J. Bras. Nefrol. 2017;39(4):413-23.

O fardo atual da infecção por citomegalovírus em receptores de transplante renal que não recebem profilaxia farmacológica

Claudia Rosso Felipe, Alexandra Nicolau Ferreira, Adrieli Bessa, Tamiris Abait, Priscilla Ruppel, Mayara Ivani de Paula, Liliane Hiramoto, Laila Viana, Suelen Martins, Marina Cristelli, Wilson Aguiar, Juliana Mansur, Geovana Basso, Helio Tedesco Silva Junior, Jose Medina Pestana

DOI: 10.5935/0101-2800.20170074

A infecção por citomegalovírus (CMV) no transplante renal mudou seu espectro clínico, principalmente devido à atual e mais efetiva imunossupressão. Na ausência de estratégias preventivas, está associado a significativa morbimortalidade.

Objetivo:

este estudo avaliou a incidência de eventos de CMV e seu efeito nos desfechos do transplante renal em receptores sem profilaxia farmacológica ou tratamento preventivo direcionado.

Resultados:

A coorte do estudo envolveu 802 receptores de transplantes de rim entre 30/04/2014 e 30/04/2015. A maioria recebeu indução com globulina anti-timocitária (81,5%), tacrolimus e prednisona em combinação com micofenolato (46,3%) ou azatioprina (53,7%). A incidência global de eventos de CMV foi de 42% (58,6% de infecção e 41,4% de doença). Os pacientes com CMV apresentaram maior incidência de rejeição aguda do primeiro tratamento (19 vs. 11%, p = 0,001), em comparação com aqueles sem CMV, mas sem diferenças na perda de enxerto, morte ou perda de seguimento. A incidência de função retardada de enxerto foi maior (56% vs. 37%, p = 0,000) e a TFGe a 1 (41 ± 21 vs. 54 ± 28 ml/min, p = 0,000) e 12 meses (50 ± 19 vs. 61 ± 29 ml/min, p = 0.000) foram menores em pacientes com CMV. A idade dos receptores (OR = 1,03), a sorologia negativa para CMV (OR = 5,21) e o uso de micofenolato (OR = 1,67) foram associados ao aumento do risco de CMV. As alterações na imunossupressão foram mais frequentes em doentes com CMV (63% vs. 31%, p = 0,000).

Conclusão:

a incidência de eventos relacionados a CMV foi alta e associada a maior incidência de rejeição aguda e alterações na imunossupressão. Além dos fatores de risco tradicionais, a função renal com 1 mês foi associada de forma independente à infecção por CMV.

O fardo atual da infecção por citomegalovírus em receptores de transplante renal que não recebem profilaxia farmacológica

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