óssea, e fez avaliações antropométrica, bioquímica e hormonal em pacientes maiores de 18 anos em diálise há pelo menos 3 meses. A analise estatística aplicou testes de Spearman, Mann Whitney e T test, além de modelos de regressão linear multivariada robusta.
RESULTADO: 55 pacientes (51% mulheres e 61,8% com SM), com idade média de 56,6±13,8 anos e 49 (6-304) meses de HD. O IMC foi de 26,6 kg/m2 (43,5-17,3 kg/m2), e a porcentagem de gordura corporal foi significativamente maior nas mulheres (36,16 vs 25,5 p<0,01). Não houve diferença significativa entre os portadores ou não de SM em relação aos valores de cálcio, fósforo, PTH, albumina, PCR, 25OHvitD, TSH, estrogênio, FGF23, esclerostina e osteocalcina, bem como quanto ao uso de quelantes de fósforo ou análogos de vitamina D.
A avaliação do BV/TV mostrou 69% de pacientes com volume trabecular adequado quanto ao gênero e idade e 31% revelaram baixo BV/TV. Os portadores de SM tinham significativamente maior BV/TV que os não portadores de SM (p=0,03). Pacientes com BV/TV adequado tinham maior IMC (27,1 vs 23,7 p=0,01), entretanto IMC isoladamente não correlacionou-se ao BV/TV (r2=0,03 p=0,24). A analise dos componentes da SM mostrou correlação entre LDL e maior número de traves ósseas (r2=0,28 p<0,05) e menor separação de traves (r2= -0,26 p<0,05) enquanto a fração HDL correlacionou-se inversamente com BV/TV (r2= 0,37 p<0,05).
A analise multivariada ajustada para idade e tempo de diálise mostrou que a presença da SM foi capaz de influenciar o BV/TV em 5% (p=0,005 IC95% 2,26-12,25).
CONCLUSÃO: Esse estudo constatou que o BV/TV foi influenciado positivamente pela presença da SM. Possivelmente, vias metabólicas hormonais sejam fatores mais relevantes que o IMC para a estrutura óssea na doença renal crônica.

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